Quanto à origem dos primeiros habitantes da região do Cariri, uma hipótese afirma que, por meio de uma tortuosa e demorada migração, alguns grupos indígenas desceram pela margem do Rio Amazonas e subiram pelo Tocantins. Detidos pelas águas do Rio São Francisco, ocuparam a vasta área ao seu lado, onde se estruturou uma nação Tapuia, que chegou ao sul cearense nos séculos IX e X da era cristã.
No vale, os índios encontraram terra úmida e fértil o bastante para melhorar a sua alimentação com uma maior diversidade de raízes, frutos, caças, pescados e grãos.Além disso, suas modestas residências eram construídas com palha de palmeira, à sombra das quais usavam utensílios artesanais como cabaças, coités e cuias. Usavam também o badoque, o pilão de socar, a arupemba, a esteira de palha, a rede de dormir, bem como os artigos em cerâmica (cachimbos, panelas, potes). O angu, o cuscuz, a tapioca, a puba, o beiju e muitas outras receitas culinárias vieram deles.
Apesar de ser uma terra de farturas e de portentos, sua história revela a tragédia do processo civilizatório sertanejo no destino de um povo — os Cariri (Kariri ou Quiriri) — que se fundiu na carne e na alma dos seus inimigos: fazendeiros, criadores de gados, agricultores e vaqueiros oriundos de Sergipe, de Pernambuco e também da Bahia.De acordo com o cineasta e pesquisador Rosemberg Cariry, alocados na Missão do Miranda, os remanescentes das tribos Cariri guardaram codificados, na intuição e na memória, a evocação da vizinha Lagoa Encantada como lugar mítico das suas origens.
Para eles, todo o vale do Cariri era um mar subterrâneo. Debaixo da terra dormia a Serpente d’Água, cujo imenso caudal era represado pela “Pedra da Batateiras”, ao sopé da Chapada do Araripe. Precisamente, onde hoje está situada a Matriz do Crato, erigida sob a invocação de N.S. do Belo Amor, era a cama da baleia (na simbologia cristã: o peixe que guia a arca nas águas do dilúvio).
Os pajés Cariri profetizavam que a “Pedra da Batateiras” iria rolar, todo o vale do Cariri seria inundado e as águas, em fúria, devorariam os homens maus, que tinham roubado a terra e também escravizado os índios. Quando as águas baixassem, a terra voltaria a ser fértil e livre e os Cariri voltariam para repovoar o “Paraíso” .
Com as memórias e narrativas reunidas, os “caboclos” tentavam estruturar uma verdade sagrada para manter a coesão do grupo e melhor defender as terras de fertilidade, o lugar de fluição, o espaço mítico. Porém, a presença dos conquistadores excitou longas guerras e gerou mudanças lamentáveis. Pouco a pouco, a representação dos índios foi menosprezada pelos historiadores.
De matéria com a mesma designação elaborada pelo Jornalista Antono Vicelmo para o Caderno Regional do Diário do Nordeste, nesta data quando se comemora o Dia do Indio. Reproduzido unicamente para divulgação. Direitso autorais reservados.
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