O Festival Música na Ibiapaba, que começa amanhã em Viçosa do Ceará, chega à sua sexta edição com atrações mais populares, mas mantendo o foco na formação de jovens músicosHoras e horas de estudo em plenas férias? Para as centenas de alunos que se deslocam até Viçosa do Ceará, para participar do Festival Música na Ibiapaba, a proposta passa de inconveniente a alvissareira.
Pelo sexto ano consecutivo, o evento oferece a chance de participação em oficinas com instrumentistas reconhecidos no cenário cearense e convidados de outros estados. Uma oportunidade rara, em um formato de ´imersão´ consagrado nos festivais de música erudita, mas aplicado à música popular, nos dias e noites de música em Viçosa.No ano passado, o festival foi sacudido por uma ruidosa mudança de direção.
A musicista paulista Consiglia Latorre - responsável pela implantação do evento lançado pelo Centro Dragão do Mar durante a gestão de Cláudia Leitão na Secretaria de Cultura e de Lúcio Alcântara no Governo do Estado - foi afastada da coordenação pedagógica do evento, já no segundo ano do governo Cid Gomes, com Auto Filho como titular da Secult.
Conforme o Caderno 3 mostrou em primeira mão, Consiglia reclamou de ´desrespeito´ por parte do Dragão, dizendo-se ´indignada e perplexa´ por ter sido afastada, segundo ela, sem nenhum comunicado oficial.´Fiquei, por um lado, muito triste. E por outro indignada, pelo grau de desrespeito, tanto pessoal quanto profissional. Nunca soube notícia concreta de nada. Nunca ninguém conversou comigo, desde que terminou o festival do ano passado. Não sei o motivo do veto. Não recebi sequer um telefonema´, declarou Consiglia, na ocasião.
Já a diretora-presidente do Dragão do Mar, Maninha Morais, justificou as mudanças como uma ´democratização do evento´ e ressaltou ter autonomia para mudar a direção: ´O projeto é do Dragão do Mar. É uma política pública do Estado, e portanto a direção geral do festival tem toda a autonomia pra fazer essa mudança. A Consiglia deu a contribuição dela e poderá dar ainda em outros momentos, mas é saudável para o festival que essas mudanças venham a acontecer´.
À parte a discussão de bastidores tornada pública, o festival prosseguiu, mesmo com um clima de expectativa, por parte dos alunos, quanto às mudanças que viriam. Particularmente, quanto a alguns professores, de outros estados, que, ligados à coordenação do festival até então, não mais viriam ao evento. Outros mestres foram agregados à grade de oficinas, e o festival seguiu no mesmo formato, voltado a atividades de formação, por meio de oficinas de diversos instrumentos e gêneros musicais.
Entre as mudanças, além de alguns professores, a opção por focar o público-alvo em estudantes de música de nível médio e avançado, não mais contemplando o nível básico. A coordenação passou a ser exercida por três professores: Angelita Ribeiro, Lucile Horn e Marcos Maia. A edição 2008 teve ainda homenagens aos 100 anos de Cartola e aos 50 anos da Bossa Nova.
Matéria de Dalwton Moura, do Diário do Nordeste.
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