Apesar de constar como uma importante fonte de renda para parques nacionais, o turismo quase nunca supera os gastos mensais de uma unidade, salvo raras exceções. Esses recursos extras podem sair, por exemplo, de pagamentos por serviços ambientais ou pela permissão de fiações elétricas dentro das áreas. “O sistema vai além do turismo, é também repositório de bancos genéticos, capaz de gerar produtos farmacêuticos etc”, explica Menezes, para depois dizer que parques como o da Tijuca ou Iguaçu têm potencial para arcar com seus custos mensais sem precisar de injeções de externas capital.
Mas há casos em que o turismo faz a diferença, no exterior, é claro. Na África do Sul, a atividade sustenta 80% de todas as contas de uma unidade de conservação. Só o Kruger Park, um dos mais conhecidos, é capaz de se manter e também ajudar outras zonas protegidas no entorno. “É o efeito guarda-chuva, que poderia ser usado aqui no Brasil também”, diz Mourão. Já no Quênia, um exemplo de zelo com a natureza, os visitantes zeram os custos das áreas protegidas. Realidade bem distante, por exemplo, do Parque Nacional dos Veadeiros (GO). Lá, os vinte mil turistas anuais geram cerca de 60 mil reais em receita. Os custos estimados para a manutenção da área são mais de dez vezes superiores.
O parque mais antigo do país, em Itatiaia, também recebe turistas em número menor do que poderia, apesar das boas condições. Por isso, Daniel Toffoli, membro da Câmara Técnica de Montanhismo e Ecoturismo da unidade, lidera a reabertura de travessias e trilhas desde 2006 para os esportistas. “Na década de 1960, o governo militar fechou todos os abrigos de montanha do Parque da Serra dos Órgãos (RJ).
Em Itatiaia, eles começaram a ser abandonados a partir da década de 40 e o volume de visitas caiu muito, com curva acentuada nos últimos vinte anos. Agora, conseguimos reabrir vários caminhos e criamos regras de segurança. Graças a isso e à revitalização do centro de visitantes, o turismo cresceu 20% desde 2007”, conta. Como se vê, é possível tornar as áreas naturais um destino para muitos mais brasileiros. Belezas cênicas e contato direto com a natureza selvagem há de sobra. O que falta é infra-estrutura dentro e no entorno das unidades, assim como técnicos e guias especializados, obrigatórios apenas em casos ou para públicos específicos. Além, é claro, de boas doses de propaganda.
O resumo da história fica por conta de Brett Myrdall, diretor do Parque Nacional da Montanha da Mesa, o mais famoso da África do Sul. “Eu sou primeiramente um operador turístico. Se for bem sucedido nesta operação, tenho os recursos e o apoio político necessários para conseguir manter a biodiversidade no meu parque. O resto é ilusão”.
Ótima reportagem do Jornalista Felipe Lobo, no Jornal O ECO. Vale a pena conferir.
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