terça-feira, 17 de agosto de 2010

A década de combate à desertificação

Durante a abertura do ICID + 8 foi lançada a década para os Desertos e Combate à Desertificação. A meta é alcançar mais consciência da população e apoio político na luta contra a desertificação. Mas de acordo com um dos especialistas presente no evento, o Nordeste é uma das regiões menos atingidas.

Preservar milhares de hectares e reduzir a pobreza de um terço da população. A segunda Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (ICID+18) vem com a missão de discutir alternativas para a redução dos impactos ambientais nos ecossistemas do semiárido e da desertificação no planeta. “É um problema global que exige uma resposta global”, resume o secretário-executivo da Convenção de Combate à Desertificação da ONU (UNCCD), Luc Gnacadja. Cerca de dois bilhões de pessoas em todo mundo moram em áreas secas e não tem acesso à água. O elevado nível de desertificação e a carência em gestão de recursos acabam contribuindo para a maior incidência de problemas sociais nessas regiões.

Mas o Nordeste brasileiro teve boas notícias do pesquisador e geógrafo Hervé Thery, que apresentou o estudo “Desertos e desertificação”. Ele apontou dados sobre a desertificação em diversas regiões do mundo. De acordo com o pesquisador, o Nordeste brasileiro, apesar de ter problemas com o clima, não está entre os locais que vão estar no limite dentro de 50 anos. “A principal área atingida está nos continentes africano e asiático”, afirmou.

Durante a abertura do ICID+18, a ONU lançou a década para os Desertos e Combate à Desertificação. Segundo Luc Gnacadja, existem dois caminhos a serem trilhados. “Um deles é prejudicando o meio ambiente e o outro, é a abertura de um canal de coletividade para minimizar os efeitos devastadores no semiárido”. A partir do cenário atual, a expectativa é de que um terço das colheitas produtivas deixem de existir até 2050. Por isso, o ICID+18 ganha força no legado de criar um novo paradigma, com o cumprimento das metas do milênio.

Para Luc, o Brasil tem sido um importante instrumento de formação do pacto contra a desertificação do semiárido. O diretor do ICID+18, Antônio Rocha Magalhães lembra que a realização do evento em uma das regiões mais secas do planeta, como é o semi-árido brasileiro, promove uma maior reflexão sobre o conjunto de recomendações técnicas que devem ser estipuladas durante os quatro dias do evento. “A nossa meta é influenciar a agenda do Rio+20, em 2012, para que seja contemplada a questão de desenvolvimento e sustentabilidade das regiões secas. É preciso corrigir a falta de prioridades nessas regiões onde os efeitos climáticos podem ser mais drásticos”, afirmou.

Após o hiato de 18 anos, o ICID+18 é uma oportunidade de rever conceitos e ir além da boa técnica, através do estabelecimento de novas metas. O secretário executivo do Meio Ambiente, José Machado, ressalta a importância política do evento. “Temos que inverter prioridades, tomar decisões políticas e ir além do conhecimento técnico-científico. O que falta é compromisso e vontade política”, opinou.

Fonte: O POVO Online

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