Voltou a chover no Cariri, uma chuva irregular que variou de 10 a 70 milímetros. Apesar da terra molhada e do pasto verde, os agricultores estão perdendo a esperança de um bom inverno. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato, José Ildo, afirma que a perda nas plantações de arroz, milho e feijão gira em torno de 30%. Os pequenos açudes estão com o mesmo volume d´água do ano passado. "Está se caracterizando uma ´seca verde´", antevê o sindicalista.
No Crato, alguns agricultores devolvem as sementes do programa Hora de Plantar ao Governo porque, segundo José Ildo, não dá mais para esperar o inverno. É o caso do pequeno produtor Juarez Ferreira Leite, residente no Distrito de Ponta da Serra, que vai devolver 80 quilos de milho. Há muitas terras tombadas que não receberam o plantio, porque não há umidade suficiente para germinação.As chuvas são esparsas e irregulares. Ontem, por exemplo, foram registrados 9mm de precipitações na sede de Brejo Santo. No Distrito de Esperança, a 8km, a chuva foi de 70mm. Estas informações confirmam as previsões da Funceme, que anunciou um inverno abaixo da média com chuvas esparsas que variam de intensidade de um município para o outro.
Nos municípios de Penaforte, Jati, Brejo Santo, Abaiara, Jardim e Missão, algumas roças de feijão e milho estão morrendo em consequência da escassez de chuvas. O agricultor Francisco Barros, do Sítio Retiro, município de Penaforte, perdeu mais da metade das 10 tarefas de feijão plantadas em janeiro.O quadro é desolador. O feijão, já iniciando a vagem, está morrendo. O milho vai no mesmo caminho. "Só vai sobrar o jejum da Semana Santa", diz seu Francisco, lamentando que espera colher, no máximo, um saco de 60 quilos de feijão.
O agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ematerce), Ernane Rocha, admite que existe perda no campo. Porém, não é possível dizer o percentual. Alguns sindicalistas estão falando em 50%. Ernane garante que, a partir dessa semana, será feito um levantamento oficial.Ele confirma também a informação de que existe muita terra tombada que não foi utilizada para o plantio. O produtor, segundo orientação da Ematerce, só plantou 60% das sementes. Os outros 40% estão esperando a consolidação do inverno.
Fonte: Caderno Regional/ Diário do Nordeste
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