A manifestação teve como objetivo denunciar o atraso na aplicação dos recursos - R$ 4 milhões - liberados pelo Ministério da Integração Nacional e chamar a atenção da população para a degradação do Rio Granjeiro. O deputado estadual e presidentes da Comissão Ambiental da Assembleia Legislativa, Amorim Moreira, que se encontrava na região participando da inauguração da casa de taipa do Sítio Fundão, disse que a manifestação não tinha sentido porque o Governo do Estado já estava elaborando o projeto de recuperação do canal.
O parlamentar lembrou que a restauração será anunciada oficialmente no próximo dia 9, quando o Governo do Estado contratará a empresa que vai executar o projeto.
Degradação
O agrônomo Jorge Pinto, representante da Associação Cristã de Base (ACB), definiu a caminhada como uma forma de denunciar a degradação que o rio sofre. "O que era antes um riacho de águas cristalinas que desciam da nascente da Batateira, transformou-se no canal de água poluída, onde são jogados os dejetos da cidade. A consequência dessa transformação são as frequentes enchentes como a que ocorreu este ano que causou prejuízos à população", comentou ele.
Ao fazer esta observação, Jorge Pinto defende um amplo debate em torno da revitalização do rio com todos os seguimentos da sociedade para que o projeto de restauração dos danos causados pelas chuvas "não seja empurrado de cima para baixo", sem ouvir a população que, segundo Jorge, é objeto dessa discussão.
O ambientalista João do Crato, que comandou a caminhada à frente de um sistema de som, leu o manifesto dizendo que a população está cansada de esperar por ações efetivas que solucionam o problema. A resposta pode e deve ser dada, de acordo com o manifesto, pela união de forças da sociedade civil organizada, do poder público e da iniciativa privada.
Ele disse que a questão do Rio Granjeiro não é somente problema ambiental, é um assunto político, social e econômico.
Prejuízos
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato, Antônio Gama, que acompanhou a caminhada, chamou à atenção dos prejuízos causados à entidade pela enchente. A água inundou a sede do sindicato, danificou equipamentos, móveis e metade dos documentos que conta a história dos trabalhadores rurais nestes últimos 50 anos. A estudante universitária, Cláudia Lopes, advertiu que a revitalização não consiste exclusivamente na construção do canal. "É preciso lembrar de que não foi o rio que invadiu as residências, os estabelecimentos comerciais. Foi o homem que ocupou de forma desordenada o leito do rio".
Dois meses depois da enchente que danificou o canal e inundou o comércio e as residências, localizadas nas proximidades do canal do Rio Granjeiro, ainda não foi aplicada a verba de R$ 4 milhões liberada pelo Ministério da Integração Nacional. Nenhuma ação de restauração foi iniciada com os recursos.
Fonte: Caderno Regional/ Diário do Nordeste
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