A sobrevivência do soldadinho-do-araripe, um pássaro que só existe no cariri cearense, depende da preservação da Chapada do Araripe. Esse alerta é da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis).
O risco de extinção de uma espécie de pássaro que só existe no Cariri cearense será apresentado no 25º Congresso Internacional de Ornitologia, que este ano está sendo realizado pela primeira vez no Brasil, em Campos do Jordão (SP). Durante o evento, que começou na última sexta-feira, 20, e prossegue até o próximo sábado, 28, a Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), entidade que mantêm no município do Crato uma base para observação do soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni), irá compartilhar um estande com a ONG Save Brasil, representante brasileira da BirdLife.
Foi a equipe de Ornitologia da Aquasis a responsável pela elaboração de um plano de conservação para o soldadinho-do-araripe. Conforme Weber Girão, biólogo que participou do trabalho, a espécie é a única ave endêmica (exclusiva) do Ceará, sendo considerada uma das cinco espécies da fauna cearense mais ameaçadas de extinção global na lista oficial brasileira de 2003 (Ibama) classificada como “Criticamente Em Perigo”. O pássaro recebe esse mesmo status pela União Internacional para a Conservação da Natureza (BirdLife International 2004) em sua lista de espécies ameaçadas.
A encosta dos municípios cearenses de Crato, Barbalha e Missão Velha, é a área de ocorrência do soldadinho-do-araripe. A ave se concentra numa área de menos de 30 quilômetros quadrados ao pé da Serra do Araripe. A região atrai o pássaro em função da umidade presente na floresta. Porém, o passarinho, que mede aproximadamente 15 centímetros, está ameaçado à medida que a vegetação ao entorno dos rios é destruída. Há 14 anos, Weber Girão estuda o soldadinho-do-araripe, e teve um de seus projetos de conservação da espécie contemplado pela BirdLife, instituição que trabalha com a conservação de aves.
O reconhecimento permitiu que o biólogo fosse para o Cariri a fim de desenvolver pesquisas e envolver a sociedade na luta pela vida do pássaro. “A eficácia do trabalho está aumentando, estamos trabalhando em um ritmo muito mais rápido. Mas a única forma de conservar o soldadinho-do-araripe ainda é evitar a perda do seu ambiente no pé da serra do Araripe. O mais legal é que o soldadinho-do-araripe orienta a sociedade a encontrar uma forma sustentável de se relacionar com a natureza”, afirma.
A pesquisa que deu origem ao plano de conservação do soldadinho-do-araripe constatou que em toda a encosta da Chapada, há 348 nascentes que somam mais de 4.700 m³/h de vazão.
No próximo mês de setembro, o Fórum Araripense de Combate a Desertificação irá promover uma discussão sobre a conservação das encostas da Chapada, para abordar o tema da criação de uma unidade de conservação que beneficiará o ambiente.
Fonte: Rosa Sá/Colaborou Amaury Alencar/ O POVO Online
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
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