domingo, 3 de outubro de 2010

Registro imagético da Comissão Científica


Apesar de ricamente ilustrado, outra lacuna apresentada pela organizadora da publicação é a ausência de uma análise mais detida em relação à parte iconográfica da expedição. O registro imagético foi uma preocupação premente da expedição, a fim de garantir o registro de formações rochosas, arquitetura, paisagens, espécies da fauna e da flora cearense, além de usos e costumes das populações que aqui viviam.

Os recursos incluíam desde fotografias (perdidas num naufrágio), desenhos do botânico Francisco Freire Alemão (que comandava a expedição), litografias de artefatos indígenas da região amazônica coletados por Gonçalves Dias (chefe da seção Etnográfica), gravuras dos pássaros caçados no Ceará por Manuel Ferreira Lagos (seção Zoológica) e as aquarelas produzidas por José dos Reis Carvalho, pintor oficial da Comissão Científica.

"O que se pode depreender desse esforço é que provavelmente havia a pretensão de se produzir, a partir do que foi pesquisado no Ceará, um grande atlas ilustrado, nos moldes dos livros de viagem publicados por Carl Von Martius e outros. Porém, eles não tiveram oportunidade", argumenta Lorelai. O escritor Domingos Olímpio cita em "Luzia-Homem" a passagem da Comissão na Região Norte. Os cientistas previram que não iria chover numa certa noite, contrariando o sertanejo que os abrigava. Enquanto dormiam na varanda, ficaram molhados com a chuva.

Na época, muitos criticaram a utilidade da expedição.Nos diários de viagem, Freire Alemão coloca as dificuldades para se obter comida e água de qualidade. Ele confessa ter sofrido enjoos e disenterias por conta disso. Também anota hábitos considerados estranhos, como crianças andando nuas em Pacatuba e a violência no trato com os escravos.

Fonte: Caderno Regional/ Diário do Nordeste

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