A realização de expedições e o interesse em colher informações sobre recursos naturais e populações indígenas permeiam a ocupação do "novo mundo". No Brasil, a chegada da Família Real portuguesa abriu caminho para a realização de expedições estrangeiras, apoiadas pelo Estado."Com a vinda de D. João VI e da Corte Portuguesa para o Brasil, em 1808, houve a liberação do acesso de naturalistas ao amplo e desconhecido território brasileiro, após séculos de repressão e segredo das autoridades coloniais, desejosas de resguardar os seus recursos naturais da cobiça dos países mais desenvolvidos", aponta o pesquisador cearense Melquíades Pinto Paiva, autor do livro "Os Naturalistas e o Ceará".
A primazia da razão e a possibilidade do conhecimento do outro, defendidas pelo Iluminismo, animavam a formação de instituições de cultivo das ciências, da cultura e das artes nos principais centros europeus, tendência seguida pelo Brasil para se inserir na comunidade internacional.
Em 1856, foi a partir do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), então a principal instituição científica do Brasil, que surgiu a ideia de enviar às províncias do Norte a primeira expedição formada apenas por brasileiros. Defendia-se que muitas das impressões dos estrangeiros eram baseadas em visões pré-concebidas de uma "terra exótica". Procurava-se, assim, sair da posição de fornecedor de exemplares a serem pesquisados para a de produtor de conhecimento. "Com a criação da Comissão Científica, o governo imperial tentou alcançar os seguintes objetivos: provar a capacidade de organizar e manter em ação uma expedição científica constituída somente por naturalistas brasileiros; mostrar ao mundo, dito civilizado, o apreço institucional e oficial pelo desenvolvimento das ciências; direcionar esforços no sentido de melhor conhecer regiões do Brasil de pouco interesse dos naturalistas estrangeiros que nos visitavam e conduziam suas expedições; melhor conhecer a natureza e os recursos das províncias do Nordeste do Brasil, a começar pelo Ceará", comenta Melquíades Pinto Paiva.
Fonte Caderno Regional do Diário do Nordeste
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