Variações climáticas, aspectos naturais e ação humana favorecem degradação no semi-árido nordestinoIrauçuba. A degradação da Caatinga não faz um deserto só físico, mas social e econômico. As variações climáticas e atividades humanas degradadoras afetam o dia-a-dia e o futuro de famílias e do próprio espaço. Como 92% do território cearense está no semi-árido, o Estado praticamente todo fica sujeito a esse tipo de intempérie. E o que resta não está livre do problema.
Embora litoral e serras sejam áreas mais úmidas, podem ser atingidas da mesma forma, se regiões vizinhas sofrerem processo de desertificação.Estudo da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) estima que 15.130 quilômetros quadrados do território cearense, nos anos 1990, estavam associados a processos de degradação susceptíveis à desertificação. A área equivalia a 10,2% da superfície total do Estado.
Porém, de acordo com o técnico da Divisão de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Funceme, Roberto Bezerra Leite, hoje esse índice é bem maior. Segundo ele, não é possível chegar a um número exato porque outro estudo não foi feito, mas é bem possível que a área tenha dobrado nos últimos anos.Causas naturais e antrópicas (causadas pelo ser humano) favorecem esse crescimento, sendo que as principais são o fato de a maioria do Estado estar no semi-árido — o que representa presença de solos sujeitos à erosão — e atividades que prejudicam o solo, a vegetação e o que resta de manancial em períodos de escassez d´água.No Ceará, três áreas são as mais afetadas pela desertificação e aridez: Inhamuns, Médio Jaguaribe, Irauçuba e municípios vizinhos.
De acordo com o engenheiro agrônomo Roberto Leite, nos anos de 1990 as localidades já não estavam suportando as condições de sobrevivência. “Não se podia mais plantar como antes, havia sinais de rarefação da população, de migração”, diz.O estudo mostrou a ausência e escassez de vegetação nas áreas; a presença de erosão, com carreamento do solo ou em regos; a predominância de plantas invasoras que só ocorrem em áreas muito pobres; e maior ou menor quantidade de pedras, o que revela que o solo está minando e as pedras, aparecendo.
Além dos quatro Núcleos de Desertificação no Brasil (Gilbués, no Piauí; Cabrobó, em Pernambuco; Seridó, Rio Grande do Norte; e Irauçuba, no Ceará), há outras regiões com desertificações de ambientes subúmidos secos, áridos e semi-áridos. É o caso dos maciços da Meruoca, Serra do Machado e Acaraú.Segundo estudo dos pesquisadores Marta Celina Linhares Sales e José Gerardo Beserra de Oliveira, da Universidade Federal do Ceará (UFC), a solução para os problemas, pelo menos em Irauçuba, passa pelo manejo das áreas de pastagens nativas e pelo gerenciamento dos recursos hídricos, o que poderia levar à melhoria das condições de uso das terras.
Partes de reportagem da jornalista Marta Bruno, para o jornal Diário do Nordeste, publicada em 02/ Novembro/ 2008. Reprodução unicamente para divulgação.
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