Pesquisa reforça a situação degradante do Rio Maranguapinho. Ações e obras de recuperação avançam lentamente
Um dos mais importantes rios do Estado, o Maranguapinho agoniza, com sua água sendo classificada como ruim. Se não bastasse, as margens do manancial estão tomadas por toneladas de lixo e entulhos, o que contribui diretamente para a situação deplorável.
O elevado nível de poluição do curso d´água pode ser conferido numa rápida caminhada junto as suas margens. Mas, a situação degradante foi ratificada por pesquisa da fundação SOS Mata Atlântica divulgada na última sexta-feira, em que foram avaliados 69 rios e lagos espalhados por 15 Estados do País.
Com percurso total de 34 quilômetros, cruzando os municípios de Maranguape, Maracanaú, Fortaleza e Caucaia, o Rio Maranguapinho teve o nível de poluição avaliado como ruim com base no Índice de Qualidade da Água (IQA).
Definido no Brasil pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), o IQA é obtido pela soma da pontuação de 14 parâmetros físico-químicos, biológicos e de percepção. Os parâmetros são: temperatura, turbidez, espumas, lixo, odor, peixes, larvas e vermes brancos ou vermelhos, coliformes totais, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, potencial hidrogeniônico e níveis de nitrato e de fosfato.
A pesquisa inédita da fundação SOS Mata Atlântica na verdade mostrou um resultado desalentador. Mas, se serve de consolo, o Rio Maranguapinho está entre os 28% pesquisados que apresentam água ruim. A quantidade da água é péssima em 4% das amostras e regular em 68%. E não há casos de água boa ou ótima.
Ao passar pelas cidades de Maranguape, Maracanaú e Fortaleza, o Maranguapinho tem suas margens ocupadas por moradores de baixa renda que, por não terem estrutura de saneamento, ocasionam o aumento da degradação do rio. Assim, acabem sendo apontados como os vilões do manancial.
Genibaú
Um dos pontos onde a situação do Rio Maranguapinho se mostra mais crítica é na altura do bairro Genibaú, na zona leste de Fortaleza, uma das áreas mais pobres e com maior densidade populacional da Capital.
Sobra lixo e entulho na água e nas margens. Até móveis velhos e restos de eletrodomésticos e de computadores são jogados ali. A água é escura e exala mal cheiro. Moradores das proximidades do rio denunciam o descaso das autoridades e a falta de respeito de parte da população da área. "É comum se ver caminhões jogando lixo e entulho na beira do rio", contou o vendedor autônomo Edvan Andrade, alertando para a morte progressiva do manancial.
A dona de casa Maria Hilda Bezerra da Silva reforça: "muita gente não para de colocar lixo no rio, enquanto as autoridades não reforçam a limpeza e nem providenciam uma fiscalização. Assim, o Maranguapinho vai agonizando". Já o capitão aposentado do Corpo de Bombeiros José Mota Carneiro avalia que o Maranguapinho não está morrendo. "Basta uma ampla limpeza e o fim da colocação de detritos", ensina. Junto à ponte sobre o Maranguapinho, no Genibaú, uma placa anuncia a dragagem do rio, num trecho de 22,2 quilômetros, numa ação a ser executada pela Secretaria de Cidades do Governo do Estado.
Ainda em 2007, o Governo lançou o Projeto Rio Maranguapinho, envolvendo ações como a remoção de famílias e a recuperação ambiental do rio e seus afluentes. Moradores disseram as obras "caminham" em ritmo lento, enquanto o rio se transforma num grande aterro de resíduos sólidos.
Fonte: Cidades/ Diário do Nordeste
Comentário da postagem feito pelo Professor/ Arquiteto José Sales:
Muito embora o Governo do Estado, através da Secretaria das Cidades tenha lançado, há quase 4 anos atrás, o Projeto Maranguapinho, que já vinha em estudos desde 2003, conforme recomendação do Inventário Ambiental de Fortaleza e do Projeto Legfor, ambos desenvolvidos por professores da UFC, ligados ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo, muito pouco se conseguiu de avanço.
Uma das principais recomendações que tratava da consolidação de um amplo Programa de Educação Ambiental, de forma a mudar a relação de convivência entre os habitantes da cidade e o rio nunca foi posto em prática. Outra principal recomendação que tratava da recuperação ambiental propriamente dita que incluiria a requalificação da paisagem ribeirinha com replantio da vegetação ciliar em suas margens, nem entrou em pauta. Se reduziu o escopo de recomendações à: remoção de populações localizada em situações indevidas de risco social e ambiental; obras de saneamento básico e drenagem e construção de novas moradias.
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