terça-feira, 8 de julho de 2008

Formação rara de macrofóssil é encontrada no Cariri


O exemplar encontrado no chamado ´folhelo piro betuminoso´ será apresentado ao mundo no próximo mêsSantana do Cariri. Mais uma descoberta da paleontologia do Cariri para o mundo.

O primeiro exemplar fóssil do mundo de um pterossauro encontrado no chamado “folhelo piro betuminoso” — uma prova da existência de petróleo de forma superficial — foi encontrado no Sítio Conceição, a dois quilômetros da sede de Santana do Cariri. O achado raro aconteceu há 20 dias. O que mais chama a atenção é por ser um macrofóssil. Os registros anteriores eram de formas microscópicas de peixes e insetos. Além desse exemplar, um outro de peixe grande com filhotes.

O material se encontra no Museu de Paleontologia de Santana do Cariri e, no próximo mês, será divulgado para o mundo científico, no primeiro Simpósio Nacional sobre atualidades da pesquisa paleontológica na Chapada do Araripe, a se realizar no município, na comemoração dos 20 anos do museu. No local, além de um rico acervo de mais de 10 mil peças de fósseis, se encontra a maior coleção de pterossauros do mundo.As espécies voadoras de pterossauros que inspiraram o cineasta americano Steven Spielberg já sobrevoaram o céu do Cariri há milhões de anos. Réplicas desses bichos podem ser vistas no Museu.

Foram reproduzidos a partir de estudos dos fósseis encontrados ao longo dos anos, no maior museu a céu aberto do período cretáceo do mundo. É assim que os paleontólogos descrevem com entusiasmo a região do Cariri.Um dos estudiosos no assunto, já tendo seu nome registrado em três raros exemplares fósseis, o reitor da Universidade Regional do Cariri (Urca), Plácido Cidade Nuvens, explica a existência até o momento de dois tipos de formações fósseis. Um deles na concreção calcária, a partir da lama de água doce e, onde já foram encontrados insetos, os pterossauros e tartarugas. O outro, a Formação Santana.

Nesse, a característica maior está voltada para os fósseis de origem marinha. São os peixes de água salgada. Também já foram encontrados nessa formação peixes, tartarugas e pterossauros. Esse material pode ser visto em rochas mais endurecidas.“A grande novidade está na transição do lacustre para o salgado”, diz Plácido Cidade.

O achado na mina de gesso do Sítio Conceição dará uma visibilidade maior para os estudos que já são realizados na região na área paleontológica.Mostra claramente a existência, segundo o reitor Plácido, de petróleo na forma superficial na região, por isso o endurecimento. Se fosse de forma profunda, afirma ele, seria possível encontrar petróleo no subsolo do Cariri. Era a redenção do rincão caririense.As peças do primeiro achado de macrofósseis que se tem registro no mundo, de acordo com o professor Plácido, serão encaminhada para estudos.

O fóssil de pterossauro, onde estão presentes pedaços de ossos das pernas do animal, será estudando por uma das maiores autoridades no assunto do mundo, o paleontólogo Alex Kellner, que já fez a classificação de exemplares raros como o Santanaraptor placidus kellner, realizada no final dos anos 90. O animal tem cerca de 110 milhões de anos.Os cuidados são essenciais com o material.

A supervalorização dos fósseis da Chapada do Araripe é hoje de conhecimento mundial. Muitas espécies raras se encontram em museus da Europa e dos Estados Unidos, material contrabandeado, e até podem ser vistas à venda da internet. Um desses casos chamou a atenção do país. O crânio de uma espécie de pterossauro, em perfeito estado, que estava sendo comercializado por R$ 1,2 milhão. Saiu também de forma ilegal do Brasil. O espécime foi extraído da formação Santana, um conjunto de rochas sedimentares na chapada. Está sendo anunciado pelo site americano PaleoDirect, de Altamonte Springs (Flórida). A forma de anúncio mostra o mercado atrativo: “Sua fonte direta de finos espécimes fósseis e artefatos do homem primitivo”.


Reportagem de hoje, 08/07/ 2008, do Caderno Regional do jornal Diário do Nordeste, reproduzida para efeito de divulgação. Imagem de asa de pterosauro do acervo do Museu de Paleontologia URCA. Arquivo de imagens Ibi Tupi. Fotografia Daniel Roman. Direitos autorais reservados.

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