Uma cultura centenária vai receber novo impulso no interior do Estado do Ceará, nordeste brasileiro. O cultivo do café de sombra, que há mais de 150 anos faz parte da cultura agricultores do Maciço de Batiruté, a 100 quilômetros de Fortaleza, vai ganhar força com a implantação da "Mini-indústria de Torrefação de Café Ecológico", prometida há mais de dois anos.
Inicialmente, o projeto vai beneficiar 130 agricultores e agricultoras de sete municípios do Maciço de Baturité, entre eles, Redenção, Guaramiranga e Mulungu, onde ficará a sede da mini-indústria. De acordo com o presidente da Associação dos Produtores Ecológicos do Maciço de Baturité (Apemb), Marcos Arruda, após a implantação das máquinas recém-chegadas a Fortaleza, os participantes por um período de capacitação que os ajudará a manusear as máquinas de moenda e torrefação, além de auxiliá-los na gestão dos negócios.
A implantação da mini-indústria é uma grande conquista para os agricultores da região. Juntamente com o Centro de Educação Popular em Defesa do Meio Ambiente (Cepema), entidade responsável pela assessoria técnica do projeto, há anos as pessoas que moram de Baturité vêm trabalhando para a implementação de políticas públicas que dêem sustentabilidade ao cultivo do café na região, conforme explicou Adalberto Alencar, assessor técnico da Fundação Cepema.
Segundo ele, logo que entrar em pleno funcionamento, a mini-indústria terá capacidade de torrar cerca de 20 toneladas de café por mês, o que deixará a empresa apta a atender a demanda de toda a população local.
A expectativa é que, em seis meses, a população local deixe de comprar café fabricado outras indústrias e passem a consumir o café ecológico, cultivado, torrado e empacotado na própria mini-indústria. Além de um preço melhor, os moradores de Baturité ganharão também na qualidade do produto, já que todo o café será produzido sem o uso de agrotóxicos maléficos à saúde.
Com a instalação do projeto, espera-se também que haja a ampliação das vendas para o mercado nacional e até internacional. A idéia é que em 2009 a empresa volte a escoar os produtos para o exterior como aconteceu em 1996 e 1997, quando a Apemb, com a ajuda da Cepema, exportou parte de seus produtos para a Suíça.
Dessa vez, entretanto, o café que deve ir para o mercado internacional terá uma nova cara. Ao invés do café ecológico em grão natural, agora o produto sairá de Baturité torrado, empacotado e carregando o selo internacional de "Fair Trade", que, além de garantir a qualidade do café ecológico, comprova sua inserção na rede de comércio justo.
Também estão nos planos dos sócios da mini-indústria o lançamento da marca "Café da Floresta", prevista para entrar no mercado em junho de 2008. Adalberto explica que após a consolidação da mini-indústria, o ideal é que cada produtor crie a sua própria marca de café e possa vendê-lo diretamente para o consumidor. Dessa forma, além da autogestão, os agricultores poderão praticar o comércio justo na região serrana.
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