Na jurisdição do Ceará, que inclui áreas dos Estados do Piauí e Paraíba, há imóveis operacionais e não operacionais da extinta Rede Ferroviária Federal. Os que estão em funcionamento foram transferidos para o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) e estão sob a guarda da empresa Transnordestina Logística. A maior parte, cerca de 1500, passa por um processo demorado, desde maio de 2003, de levantamento a fim de ser encaminhada à Secretaria de Patrimônio da União (SPU). Os prédios sofreram destinação diversa após a privatização do sistema ferroviário federal.Até 2003 a determinação era alienação do patrimônio, isto é, venda dos imóveis não operacionais. Antigas estações de trem e galpões foram adquiridos pelos municípios. Alguns permanecem fechados, pertencentes ao patrimônio da União, outros já são utilizados pelas Prefeituras, mas há aqueles que aguardam transferência para o município.Iguatu comprou, em 2000, uma área de 1.485m quadrados, que inclui um galpão da antiga estação de trem. Em 2006, a administração quitou débitos remanescentes, mas aguarda até hoje a transferência da propriedade. "A demora nesse processo de inventariança traz prejuízo e atrasa a implantação de projetos culturais", observa a procuradora jurídica do município, Juliana Dantas. "O município comprou o imóvel, mas não pode exercer o seu direito constitucional de propriedade", diz.
A idéia inicial era implantar uma escola de música popular, mas o atraso obrigou a Prefeitura a construir um novo imóvel. Atualmente, o galpão está funcionando como arquivo provisório do INSS, enquanto a sede do órgão passa por reforma. Antes, já foi ocupado por famílias vítimas de enchente. "O nosso objetivo é implantar o museu histórico do município", revela a secretária de Cultura, Diana Mendonça. "Estamos aguardando a liberação do imóvel".
O prédio principal da antiga estação de trem é ocupado parcialmente com dois escritórios que dão apoio aos maquinistas, abastecimento das locomotivas de transporte de carga e serviço de manutenção da rede ferroviária. No dia-a-dia são apenas dois funcionários em atividade burocrática. O restante das salas estão ociosas ou servindo de depósito. Na área externa também se observa a redução do ritmo de trabalho, bem diferente da época áurea do serviço férreo. "A plataforma ficava repleta de funcionários, passageiros, vendedores", lembra o aposentado, Francisco Oliveira Paes. "Hoje está um vazio que dói no coração".
Fonte: Diário do Nordeste
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