O que antes era só especulação agora virou fato: neste domingo, 24 de outubro, o Rio Negro atingiu 13,63 cm de vazante e bateu um recorde que nos permite afirmar, de acordo com informações do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) do Ministério de Minas e Energia (MME), que estamos diante da pior seca já registrada na história da Amazônia Ocidental, desde 1902. De acordo com Daniel Oliveira, engenheiro hidrólogo do CPRM, o rio pode baixar ainda mais nos próximos dias.
Esta informação foi confirmada por pessoas com as quais a reportagem de ((o)) Eco teve acesso. “Tá baixando e vai baixar mais ainda”, contou Beto Santos, comerciante que há dez anos administra um pequeno restaurante na Praia da Lua, a preferida da população local de Manaus para os chamados “banhos” aos finais de semana. Ao chegar na cidade não resisti e fui até a Marina do Davi, de onde saem barcos para esta praia, banhada pelas águas do Rio Negro.
Queria vê-lo com meus próprios olhos e antes que pudesse sair do táxi munida de minha câmera e meu bloco, o Beto se aproximou e falou sobre a seca. “Aquele mundão de água acabou”. E como fica o seu trabalho na Praia da Lua, Beto? “Não é mais da lua, é da lama. Teve o tempo bom para a gente, agora veio o tempo ruim”.
Enquanto ele falava eu anotava o que dizia e não pude deixar de olhar, vez ou outra, ao cenário às suas costas: um imenso vazio de areia, lama e lixo. Onde está o rio Negro com cor de chá mate? Pelo menos naquelas bandas, não existe mais. Sua água está mais lamacenta e barrenta do que a do rio Solimões.
Desci do táxi e o que me esperava era um imenso barranco, cujos flutuantes tocavam a areia, suspensos pelo Açacu, ou Hura crepitans, um tipo de madeira cuja tora fica abaixo dos chamados flutuantes. Casas suspensas sobre ela não afundam e acompanham cheias e vazantes. Neste caso, todas estavam no chão ao lado de vários tipos de entulho que jogam para dentro deste rio e que agora se encontra ao ar livre para quem quiser ver: são milhares de garrafas pet, bancos de madeira, pedaços inteiros de barcos, motores velhos. Não seria esta uma ótima oportunidade de trabalho para a prefeitura de Manaus? Na seca, bem que este monte de lixo poderia ser recolhido. O cenário que eu vi, você vê a seguir.
Ano passado o mesmo Rio Negro inundou ruas do centro de Manaus, no Amazonas, ao bater outro recorde – a maior cheia já vista - ao atingir 29.77 cm. E, neste ano, eis a maior seca já registrada. Pensar nas mudanças climáticas tem sido corriqueiro ultimamente, mas pesquisadores argumentam que não é bem assim.
Antonio Manzi, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), explica que não é possível relacionar uma coisa à outra de maneira definitiva. “Em 1953 tivemos uma cheia da mesma magnitude de 2009 e em 1963, uma seca nos níveis de 2010. Isso não quer dizer, no entanto, que não tenha havido aí uma contribuição das mudanças climáticas globais. Elas podem ter intensificado a cheia e a seca mais recentes, embora este seja um fenômeno natural”, explica.
Rafael Cruz, da campanha da Amazônia do Greenpeace, concorda que não se pode aliar a cheia e a seca históricas às mudanças climáticas. No entanto, adverte: "Esta situação dá a foto do que vai acontecer com a Amazônia se não diminuirmos as emissões de carbono no mundo".
Rios que abastecem comunidades rurais estão reduzidos a pequenos cursos ou leitos tomados pela lama. A população sofre também com a falta de água potável, pois nem todas as vilas contam com poços profundos. Sem transporte, certos produtos (como os que são vendidos em supermercados) não chegam às comunidades. De acordo com Caio de Souza, um barqueiro que trabalha na Marina do Davi, perto da praia de Ponta Negra, em Manaus, apesar da situação difícil, na seca não falta peixe na Comunidade do Livramento, onde vive com sua família. “Com pouca água, os peixes se disperçam menos e fica mais fácil pescar”, conta.
No Solimões, a vazante este ano também foi a maior já registrada, 86 centímetros negativos, em 12 de outubro. No entanto, nos últimos dias o nível do Alto Solimões voltou a subir. Ao longo do rio Amazonas, o CPRM também registra níveis inéditos. Em todo o estado, cerca de 40 municípios decretaram situação de emergência. Segundo informações da Defesa Civil, mais de 60 mil famílias foram atingidas.
Antonio Manzi, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), explica que não é possível relacionar uma coisa à outra de maneira definitiva. “Em 1953 tivemos uma cheia da mesma magnitude de 2009 e em 1963, uma seca nos níveis de 2010. Isso não quer dizer, no entanto, que não tenha havido aí uma contribuição das mudanças climáticas globais. Elas podem ter intensificado a cheia e a seca mais recentes, embora este seja um fenômeno natural”, explica.
Rafael Cruz, da campanha da Amazônia do Greenpeace, concorda que não se pode aliar a cheia e a seca históricas às mudanças climáticas. No entanto, adverte: "Esta situação dá a foto do que vai acontecer com a Amazônia se não diminuirmos as emissões de carbono no mundo".
Rios que abastecem comunidades rurais estão reduzidos a pequenos cursos ou leitos tomados pela lama. A população sofre também com a falta de água potável, pois nem todas as vilas contam com poços profundos. Sem transporte, certos produtos (como os que são vendidos em supermercados) não chegam às comunidades. De acordo com Caio de Souza, um barqueiro que trabalha na Marina do Davi, perto da praia de Ponta Negra, em Manaus, apesar da situação difícil, na seca não falta peixe na Comunidade do Livramento, onde vive com sua família. “Com pouca água, os peixes se disperçam menos e fica mais fácil pescar”, conta.
No Solimões, a vazante este ano também foi a maior já registrada, 86 centímetros negativos, em 12 de outubro. No entanto, nos últimos dias o nível do Alto Solimões voltou a subir. Ao longo do rio Amazonas, o CPRM também registra níveis inéditos. Em todo o estado, cerca de 40 municípios decretaram situação de emergência. Segundo informações da Defesa Civil, mais de 60 mil famílias foram atingidas.
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