quarta-feira, 30 de março de 2011

População pede revitalização do Rio Granjeiro

A programação comemorativa ao Dia Mundial da Água, aberta dia 22, foi encerrada ontem com uma caminhada ao longo do canal do Rio Granjeiro que passa por dentro da cidade do Crato. Em seguida, foi promovida uma mesa de debates no Salão de Atos da Universidade Regional do Cariri (Urca), com a participação de representantes do Fórum Araripense, Universidade Federal do Ceará (UFC), Instituo Chico Mendes de Biodiversidade, Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Companhia de Gerenciamento dos Recursos Hídricos.

A manifestação teve como objetivo denunciar o atraso na aplicação dos recursos - R$ 4 milhões - liberados pelo Ministério da Integração Nacional e chamar a atenção da população para a degradação do Rio Granjeiro. O deputado estadual e presidentes da Comissão Ambiental da Assembleia Legislativa, Amorim Moreira, que se encontrava na região participando da inauguração da casa de taipa do Sítio Fundão, disse que a manifestação não tinha sentido porque o Governo do Estado já estava elaborando o projeto de recuperação do canal.

O parlamentar lembrou que a restauração será anunciada oficialmente no próximo dia 9, quando o Governo do Estado contratará a empresa que vai executar o projeto.

Degradação

O agrônomo Jorge Pinto, representante da Associação Cristã de Base (ACB), definiu a caminhada como uma forma de denunciar a degradação que o rio sofre. "O que era antes um riacho de águas cristalinas que desciam da nascente da Batateira, transformou-se no canal de água poluída, onde são jogados os dejetos da cidade. A consequência dessa transformação são as frequentes enchentes como a que ocorreu este ano que causou prejuízos à população", comentou ele.

Ao fazer esta observação, Jorge Pinto defende um amplo debate em torno da revitalização do rio com todos os seguimentos da sociedade para que o projeto de restauração dos danos causados pelas chuvas "não seja empurrado de cima para baixo", sem ouvir a população que, segundo Jorge, é objeto dessa discussão.

O ambientalista João do Crato, que comandou a caminhada à frente de um sistema de som, leu o manifesto dizendo que a população está cansada de esperar por ações efetivas que solucionam o problema. A resposta pode e deve ser dada, de acordo com o manifesto, pela união de forças da sociedade civil organizada, do poder público e da iniciativa privada.

Ele disse que a questão do Rio Granjeiro não é somente problema ambiental, é um assunto político, social e econômico.

Prejuízos

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Crato, Antônio Gama, que acompanhou a caminhada, chamou à atenção dos prejuízos causados à entidade pela enchente. A água inundou a sede do sindicato, danificou equipamentos, móveis e metade dos documentos que conta a história dos trabalhadores rurais nestes últimos 50 anos. A estudante universitária, Cláudia Lopes, advertiu que a revitalização não consiste exclusivamente na construção do canal. "É preciso lembrar de que não foi o rio que invadiu as residências, os estabelecimentos comerciais. Foi o homem que ocupou de forma desordenada o leito do rio".

Dois meses depois da enchente que danificou o canal e inundou o comércio e as residências, localizadas nas proximidades do canal do Rio Granjeiro, ainda não foi aplicada a verba de R$ 4 milhões liberada pelo Ministério da Integração Nacional. Nenhuma ação de restauração foi iniciada com os recursos.


Fonte: Caderno Regional/ Diário do Nordeste

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