O Pontal de Paranapanema compreende 21 municípios e é uma das regiões mais pobres e desmatadas do estado de São Paulo. Situado na divisa com o Paraná, o local recebeu ocupação desordenada e, graças ao avanço desordenado da agropecuária e da cana-de-açúcar, guarda hoje menos do que 2% de sua cobertura original de mata nativa. O restante é basicamente usado por seis mil famílias, assentadas pela reforma agrária em 104 lotes.
Entre os poucos fragmentos restantes, o maior deles encontra-se no Parque Estadual Morro do Diabo, com 37 mil hectares. A grande maioria dos outros pedaços não passa de dois mil hectares. Para tentar reverter o isolamento das áreas de vegetação e os problemas ambientais associados, o Instituto de Pesquisa Ecológica (Ipê) criou o projeto Café com Floresta. Oito anos depois, o que se vê são terrenos em que cafezais e cultivo de mudas da Mata Atlântica caminham lado a lado, ou muitas vezes, entrelaçados.
A história de luta por terras e desflorestamento no Pontal começou a mudar em 1996, quando o geógrafo Jefferson Lima foi convidado a atuar com trabalhadores sem terra no local. Ao montar a comissão de meio ambiente dentro da equipe técnica do grupo, Lima conheceu Patrícia Médici e Laury Cullen, funcionários da não-governamental Ipê. Não demorou muito e, ao pedir demissão do antigo emprego, foi convidado a atuar na entidade, justamente no trânsito entre produtores rurais e preservação ecológica. “Comecei a criar ilhas de biodiversidade a partir de um programa elaborado pelo ProBio (programa oficial de Conservação e utilização Sustentável da Diversidade Biológica), mas elas eram muito pequenas”, diz ele, que também é mestre em agroecologia e desenvolvimento rural sustentável.
Como as conexões eram quase imperceptíveis, já que poucos proprietários aceitavam plantar mudas nativas, havia enorme pressão de atividades econômicas penetrando pelas bordas das florestas e interferindo em ciclos naturais. A sorte do projeto se inverteu quando uma produtora local perguntou a Jefferson se poderia plantar café. “Respondi que sim, mas só se ele fosse sombreado por árvores da Mata Atlântica”, explica.
Depois de alguma recusa, ela topou e, quase sem querer, fez uma estratégia-piloto do trabalho que em dois anos completará uma década. “Já em 2001, participamos de um edital da Fundação O Boticário e ganhamos. Assim, conseguimos recursos para o projeto durante os quatro anos seguintes. No final deste período, atingimos 40 lotes”, completa Lima.
Reportagem do jornalista Felipe Lobo para o jornal eletronico O ECO. Vale a pena conferir.
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