segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Protocolo de Kyoto incentiva novas tecnologias

O Protocolo de Kyoto está gerando um benefício extra: os países que o assinaram aumentaram o ritmo de desenvolvimento de tecnologias mitigadoras do efeito estufa. Publicado em dezembro, um trabalho feito por pesquisadores do Centro de Economia Industrial (Cerna) da França e Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) esmiuçou todas as patentes tecnologicas amigas do clima entre 1978 e 2003.

Embora o acompanhamento de patentes não abarque toda a criação ou transferência de tecnologia, elas são um forte indicador desses fluxos. O resultado mostra que, após Kyoto, países signatários, como Japão e Alemanha, aceleraram as inovações na área, enquanto os que não aderiram, caso dos Estados Unidos e Austrália*, não exibiram diferença. Do lado dos emergentes, China, Coréia e Rússia surpreenderam com uma ótima performance. Os resultados do Brasil foram discretos.

O estudo abarcou patentes em 13 áreas relacionadas ao clima, sete classificadas em energia renovável (hidroelétrica, eólica, solar, biomassa, reaproveitamento de lixo, geotérmica e oceânica), além de destruição de metano, cimento ecológico, conservação de energia em edifícios, iluminação eficiente, injeção eletrônica e captura de carbono. No total, foram 273 mil patentes relacionadas a clima (cerca de 1% de todas as patentes) registradas em 76 países. As áreas que tiveram maior aceleração após Kyoto foram iluminação, lixo, eólica, biomassa e metano.

Três países concentram dois terços das inovações na área climática, medidas por patentes registradas. Disparado na frente vem o Japão, seguido por Estados Unidos e Alemanha. Sozinho, o Japão é líder em 12 dos 13 setores estudados e produz quatro vezes mais patentes, gerando 40,8% do total, contra 12,8% dos Estados Unidos e 12,7% da Alemanha. O quarto, quinto e sexto lugares pertencem à China, Coréia e Rússia com, respectivamente, 5,6%, 4,6% e 4,2% dos registros. O Brasil está em décimo, com apenas 1,1%. Perder para a gigantesca China ou para a vigorosa Coréia, vá lá. Mas levar uma goleada de um país conturbado como a Rússia deveria ser motivo para reflexão.

Reportagem do Jornalista Eduardo Perugier para o EcoJornal https://www.oeco.com.br/ Reprodução unicamente para divulgação. Diretos autorais reservados.

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