Nesse rio de mato, lixo e areia, tudo passa. Até água. Um dia foi o maior rio seco do mundo, mas foi lembrado pelas águas, que hoje correm em quase toda sua extensão. Mas continua degradado, assoreado e “mutilado”’, esperando ser lembrado pelo ser humano. A agonia do principal rio do Ceará, de onde nascem as principais reservas hídricas que abastecem o Estado, ganha eco e ressonância. O dia de hoje entra para a história. O discurso isolado dos defensores nos 21 municípios de sua bacia é, pela primeira vez, unido e amplificado.
O Rio Jaguaribe, ou “rio das onças”, não tem mais esse bicho do mato, mas tem história, tem pessoas, e agora tem mais chances de reviver, com a união do Movimento dos Povos do Rio Jaguaribe, que será lançado, hoje à tarde, em Limoeiro do Norte, pelo vice-governador Francisco Pinheiro e o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
Em cada município por onde o rio passa, são encontradas diferentes paisagens: carnaubeira, nas suas margens típicas, pés de oiticica, pássaros em seus galhos, o homem em pé na beira da ponte tentando pescar algum peixe distraído, a lavadeira terminando de enxaguar numa pedra as roupas de casa e das famílias mais abastadas, em busca de trocados. Em alguns pontos, como em Morada Nova, é frágil; noutros, como Fortim, é forte e imponente. Mas o que se precisa saber é que carnaubeiras, oiticicas, juazeiros, jucás, mutambeiras e canafístulas são vegetais hoje raros nas ribeiras; que mal sabe a lavadeira que, sem uma lavanderia pública, também está poluindo as águas com sabão, assim como dezenas de casas que, em Limoeiro, tem no rio não só o próprio quintal como o lixão particular.
Matéria e fotografia do Jornalista Melquiades Junior, publicado no Caderno Regional do Diário do Nordeste. Vale a pena conferir
quarta-feira, 17 de junho de 2009
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