segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Mesmo irregular, a José Avelino é lotada


Começa à noite do sábado e só acaba após o almoço da segunda-feira. Quem tem ponto fixo paga e chega quando acorda, sem pressa. Quem não, madruga. A feira antes comum aos domingos-segunda enche a Rua José Avelino e imediações.

Ninguém conhece você, mas todo mundo puxa assunto: “Vamos lá, amiga, ver as calcinhas?”. Os preços não ultrapassam os vinte reais (quando são três peças em promoção) e são alardeados pela rua. Sacoleiros, turistas e curiosos se esgueiram pelos corredores ao ar livre, cuidam não pisar as lonas.


A feira de rua em frente à Catedral Metropolitana de Fortaleza começa ao redor da igreja e segue a rua Conde D’eu até a José Avelino, onde também se estende e quase chega ao Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. O movimento intenso, antes mais comum às segundas e quintas-feiras, agora começa aos domingos.


“Gente, que feira é essa!”, deixa escapar a turista e florista paulista Dorothy Ângelo, de 55 anos, desavisada. Está surpresa, explica, porque os preços são muito bons e porque a variedade de artigos em confecção encanta. “Gostei mais do que a 25 (de Março, rua de comércios mais em conta localizada à capital paulista)”, confessa. Ao redor de si, quase não se vê o chão da José Avelino, tomado pelos ambulantes de alto a baixo.


A ocupação do espaço público para atividades privadas, no entanto, é irregular. Mas, até hoje, não foi regularizada pela Secretaria Executiva Regional do Centro de Fortaleza (Sercefor). Conforme a assessoria do órgão, as pesquisas em campo ainda estão em andamento. Depois dessa fase, é a hora da negociação, com vistas à solução definitiva – quiçá o camelódromo.


Também por meio da assessoria, a Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania (AMC) informa: a operação nos arredores da rua José Avelino começa ao meio-dia de domingo e segue até o meio-dia de segunda-feira. A mesma operação acontece às quartas e quintas-feiras.


Os motoristas à rua Conde D’eu, em dia de feira, enquanto a fiscalização não chega, dispõem duma faixa para tráfego sentido Centro/Praia de Iracema. As outras duas estão ocupadas pela fila dupla e pelas barracas comerciais. A da Lurdes Moura, de 47 anos, por exemplo, fica em frente ao estacionamento do Mercado Central e até cartão de crédito aceita. “Chegamos às quatro horas da manhã de domingo para marcar esse lugar”, explica a comerciante.


É certo


Conforme a também comerciante Tatiana Silveira, de 25 anos, a feira está certa. “Atrapalha o trânsito mas não é todo dia. Se tivesse lugar pra todo mundo, onde vendesse como aqui, tudo bem. Mas precisa arranjar”, opina. A Tatiana revende em Caucaia, onde vive, as compras feitas em Fortaleza. “Venho direto pra cá. Não perco tempo indo a outros lugares. É preço de fábrica e tem muita opção”, defende.


ENTENDA A NOTÍCIA


A rua José Avelino é Patrimônio Material de Fortaleza, mas é tomada pela feira das confecções. Em fase de estudo da situação, a Prefeitura ainda não começou a negociação com os ambulantes.

Janaína Brás janainabras@opovo.com.br

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