O curioso é que, enquanto se ouviam os relatos da escabrosa armação anti-ambiental e anti-climática do governo e do Congresso, do suspeito e conivente silêncio da oposição, secretários de vários estados amazônicos mostravam as iniciativas estaduais de elaboração de políticas climáticas, combate ao desmatamento e busca de uma economia regional sustentável. Fora o governo de Rondônia, onde a desgovernança ambiental e florestal é total, os outros tinham algo positivo a mostrar.
O secretário de Meio Ambiente de Mato Grosso, Luiz Henrique Daldegan não destoou. Defendeu políticas firmes de controle do desmatamento, que o Brasil lidere em Copenhague o processo de inclusão das florestas no acordo climático e mostrou uma série de iniciativas que podem mudar o quadro de desmatamento no estado. Ele me garantiu que tudo o que disse tem o apoio do governador Blairo Maggi, também muito ativo na discussão com o o grupo de estados liderados pela Califórnia, de políticas comuns de mitigação das emissões de gases de efeito estufa. Maggi tem participado ativamente do Fórum dos Governadores da Amazônia, que quer assumir a liderança na formulação de uma política para a Amazônia sustentável.
Vou me abster de tentar compreender e explicar o reacionarismo ambiental do Governo Federal. Só me assaltam à mente explicações impublicáveis. Quanto ao Congresso, não há mistério algum. Sob o olhar complacente dos ambientalistas da base governista e com o silêncio cúmplice dos partidos de oposição, os ruralistas tomaram todos os postos-chave para controlar as decisões ambientais no Poder Legislativo. É precisar deixar claro que entre os ativistas da reação anti-ambiental há tucanos e demos. O silêncio não é, portanto, unânime. Há conivência ativa do PSDB e do DEM, também.
O governo brasileiro decidiu marchar aceleradamente na contra-mão, investindo no retrocesso. A bancada ruralista está aproveitando essa atitude palaciana e vê nela a indicação da fraqueza da área ambiental. Essa circunstância define, inegavelmente, o momento para um ataque maciço contra os fundamentos da política ambiental e a perspectiva de avanço.
Da mesma matéria do ecojornal O ECO http://www.oeco.com.br/ . De autoria do Professor Sergio Abranches, Mestre em Sociologia pela UnB, PhD em Ciência Política pela Universidade de Cornell e Professor Visitante do Instituto Coppead de Administração, UFRJ. . Reproduzida unicamente para divulgação.
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