domingo, 19 de abril de 2009

Dia do Índio

Hoje, data em que é comemorado o Dia do Índio, uma etnia na região do Cariri ainda mantém seus costumes. “A minha avó foi pegada a ‘dente de cachorro’ no pé da serra do Crato”. A afirmação de Raimundo Aniceto, líder da Banda Cabaçal “Irmãos Aniceto”, é uma das mais fortes lembranças da presença dos índios Cariri na região. As origens dos integrantes da banda são confirmadas por historiadores, entre os quais, Pablo Assumpção Barros Costa, autor do livro “Aniceto, Quando os Índios Dançam”.

“Mais do que isso: o biotipo, as danças, trejeitos, lendas, crendices, usos e costumes dos nossos ancestrais estão presentes no dia-a-dia dos caririenses”, diz a arqueóloga Roseane Limaverde, diretora da Fundação Casa Grande Memorial Homem Cariri, uma Organização Não Governamental, que estuda a origem do Homem Cariri. Roseane garante que a música e a coreografia da Banda Cabaçal têm raízes nos costumes indígenas.

Na verdade, a história oficial pouco fala sobre os Cariri. A Igreja da Sé, por exemplo, no Crato, foi construída sobre um cemitério indígena, em um desrespeito contra um direito de todas as sociedades humanas: a prerrogativa de enterrar, com dignidade, seus entes queridos.Hoje, quando se comemora o Dia do Índio, os pesquisadores correm atrás do prejuízo histórico. Os últimos remanescentes dos índios Cariri foram localizados no Sítio Poço Danta, a 25 quilômetros da cidade. A comunidade Cariri é formada por 50 famílias que mantém hábitos semelhantes aos de seus ancestrais.

Eles vivem da pesca tradicional no Açude Thomás Osterne e da agricultura de subsistência, sendo que o milho continua como base da alimentação. Produzem também objetos de cipó (cestos, balaios), utensílios de barro (potes, panelas) e remédios tradicionais utilizados em seu dia-a-dia. Muitos deles, derivados da imburana, da quinaquina, do alecrim, da malva-corama, da erva cidreira, entre outras espécies.

A Fundação Casa Grande ainda não fez nenhum estudo sobre esta provável comunidade indígena. A diretora Roseane Limaverde, que tem um trabalho sobre os índios do Cariri, disse que ainda não teve oportunidade de conhecer a comunidade, no entanto, lembra que a Fundação Casa Grande encontrou inscrições rupestres em Santa Fé, o que indica, segundo ela, a presença de índios naquela região.

Reportagem do Jornalista Antonio Vicelmo para o Caderno Regional do Diário do Nordeste, data de hoje, quando se comemora o Dia do Indio. Vale a pena conferir. Reprodução unicamente para divulgação.

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