segunda-feira, 29 de agosto de 2011

sábado, 27 de agosto de 2011

IFCE terá campus avançado em Caucaia

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) vai ganhar campus avançado no município de Caucaia (Região Metropolitana de Fortaleza). A entrega do projeto ocorrerá na segunda-feira, às 10h30min, em solenidade com a presença do governador Cid Gomes, do reitor do IFCE, Cláudio Ricardo, do deputado federal Ariosto Holanda (PSB) e do prefeito Washington Góis (PRB).

O campus avançado de Caucaia – que faz parte da segunda fase do plano de expansão da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, atenderá à demanda de mão-de-obra especializada para acolher a necessidade do complexo industrial do Porto do Pecém. Serão oferecidos cursos de nível técnico em Eletroeletrônica, Metalurgia e Petroquímica. O campus, com área total de 4,7 hectares, conta com 4 salas de aulas, 7 laboratórios, sala de videoconferência, biblioteca, sala de professores, auditório e quadra poliesportiva com vestiários feminino e masculino.

O investimentos é da ordem de R$ 2,9 milhões. Iniciarão, já no semestre que vem, os cursos técnicos de Eletroeletrônica (instrumentação) e de Metalurgia (mecânico montador). O curso técnico em Petroquímica iniciará em 2012.2.


Fonte: Blog do Eliomar de Lima

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Crato perde a Sede da Universidade Federal do Cariri

Incorporar o campus da UFC de Juazeiro é o ponto inicial do projeto da nova instituição universitária federal - Qualificar o desenvolvimento regional é uma das vantagens da nova universidade no Cariri.

A Universidade Federal do Cariri deverá ser inaugurada em 2014. Pelo menos R$ 28 milhões já foram assegurados para a criação dos novos campi de Brejo Santo e Icó, que farão parte da instituição, que terá sede em Juazeiro do Norte. A proposta é iniciar o processo de envolvimento do campus da Universidade Federal do Ceará (UFC), campus Cariri, e agilizar a infraestrutura necessária para receber a nova universidade, anunciada pela presidente Dilma Rousseff, em solenidade no Palácio do Planalto, semana passada. Instituições da região e entidades comemoram a chegada da universidade. A aposta é na qualidade do desenvolvimento regional.

O reitor da UFC, Jesualdo Farias, se encontra em Brasília, onde terá a primeira reunião, na Secretaria de Educação Superior (Sesu), do Ministério da Educação, após o anúncio de criação, onde serão discutidas as primeiras estratégias e propostas que apontarão os novos rumos a tomar com a criação da universidade. Ele afirma que a partir de agora tem que se pensar numa estrutura para se reduzir o fosso na educação superior do Brasil, onde o Ceará apresenta-se como um dos piores Estados no ranking de disparidade entre as vagas das universidades e da população, que é de 5,7 vagas para cada 10 mil pessoas. Com a terceira universidade federal do Estado, e a criação dos novos campi da UFC em Crateús e Russas, a meta é, pelo menos, aproximar esse número de 10 vagas para 10 mil habitantes, segundo o reitor.

Jesualdo Farias estará à frente da comissão técnica que estará formada com integrantes da sociedade, de conselhos de educação, além de professores da própria UFC - campus Cariri, que também está em processo de estruturação, já que a universidade, que hoje conta com 11 cursos na região, incluindo os Municípios de Barbalha e Crato, e um mestrado, conta com implementações de espaços, a exemplo da biblioteca e laboratórios. De acordo com o reitor, a ideia é chegar em 2014 já com, pelo menos, quatro cursos de mestrado e um de doutorado, na criação da Universidade Federal do Cariri.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), de Juazeiro do Norte, Michel Araújo, afirma que a criação de uma universidade para a região sempre foi um pleito da CDL que, inclusive, tem no seu passado essa reivindicação: vir não apenas um campus, mas uma universidade, que na verdade foi o início do que ele avalia como grande conquista para a região. A universidade, segundo o empresário, trará qualificação para sociedade, as empresas, além de favorecer o mercado comercial do próprio Juazeiro do Norte, sede da instituição.

Os representantes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Juazeiro do Norte comemoram a conquista, inclusive com o já criado curso de Agronomia, com funcionamento no Crato. Segundo um dos diretores da entidade, João Augusto da Silva, é muito importante que haja um trabalho de parceria entre o sindicato e a universidade, abrindo espaço para a inclusão.

Transversalidade

O reitor da UFC afirma que a proposta é promover com a nova universidade, com a transversalidade dos setores, possibilitando um diálogo maior entre os integrantes da própria instituição. Ele afirma que o ensino, a pesquisa e a extensão, deverão caminhar juntos, inclusive destacando iniciativas já premiadas nacionalmente, como é o caso do campus da UFC, no Cariri, que conquistou o Prêmio Santander, reconhecido como uma espécie de "Oscar" da extensão universitária no País, com projeto desenvolvido na região destacando os artesãos da palha, junto com os pesquisadores da universidade.

Para o vice-prefeito de Juazeiro do Norte, José Roberto Celestino, a cidade passa por um bom momento e a chegada da universidade vem coroar esse processo de desenvolvimento, que passa Juazeiro do Norte. Ele destaca a importância da incorporação do campus e toda a abrangência que o ensino superior poderá ter para a região.

Para o reitor, o ponto de partida será incorporar o campus. O encontro com o secretário de Ensino Superior, Luiz Cláusio, do MEC, será para tratar inicialmente desse processo e da comissão. Segundo Jesualdo Farias, a comissão será implantada por meio de uma portaria do ministro da Educação, Fernando Haddad. Na comissão, que será responsável pela implantação da universidade, serão criadas subcomissões. O grupo deverá contar com cerca de 12 integrantes no total.

Universalidade

Com essa incorporação do campus da UFC, diz o reitor, fica mais fácil, porque já há compreensão do espaço de atuação da universidade, com pessoas qualificadas para apresentar propostas de criação de uma universidade moderna, contemporânea, olhando o futuro sem perder a universalidade, com foco nas temáticas regionais.

Sediada em Juazeiro do Norte, a terceira universidade federal instalada no Ceará começará oferecendo cursos de graduação em Administração, Administração Pública, Agronomia, Biblioteconomia, Engenharia Cilvil, Engenharia de Materiais, Filosofia, Música, Jornalismo, Design de Produto e Medicina.

Fonte: Blog do Crato/ Elizangela Santos

Rio de 6 mil km é descoberto embaixo do Rio Amazonas

Pesquisadores do Observatório Nacional (ON) encontraram evidências de um rio subterrâneo de 6 mil quilômetros de extensão que corre embaixo do Rio Amazonas, a uma profundidade de 4 mil metros. Os dois cursos d’água têm o mesmo sentido de fluxo - de oeste para leste -, mas se comportam de forma diferente.

A descoberta foi possível graças aos dados de temperatura de 241 poços profundos perfurados pela Petrobras nas décadas de 1970 e 1980, na região amazônica. A estatal procurava petróleo.

Fluidos que se movimentam por meios porosos - como a água que corre por dentro dos sedimentos sob a Bacia Amazônica - costumam produzir sutis variações de temperatura. Com a informação térmica fornecida pela Petrobras, os cientistas Valiya Hamza, da Coordenação de Geofísica do Observatório Nacional, e a professora Elizabeth Tavares Pimentel, da Universidade Federal do Amazonas, identificaram a movimentação de águas subterrâneas em profundidades de até 4 mil metros.

O dados do doutorado de Elizabeth, sob orientação de Hamza, foram apresentados na semana passada no 12.º Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, no Rio. Em homenagem ao orientador, um pesquisador indiano que vive no Brasil desde 1974, os cientistas batizaram o fluxo subterrâneo de Rio Hamza.

Características
A vazão média do Rio Amazonas é estimada em 133 mil metros cúbicos de água por segundo (m3/s). O fluxo subterrâneo contém apenas 2% desse volume com uma vazão de 3 mil m3/s - maior que a do Rio São Francisco, que corta Minas e o Nordeste e beneficia 13 milhões de pessoas, de 2,7 mil m3/s. Para se ter uma ideia da força do Hamza, quando a calha do Rio Tietê, em São Paulo, está cheia, a vazão alcança pouco mais de 1 mil m3/s.

As diferenças entre o Amazonas e o Hamza também são significativas quando se compara a largura e a velocidade do curso d’água dos dois rios. Enquanto as margens do Amazonas distam de 1 a 100 quilômetros, a largura do rio subterrâneo varia de 200 a 400 quilômetros. Por outro lado, a s águas do Amazonas correm de 0,1 a 2 metros por segundo, dependendo do local. Embaixo da terra, a velocidade é muito menor: de 10 a 100 metros por ano.

Há uma explicação simples para a lentidão subterrânea. Na superfície, a água movimenta-se sobre a calha do rio, como um líquido que escorre sobre a superfície. Nas profundezas, não há um túnel por onde a água possa correr. Ela vence pouco a pouco a resistência de sedimentos que atuam como uma gigantesca esponja: o líquido caminha pelos poros da rocha rumo ao mar.

Fonte: Portal IG

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O abandono do Sítio Fundão no Crato


O que restou de placa afixada pelo Governo Estadual na entrada do Sítio Fundão, bem próximo da guarita onde deveria ter um guarda mas está abandonada (foto de Cacá Araújo)

A população do Crato, do Cariri e o do Ceará está indignada e revoltada com o descaso do governo estadual para com um dos maiores patrimônios ecológicos e históricos do Ceará: o Sítio Fundão, em Crato-CE, reserva de 97 hectares pertencente ao Estado. Resquício de mata atlântica, fauna e flora diversificadas, o leito do rio Batateiras, ruínas de casarão, barragem feita por escravos, uma casa de taipa com dois pavimentos e um antiqüíssimo engenho de pau que, segundo o historiador J. de Figueiredo Filho, fora "introduzido no Brasil por volta do século XVII, graças à iniciativa dum sacerdote católico, castelhano, vindo do Peru (...)¹".

Segundo o ambientalista Ed Alencar, aquele secular engenho de pau, único na cidade do Crato e uma das poucas relíquias ainda existentes no Nordeste brasileiro, símbolo de importante fase do nosso desenvolvimento econômico e social, ficou fora do processo de restauração e, "depois de três anos nas mãos do governo, continua no abandono", correndo o risco de se perder para sempre.

Ele relata que, em março deste ano, o novo Presidente do COMPAM, Paulo Henrique Lustosa, fez politicagem lá na reserva quando convidou a sociedade e autoridades para inaugurar apenas uma placa indicando a restauração da casa, obra feita por pressão do Ministério Público. "Prometeram restaurar o engenho e até hoje...", afirma com revolta completando que ficou sabendo por vias oficiais que mais nada do que estava projetado e apresentado na URCA iria ser realizado, apesar da liberação de mais de 1 milhão de reais cujo destino não se sabe.

Fonte: Blog do Crato

Crime Ambiental: homem é preso com mais de 200 pássaros no Aeroporto Pinto Martins

“Um homem de 51 anos natural de Recife (PE) foi preso em flagrante, na manhã desta segunda-feira, 22, por transportar, de forma clandestina, mais de 200 pássaros da espécie Canários da Terra. A prisão aconteceu no Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza.

Segundo informações da Polícia Federal, durante interrogatório, o preso alegou que foi contratado em Recife para transportar os canários de Manaus (AM) para Fortaleza. Ele receberia R$ 1 mil pelo transporte e entrega no Aeroporto Pinto Martins.

Os pássaros foram apreendidos e encaminhados para o Centro de Triagem do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), localizado no bairro de Messejana. O preso responderá na Justiça Federal por crime ambiental.”

Fonte: O POVO Online

domingo, 21 de agosto de 2011

Arte religiosa dos santeiros de Juazeiro


Com a proximidade da chegada das grandes romarias em Juazeiro do Norte, os artesãos mostram que o trabalho de fabricar peças com imagens de santos continua viva e merece destaque.

As imagens que marcam época ajudam a manter a memória da cidade. A imagem símbolo, que mantém uma tradição. A arte de esculpir e o pleno exercício de uma atividade que é fonte de renda para centenas de famílias em Juazeiro do Norte. Se aproxima o calendário das grandes romarias. A grande e intensa festa das romarias da terra do "Padim" se aproxima, com os louvores à Nossa Senhora das Dores, padroeira da cidade. A segunda maior romaria do ano já impulsiona um mercado econômico basicamente informal, que se encontra nos quintais das casas, em sua maioria na Rua do Horto e no Bairro Socorro. São as fábricas de imagens. Os santeiros põem a mão no gesso, na massa, na madeira, e os grandes fabricantes internacionais nas novas ideias, para trazerem novidades que estimulem a venda das estátuas.

A líder de mercado traz o ícone maior, que não é santo oficial da Igreja Católica. O Padre Cícero Romão Batista trouxe e incentivou a prática de produção das imagens. Ainda nas primeiras décadas do século passado, Juazeiro já tinha uma safra de artistas que se deslocava de vários lugares do Nordeste. No Juazeiro, recebiam a acolhida e o incentivo do sacerdote. A primeira imagem do Padre Cícero foi produzida em madeira pelo Mestre Noza, que decidiu consultar o próprio sacerdote para obter a aprovação. E conseguiu. Para o padrinho, ficou perfeita. Não deu outra. Daqueles primeiros anos do século 20 até os dias de hoje, a estátua do Padre Cícero de acrílico, borracha, plástico ou na forma mais tradicional e acessível ao romeiro, que é o gesso, continua sendo um dos artigos mais vendidos da cidade. É o símbolo, que tem uma complexa rede de significados, que na linguagem romeira quer dizer voto de fé. Ter um padrinho no altar de casa é evocar o sagrado.

Fonte: Caderno Regional/ Diário do Nordeste

sábado, 20 de agosto de 2011

Despoluir córrego ajuda a tornar cidade sustentável

Uma pesquisa da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP propõe que o planejamento urbano das cidades seja feito a partir das suas bacias hidrográficas, aliando a recuperação das águas dos córregos e a reintrodução da natureza aos projetos de habitação social.

“O poder público investe na despoluição do Tietê e do Pinheiros, mas esquece que há centenas de córregos poluídos que desaguam nestes rios. Por isso, a despoluição deve ser feita primeiramente nos córregos. Frequentemente, suas várzeas inundáveis são ocupadas por habitação precária. Um absurdo, tanto do ponto de vista social quanto ambiental. Isto mostra o quanto a questão social e ambiental estão associadas e devem ser tratadas em conjunto”, aponta o arquiteto José Otávio Lotufo.

Lotufo desenvolveu um estudo de caso na região do córrego Itararé, na Vila Sônia. A nascente fica num grande terreno ao lado do cemitério Getsêmani, no Morumbi, zona sul de São Paulo, e desagua no córrego Pirajussara (canalizado) na avenida Eliseu de Almeida, no Butantã, zona oeste da Capital. Este, por sua vez, desagua no Rio Pinheiros. A área é ocupada por algumas favelas, mas também por moradias voltadas para a classe média e uma fábrica.

Os dados estão descritos em seu mestrado Habitação social para a cidade sustentável, pesquisa apresentada em 2011 e que teve a orientação do professor Dacio Araújo Benedicto Ottoni, da FAU. Na proposta do arquiteto, toda a extensão do córrego, de aproximadamente 2 quilômetros, seria transformada em um parque linear. As edificações somente poderiam ser construídas além do recuo de 30 metros a partir de suas margens, promovendo a recuperação da permeabilidade do solo na sua várzea, a restauração do ecossistema a partir da reintrodução de espécies vegetais nativas bem como a despoluição das águas.

Aproveitando a área do novo parque ao longo do córrego, seria construída uma ciclovia facilitando o deslocamento dos moradores dentro do bairro e até o metrô, onde haveria um bicicletário. Futuramente, ficaria prevista a implantação de um sistema de transporte leve movido por energia “limpa”, sobre trilhos, uma espécie de bonde, fazendo a ligação com a estação Vila Sônia do metrô. As áreas onde atualmente existem favelas seriam desapropriadas e as famílias removidas seriam instaladas em habitações de qualidade em locais adequados, próximos a suas antigas moradias, por meio de Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis), algumas já existentes e outras a serem propostas. O projeto também prevê ao longo do parque e próximo às novas unidades habitacionais a instalação de pontos de comércio e serviços, de equipamentos de lazer e esporte, e de pequenas pontes para a transposição do córrego.

A proposta permitiria despoluir o córrego, trazendo simultaneamente a natureza de volta à cidade e uma melhor qualidade de vida a todos moradores locais, independente de sua classe e condição social: eles poderiam usufruir de uma área verde para lazer, esportes e convívio, transporte e habitação de qualidade, além de acesso a serviços e comércio. “A recuperação das bacias hidrográficas da cidade é um critério que pode ser adotado como planejamento urbano, pois apresenta metas de curto, médio e longo prazo.”

Ecossistema urbano
“A sociedade humana e a natureza devem estar em harmonia, ambas compõem um ecossistema próprio que é e será cada vez mais urbano. Desequilíbrios como violência, desespero, falta de perspectiva de vida, poluição, escassez de áreas verdes e de lazer, falta de tempo e oportunidade para o esporte, cultura e educação, o estresse crescente, etc., são patologias no ecossistema urbano. Ao mesmo tempo, este ecossistema urbano faz parte de outros ecossistemas maiores até a escala planetária. Dentro de uma perspectiva ecológica, nada pode ser abordado como algo isolado, independente”, explica. A proposta para a região do córrego Itararé está em harmonia com a natureza, e traz equilíbrio ao ecossistema urbano.

Por isso, defende o pesquisador, o poder público deve repensar a maneira como as cidades são planejadas e projetadas. Para atingir o equilíbrio do meio ambiente urbano, é necessário que a população tenha acesso a infraestrutura de qualidade não apenas na habitação, mas em transporte coletivo, na existência de áreas verdes (praças, parques) e de lazer para todos, pois isso traz qualidade de vida. Esta é a habitação social, que não se restringe apenas à moradia em si, mas abrange seu entorno, o bairro, a cidade. “A habitação social é um fator essencial sem a qual não se atinge a sustentabilidade urbana”, destaca.

O arquiteto lembra que o crescimento da cidade de São Paulo ocorreu a partir de interesses políticos e econômicos que fizeram com que a população mais pobre ficasse concentrada nas periferias, em áreas menos privilegiadas e distantes de todo e qualquer benefício. “Por critérios que beneficiaram historicamente o transporte individual sobre pneus em detrimento de um sistema eficiente de transporte coletivo, muitas avenidas foram construídas em fundos de vale, nas margens de rios e córregos importantes da cidade. Os problemas com as enchentes que acontecem atualmente nada mais são do que uma resposta da natureza à própria irresponsabilidade de se construir a cidade nas áreas naturalmente inundáveis desses rios e córregos.”

“A precariedade das habitações na periferia, ocasionada pela falta de opção, vem causando, além de sérios problemas e tensões sociais, um grande impacto sobre o meio ambiente. Há muitas favelas, ocupações e loteamentos irregulares em áreas já determinadas como áreas permanentes de preservação ambiental, como a Serra da Cantareira, na zona norte, e os mananciais da região sul”, afirma. Outro ponto que o arquiteto considera importante é quanto ao solo urbano. “Quando tratado como mercadoria, sem nenhum tipo de regulação do estado, as áreas que recebem melhorias acabam supervalorizadas, fazendo o preço subir e causando deslocamentos sociais. A população mais pobre é substituída por aquela que pode pagar, restando a eles apenas a periferia: precária, desqualificada e distante.”

Fonte: O Repórter | SÃO PAULO (Agência USP)

Linha VLT Parangaba- Castelão é cancelada

À medida que a Copa do Mundo de 2014 vai se aproximando, mais obras de mobilidade urbana na Capital vão sendo deixadas para trás. Após a Prefeitura de Fortaleza desistir de alargar as avenidas Raul Barbosa, Dedé Brasil e Paulino Rocha; agora, é o Governo do Estado que abre mão de construir o ramal do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) que sairia da Parangaba rumo ao Castelão. Durante o Mundial, os torcedores que assistirão aos jogos e que estiverem utilizando a linha Parangaba-Mucuripe do VLT, ainda a ser construída, precisarão desembarcar na futura estação do Montese, ou na própria Parangaba, e utilizar um outro meio de transporte, como ônibus ou táxi, para chegar ao estádio. A população que habita as imediações da arena esportiva, em bairros como Dias Macêdo, Passaré e Serrinha, continuará a fazer o trecho através de coletivos.

Fonte: Diário do Nordeste Online

Encontro Intercontinental sobre a Natureza


Geopark Araripe terá Selo Verde da Unesco

O resultado de primeira avaliação do Geopark Araripe, pela Rede Global de Geoparks, ligada a UNESCO/ Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, sairá na próxima Conferencia Global de Geoparks, a realizar-se na Noruega, entre 14 e 21 de setembro, próximos. Com isto o projeto ter[á a chancela de renovação de seu status, de primeiro do gênero nas Américas e no Hemisfério Sul.

Povos do Mar promovem encontro

Comunidades do litoral cearense estão reunidas em Iparana, até domingo, para debater assuntos e trocar experiências

Caucaia. Quando o pescador José Moura Gomes, da vila Canaã (Município de Trairi) viu Maria Cardoso, da comunidade dos Caetanos de Cima (Amontada), cantar o coco, ele entendeu que a dança do coco está em todo canto. Ambos do Litoral Oeste, os vizinhos de mar não se conheciam, e dessa forma centenas de pessoas estão se reconhecendo no 1ºEncontro Cultural Povos do Mar, que acontece desde a última quinta-feira em Iparana, Município de Caucaia. Trocando saberes e fazeres, fazendo uma prosa, talvez poesia, juntando as danças, discutindo os desafios de cada um, dezenas de comunidades das vilas praianas encontraram a oportunidade para tratar das culturas, dos problemas e das soluções na difícil arte de lidar com o seu ambiente de vida em meio aos interesses alheios.

As singularidades culturais dos povos que vivem na zona costeira são tão grandes quanto o mar que lhes abastece: gigantes. Comunidades antigas, mas dinâmicas, desenvolvem atividades que alimentam o corpo, desenvolvem a economia, fortalecem as culturas, e matam a sede da alma, esta por meio do reconhecimento das identidades. No Encontro dos Povos do Mar, promovido pelo Serviço Social do Comércio (Sesc), saber e fazer se traduz em oficinas. São muitas, que ocorrem desde ontem em Caucaia. Tem desde o cozinhado tradicional de tapioca, comida de raiz indígena, à produção de mandalas de palha, passando pela produção de pinturas com areia colorida. É quando o artesão de Majorlândia, em Aracati, encontra-se com o fazedor de arte de Flecheiras. O encontro está encurtando os 570km de costa que separam várias comunidades, das quais participam 48, de ao menos 12 Municípios, apresentando suas artes e observando as produções dos outros povos.

A comunidade Jenipapo-Kanindé se reuniu para participar em peso do encontro. "Coisa rara", mas "muito boa", segundo a Cacique Pequena (Maria de Lourdes Alves), que já transferiu a sua liderança para a filha, e mais nova cacique Irê, Juliana Alves. "Aos poucos eu vou repassando as minhas vestes para ela", diz a mãe sobre a filha. As índias Jenipapo-Kanindé se encontram hoje com os outros povos do mar, mas em setembro o encontro é com Dilma Roussef. A etnia está com as terras em fase de homologação e posterior desintrusão. Significa que já conseguiram comprovar a posse de direito da terra.

Hoje pela manhã as atividades começam com o cortejo ecológico do Bumba-Peixe-Boi. Enquanto as oficinas de ontem seguiram o eixo temático de ofícios e artesanatos, durante todo o dia de hoje vão ministrar oficinas de sabores e saberes.

Fonte: Diário do Nordeste

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Projeto de requalificação estimado em R$ 106 mi


Prefeitura dará como contrapartida para as obras de requalificação da Beira-Mar exatos R$ 15,9 milhões

Um dos temas de maior significância na questão dos centros das cidades de todo o mundo é a requalificação de áreas urbanas. É o que afirmam os especialistas no tema. Fortaleza, metrópole mais populosa do País, tem na sua orla um de seus lugares de maior significação, e a Beira-Mar como maior expoente disto. Orçado em R$ 106 milhões, está previsto para 2012 o início das obras do projeto de requalificação do local.

O projeto completo, dos arquitetos Ricardo Muratori, Fausto Nilo e Esdras Santos, será apresentado hoje, às 19 horas, no Iate Clube, pela prefeita Luizianne Lins. Uma área total de 39,38 hectares sofrerá intervenção e fará parte das ações do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) em Fortaleza, que receberá verbas também do Ministério das Cidades.

Segundo a coordenadora nacional do Prodetur em Fortaleza, Josenira Pedrosa, o município entrará com uma contrapartida de 15% em cima desse valor, ou seja, R$ 15,9 milhões.

"Deste montante, R$ 72 milhões são referentes ao projeto arquitetônico, urbanístico e paisagístico de urbanização da beira Mar, já os R$ 34 milhões são para o aterro hidráulico", explicou Josenira Pedrosa.

A coordenadora informou que o lançamento do edital para licitação e construção da obra deve ser em setembro, e que, se não houver nenhuma contestação, em quatro meses devem ser iniciadas as obras. "A previsão inicial é de dois anos para conclusão da obra, contada a partir da assinatura da ordem de serviço", explicou.

Ela disse ainda que, para o lançamento deste edital de licitação, só falta a conclusão dos estudos ambientais. "Já temos o licenciamento e autorização da Secretaria do Patrimônio da União, acredito que até o fim do mês o estudo ambiental saia".

Projeto

O trecho urbanizado inclui zonas pavimentadas para vias de tráfego de veículos, estacionamentos, passeios, ciclovias, base para a implementação futura de um bonde elétrico e calçadão para caminhadas.

Será construído ainda um aterro hidráulico que terá 1.130 metros de extensão por 80 metros de largura, entre as avenidas Rui Barbosa e Desembargador Moreira. Na obra também está prevista a construção de um espigão de 230 metros de comprimento, na altura da Desembargador Moreira.

O projeto de reordenamento inclui repavimentação, tratamento paisagístico e requalifica-ção da feira de artesanatos, do mercado dos peixes, dos embarcadouros, da área de manutenção de jangada e dos quiosques. Um dos pontos priorizados é o esporte informal na areia e a recuperação da atividade de banho de mar em praia limpa.

Josenira informou que a ideia é que a Beira-Mar funcione 24 horas em todo o seu percurso. Para isso serão inseridas 1.600 espécies de plantas no local para amenizar o clima, hoje, existem 1.200. A requalificação irá aumentar também o número de vagas de estacionamento em 20%. Atualmente, a região tem capacidade para 450 vagas. Com os 20%, ganhará mais 90 lugares.

"Essas vagas não atendem a demanda, porém, faz parte do novo projeto, um novo uso da Beira-Mar, que prioriza o uso pelo pedestre, ciclista, esportista. Para se ter uma ideia, hoje a velocidade máxima naquela via é de 40 Km, após a requalificação o máximo permitido será 20Km", afirma.

De acordo com o professor do departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jeová Meireles, as obras do aterro hidráulico e do novo espigão da Beira-Mar podem não agredir o meio ambiente caso tenham um orçamento fixo para manutenção destes, que incluam aí o monitoramento da dinâmica costeira local e regionalmente. "Esse monitoramento inclui a velocidade das correntes marinhas, o ângulo de chegada dessas correntes na costa, a velocidade dos ventos e variação das marés", explicou Meireles. Ele declarou também que essa medida serve ainda para quantificar os sedimentos retirados pelas correntes marinhas, vento e ondas.

Meireles informou que, quando não se tem a manutenção, esse tipo de obra de engenharia costeira costuma trazer problemas relacionados a mudança na dinâmica litorânea e nas correntes marinhas, alterando a distribuição de sedimentos, que podem interferir em outros setores da costa. "O que provoca o incremento dos processos erosivos, e praias que estão mais próximas, como Leste-Oeste e as do município de Caucaia podem pagar o preço", alertou o professor da UFC.

Sobre a inserção de novas espécies de flora na região, Meireles disse que a ideia é interessante, desde que sejam inseridas espécies nativas e retiradas as invasoras e ornamentais.

Incremento

90 vagas para automóveis serão criadas. Atualmente, há 450 lugares para carros, o que não atende à demanda, segundo a coordenadora do Prodetur.

Fonte: Diário do Nordeste Online

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

300 árvores cortadas a cada mês em Fortaleza

Ambientalistas criticam a morte indiscriminada, melhor seria a tentativa de recuperação das espécies

A paisagem de Fortaleza ficou menos verde esta semana. O motivo foi o corte de duas árvores na Praia de Iracema ontem, outras duas na Praça da Igreja da Parangaba e uma centenária na Avenida Barão de Studart. A cada mês, a Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb) corta cerca de 300 espécies, dando, assim, um tom bem mais cinza para a cidade.

Uma média de nove árvores somem diariamente do cenário. Se a Capital, conforme dados do Anuário Ambiental de Fortaleza, perdeu 90% da sua área verde nos últimos 35 anos, a tendência é de piora. Os motivos para a supressão são os mais variados, desde quando a planta está "doente" até quando ela atrapalha algum interesse.

Redução

Dados das Secretarias Executivas Regionais (SERs) parecem revelar a quantidade reduzida de áreas verdes e parques em Fortaleza. A SER I conta com 62,09 hectares de área arborizada (2,48% do total do espaço da Regional), a SER II com 217,94 ha (4,42%), a SER III com 67,64 ha (2,44%), a SER IV com 47,00 ha (1,37%), a SER V com 144,24 ha (2,27%) e a SER VI com 246,31 ha (1,83%). Somando tudo, existem 785 hectares de áreas verdes, apenas 14% da geografia total de Fortaleza.

Na Praia de Iracema, o motivo da retirada das duas árvores, na Rua Cariri, foi o fato de elas estarem no meio do caminho de uma obra da Prefeitura, explica o diretor de Operações da Empresa, Franzé Cidrão. "Estão fazendo um calçadão e a planta foi retirada após a autorização dos técnicos", explica o gestor. Ele garante que nenhuma é suprimida sem motivo adequado. "Só fazemos o corte após avaliação e tomamos todo o cuidado com as podas também", diz.

Tristeza

A garçonete Aline Cosmo Azevedo, 23, levou um susto quando chegou ao trabalho e viu a famosa castanhola no chão. "Eu fiquei muito triste. A planta era saudável, dava era muita sombra e mantinha o ambiente ventilado. Agora ficou tudo feio", diz a jovem, funcionária de um bar em frente à Ponte Metálica.

Insatisfeito com o corte repentino, o marinheiro Marcos Aurélio, 51, acha que o projeto das obras deve se adaptar à disposição da vegetação. "Prefeitura devia replantar novas árvores para cada uma derrubada", critica Aurélio. A proprietária de um restaurante na entrada da Ponte, Cristina Costa, 49, denunciou o corte de outras quatro espécies na área. "Daqui mais um dia fica impossível respirar e viver em Fortaleza", comenta.

Na Avenida da Barão de Studart, esquina com Rua Eduardo Salgado, a cena é semelhante. Um toco largo de árvore denunciava a morte de mais uma planta. O vigia Otacílio Hipólito, 75, a conhecia bem, sabia a idade e as doenças da jovem "senhora" de mais de 100 anos. "A árvore estava morrendo. Por que não cuidaram dela antes?", questiona. A via tem outras plantas. Ele dá menos de dez anos para que todas as outras padeçam.

O ambientalista Arnaldo Fernandes critica a supressão das espécies, mesmo quando a planta estiver "definhando". O ideal seria, conforme ele, utilizar os princípios da prevenção. "Tem que ser feita uma avaliação muito rigorosa antes de qualquer medida. Tem que ser algo criterioso, não pode ser de qualquer jeito", critica Fernandes. Para ele, é obrigação do Poder Público pensar outras alternativas.

A Companhia Energética do Ceará (Coelce) realiza podas de árvores para manter, conforme a assessoria de imprensa, a boa continuidade do fornecimento de energia para todo o Ceará.

Por mês, em média, são realizadas de 7.500 a 8 mil podas na Capital, conforme o órgão. A Coelce só realiza o serviço nas que estejam em eminência de toque com a rede elétrica.

Universidade Federal do Cariri poderá ser anunciada no dia 16

Segundo informação do jornalista Demétrio Weber, do jornal O Globo, a presidente Dilma Rousseff poderá anunciar no próximo dia 16 a criação de quatro novas universidades federais. O jornalista antecipa ainda que este número poderá ser até ampliado, dependendo de acertos finais. De concreto, sabe-se apenas que o Ministério da Educação fez estudos – em todo o país – sobre a oferta de vagas em universidades públicas, comparando-as com a população dos estados. Nesse estudo, Ceará, Pará, Bahia e Santa Catarina seriam os estados que ganhariam novas universidades federais. O MEC, no entanto, se recusou, por ora, a fornecer maiores informações sobre o plano de expansão das universidades públicas. E quanto à criação da Universidade Federal do Cariri-UFCA,(na foto ao lado o Campus UFC-Juazeiro do Norte) aguardemos o anúncio da presidente da República – no próximo dia 16 –para ver se ela foi incluída entre as que serão criadas.
Fonte: Blog do Crato

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Comentários sobre o VLT Mucuripe/ Parangaba

O traçado do VLT MUCURIPE/ PARANGABA/ EXTENSÃO AEROPORTO, que faria a ligação entre a Beira Mar e Aldeota, ao Aeroporto/ Montese e Parangaba está sendo fortemente questionado pela comunidade envolvida, por alguns profissionais que militam neste tema, por entidades de representação profissional, além do Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual. O traçado proposto simplesmente "moderniza" o antigo Ramal Ferroviário Mucuripe/Parangaba implantado a partir de 1939 (72 anos atrás), para transporte de pedras de Munguba ePacatuba ao Porto, quando a cidade era totalmente outra.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Recuperar o verde público

Três tentativas de recuperação do verde público, em Fortaleza, pelo menos, foram lançadas nas últimas décadas, constatando-se, porém, o fracasso de todas elas, mesmo sendo executadas por empresas privadas especializadas, em permuta com alguns benefícios do poder público. O último intento ocorreu nos anos 90 do século passado, com o plantio de árvores nos canteiros centrais de algumas avenidas, em troca da colocação de placas com anúncios publicitários.

A experiência tem demonstrado muita movimentação em torno desse plano logo no início, havendo, contudo, um recuo, a partir da metade do cronograma do plantio, em face dos custos de manutenção dos canteiros, principalmente com a rega diária, a poda constante e o replantio das mudas. Todo esse esforço exige custos operacionais não honrados pelas empresas vinculadas por esse tipo de contrato.

Outra alternativa já posta em prática, a de convocar a empresas e membros da comunidade para se encarregarem do plantio das mudas e de sua manutenção, também apresenta baixo índice de aproveitamento, embora seja maciça a adesão quando as árvores estão sendo distribuídas. Esses fatos apontam para a necessidade de um movimento mais amplo para a rearborização de Fortaleza, diante das mudanças no seu clima, em consequência do corte desregrado das árvores.

A Organização das Nações Unidas recomenda para as áreas urbanas a oferta de, no mínimo, 12m² de arborização para cada habitante. Mas Fortaleza oferece apenas 3,4m² de área verde com o agravamento da verticalização das moradias pelo fortalecimento do mercado imobiliário. Os ventos alísios, responsáveis pela excepcional qualidade da temperatura da Capital, perderam essa característica. Originados na costa africana, essas correntes de ar brindam a costa atlântica do Ceará, como um presente da natureza.

A ocupação desordenada do solo urbano, a expansão sem planejamento adequado, desrespeitando suas condições geofísicas, e a destruição pura e simples das árvores nativas descaracterizaram o que a cidade tinha de melhor: o seu clima. Recuperá-lo não será possível, especialmente quando a tendência é de se elevar, cada vez mais, o gabarito das edificações coletivas para reduzir o preço dos imóveis.

Entretanto, uma iniciativa em gestação poderá atenuar esses efeitos nocivos. Três empresas construtoras de grande porte e a Prefeitura Municipal prometem estabelecer uma parceria para a elaboração de um Plano Diretor de Arborização Urbana de Fortaleza e um Plano de Educação Ambiental para a construção civil, objetivando disciplinar a forma de preservação do elemento verde na cidade, evitando os estragos ecológicos comprovados nos últimos tempos.

Por conta desse planejamento, ações de revitalização do verde trarão consequências como a criação de um parque com 1.500 árvores frutíferas no Jangurussu; a reurbanização do Parque Rio Branco com 200 mudas; o plantio de 300 mudas nas margens da Lagoa do Opaia. Recuperar o antigo cinturão verde do entorno de Fortaleza é impossível. Mas evitar o agravamento no seu clima ainda é tarefa factível.

Fonte: Editorial do Diário do Nordeste

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Catadores vivem na miséria após desativação do aterro

"O lixão fechou e deixou todo mundo com fome. Antes tinha pelo menos uns restinhos de comida no meio do monturo", diz a catadora Francisca Castro da Silva, 60. Apesar do aterro do Jangurussu já ter sido desativado há 13 anos, a comunidade do entorno ainda vive na miséria, revirando os sacos plásticos à procura de migalhas. Daquela época restaram apenas promessas, gases e chorume que continua a escorrer pelo monte, denunciando os danos sociais e ambientais deixados pelos mais de 20 anos de acumulo de resíduos. É como se uma rampa de lixo semelhante à desativada continuasse a existir no local.

Na lista de problemas, a questão da falta de geração de emprego, a precariedade da moradia, a falta de acesso à políticas públicas, o alcoolismo e a prostituição remontam aos idos dos anos 1990, quando o bairro ainda reinava em torno do "lixão".

Era como se o local tivesse parado no tempo, afirma Stênio Teixeira, membro da secretaria executiva do Fórum Lixo e Cidadania em Fortaleza. "O lixão é uma ferida aberta até hoje. O povo está muito abandonado. Tem que ter mais investimentos e cuidados", comenta Teixeira.

Fonte: Diario do Nordeste

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O Pirata D'Iracema


O empresário Júlio Trindade, proprietário do Pirata Bar, faleceu no último sábado (30) deixando para trás 25 anos de história de um dos espaços mais famosos da noite fortalezense.


Nesta segunda-feira, em Fortaleza, o tom da noite ficou mais sóbrio. Conhecida como “a segunda-feira mais louca do mundo”, esta semana a cidade se despediu de Júlio Pirata D’Iracema, 65 anos, dono do Grupo Pirata de Empresas, que inclui o Pirata Bar. Vítima de um astrocitoma (câncer cerebral), ele faleceu no último sábado (30), às 23 horas, aos 65 anos. Atento ao que se passava pela cidade, este devoto fervoroso de Santo Antonio abraçou a molecagem cearense e proporcionou momentos memoráveis junto com cantores e humoristas.


Natural de Lisboa, Portugal, Antonio Julio de Jesus Trindade nasceu em 10 de março de 1946, filho de uma camponesa com um torneiro mecânico. “Sou da geração de 60, que viveu muito intensamente a quebra de paradigmas, período em que deixei Portugal, pois não queria servir ao exército em uma guerra colonial na Angola, pois o Rambo americano já é triste, imagine o português”, lembra ele na breve autobiografia que intitulou de “entrevista post-mortem”.


Após deixar sua terra natal em 1964, Júlio passou pela França, Estados Unidos, Canadá, Caribe até chegar ao Brasil em 1981. Chegou pela região Norte e logo se instalou na Bahia, onde montou um restaurante e uma pousada. Atendendo o convite de um amigo, veio conhecer o Ceará em 1985 e bastaram seis meses para que ele viesse de vez para cá. Por aqui, começou do zero investindo o que tinha num barco lagosteiro. “Por onde passei, exerci diversas funções e muitas delas pela primeira vez. Lavei pratos, faxinei banheiros, descarreguei caixas de frutas e legumes no antigo Mercado Les Halles em Paris. Fui recepcionista noturno de hotel, garçom e maitre no Chez Antoine, um restaurante finíssimo de San Martin, no Caribe. Lá, servi grandes personalidades como o ex-presidente Richard Nixon e Jaqueline Kennedy Onassis. Eu tinha um ótimo salário e recebia generosas gorjetas”, conta acrescentando ainda dono de uma banca de jornal e analista de sistema das forças aramadas francesas entre seus ofícios.


Já instalado na capital cearense, Júlio Trindade escolheu um novo recomeço. Apaixonado pela Praia da Iracema, ele instalou ali, em 1986, o Pirata Bar & Resto, em sociedade com o seu único filho, Rodolphe. Sua paixão pelo novo empreendimento e pela Praia era tanto que ele passou a se identificar como Júlio Pirata D’Iracema. O lugar recebeu grandes nomes da MPB, como Oswaldo Montenegro, Cássia Eller e Edson Cordeiro, e cresceu junto com uma geração de humoristas hoje referenciais no Brasil. “Estava começando o humor no Ceará e, como tínhamos menos shows na semana, sempre nos apresentávamos na segunda-feira do Pirata. O Júlio era um batalhador, um guerreiro e sempre abriu as portas para nós”, explica o ator e humorista Ciro Santos.


Também humorista, Falcão é outro que encontrou ali um espaço ideal para suas apresentações. “O Júlio é um dos maiores responsáveis pela minha carreira, depois de mim. Juntos, nós criamos o PCB do B, o Partido dos Cormos e Bregas do Brasil. Ele queria que eu me candidatasse a Presidente da República, em 2002, mas eu tive medo de ganhar”. Junto com Falcão, Júlio montou shows hilários como o Natal do Pirata (feito da noite de 25 de dezembro de 1988 com direito a distribuição de peru) e o show Cheio de Altos e Baixos, com Falcão e Nelson Ned. “Ele ainda queria fazer uma campanha pra levar as Olimpíadas para Pereiro”, brinca Falcão, que agora planeja homenagear o amigo com a gravação de um DVD no Pirata.


A famosa “Segunda-feira Mais Louca do Mundo” do Pirata foi mais uma ideia em que Júlio apostou na vocação de Fortaleza para a festa. Em 5 de janeiro 1987, uma segunda-feira, o Pirata abriu para que fosse realizado uma festa de aniversário. A animação foi tanta que acabou se repetindo na semana seguinte. Com o saudoso sanfoneiro Azeitona e da banda Alta Tensão no palco, o negócio foi dando certo e acabou se tornando uma marca registrada do turismo local. “Ele era muito incentivador da arte. Principalmente nesse período, nos anos 80, ele era um dos grandes incentivadores do movimento artístico cultural local. Todos os artistas, cantores, frequentavam o Pirata”, afirma a cantora e atriz Marta Aurélia. “Para a cultura foi, não só essa historia do forró que ele fazia e de transformar a segunda-feira na segunda mais animada o Brasil, mas também por participar ativamente da história cultural do Estado. Era uma pessoa que abria espaço”, confirma o cronista e compositor Tarcísio Matos.


Quem


ENTENDA A NOTÍCIA


Nascido em Lisboa, Portugal, Antonio Julio de Jesus Trindade era dono do Pirata Bar, espaço famoso na Praia de Iracema pela “segunda-feira mais louca do mundo”. Casado com Yane Trindade e pai de Rodolphe Trindade, ele foi um dos incentivadores da cena artística cearense.


Fonte: Vida & Arte/ O POVO Online