O prefeito de Araripe — cidade localizada a 526 quilômetros de Fortaleza —, José Humberto Germano Correia, decretou, ontem, estado de calamidade pública no município com objetivo de contratar, sem licitação, carros-pipa para o abastecimento de água da cidade que, segundo o chefe do executivo, vem sofrendo, a cerca de 90 dias. A falta de abastecimento também está prejudicando escolas e hospitais e, principalmente, a população.
A solução para os moradores da cidade e da zona rural é comprar água aos carroceiros que fazem fila para pegar água no único poço que está em funcionamento. Nas casas, o tambor com 250 litros é vendido por R$ 7,00, despesa alta para a maioria da população de baixa renda. A água está sendo trazida da Serra Branca, em Pernambuco. O problema também está prejudicando as escolas do município. Em uma delas, as aulas foram suspensas porque não havia água para fazer a merenda das crianças.
De acordo com a Prefeitura, outros serviços essenciais prestados à população estão prejudicados. O serviço de abastecimento de água de Araripe é executado pela Companhia de Águas e Esgotos do Ceará (Cagece) que transporta água do açude Lagoinha. A decretação do estado de calamidade pública, segundo o prefeito, atende a uma situação de emergência. “Não vou deixar que o povo morra de sede”, justifica.
O objetivo é restabelecer a situação de normalidade, sem contrariar a ordem jurídica que exige a abertura de edital de licitação para contratação de carros-pipa. “O povo não tem condições de esperar”, adverte o gestor de Araripe.
O chefe do escritório da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), com sede em Araripe, Robson Teixeira de Morais, desconhece a falta d’água na cidade. Ele disse que não recebeu nenhuma reclamação, mas admite que está faltando água na região do Pajeú, zona rural, em conseqüência de um defeito na bomba do poço PP-4, que foi perfurado pela Petrobras, há cerca de 10 anos, para prospecção de petróleo.
Como a estatal não encontrou petróleo, o poço foi aproveitado para o abastecimento d’água de Araripe e Salitre. No entanto, o sistema nunca funcionou satisfatoriamente porque o poço tem 950 metros de profundidade, quase l quilômetro, o que dificulta o funcionamento da bomba. Robson diz que já trouxeram técnicos até da Petrobras para tentar corrigir o defeito. Como o problema persiste, a cidade de Salitre também foi afetada. A cidade de Salitre está sem água há 72 dias. A maioria da população está bebendo água de péssima qualidade dos barreiros e de um poço profundo, com água salgada, que funciona no Centro da cidade.
Matéria do Caderno Regional do Jornal Diário do Nordeste.
sábado, 25 de julho de 2009
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