Iniciativa da Fundação Brasil Cidadão está transformando o hábito de três comunidades de Icapuí. Com o projeto, o ambiente está sendo renovado e o esgotamento sanitário e abastecimento d´água, regularizados ao ponto de garantirem segurança alimentar.
Quando se trata de mudar comportamento, no começo, tudo é difícil. Ainda mais quando os hábitos são arraigados, como a maneira de se relacionar com o meio ambiente. Icapuí, a 194,7 quilômetros Fortaleza, não foge à regra. Quando famílias das comunidades de Ponta Grossa, Requenguela e Barrinha começaram a ouvir falar em bananeira cultivada sobre o esgoto biológico, em plantar alga no mar, em guardar água da chuva por até um ano e em replantar árvores no mangue que já parecia tão verde, no mínimo, estranharam.
Houve certa resistência, mas foi só as comunidades conhecerem melhor o Projeto de Olho na Água — da Fundação Brasil Cidadão e patrocinado com R$ 1,8 milhão pela Petrobras — que o olhar sobre o ambiente mudou. Os resultados são visíveis. O peixe-boi, animal marinho que só sobrevive em ambientes limpos, já voltou a aparecer naquelas praias.
O projeto, entre 800 de todo o Brasil, foi um dos 36 selecionados com o tema água (único no Ceará) para ser posto em prática dentro de dois anos. O trabalho começou em abril do ano passado, com visitas, distribuição de cartilhas, envolvimento da comunidade, educação ambiental. Tudo isso para preparar o mais importante: o morador da área, de quem depende o sucesso do projeto.
De acordo com o presidente da Fundação, João Bosco Carbogim, a base da iniciativa é melhorar a qualidade de vida dos moradores com tecnologias baratas, autosustentáveis e de fácil replicabilidade, do ponto de vista da saúde pública e da ecologia. “Quando conseguimos gerar mudança de atitude, há respeito entre as populações e os ecossistemas”, frisa. Isso, no projeto, tem três frentes: diagnóstico, implantação de cisternas e de esgotos biológicos (fase atual) e a construção da Estação Ambiental Mangue Pequeno.
Em Requenguela, o foco do projeto é a Estação Ambiental Mangue Pequeno, que deve ser construída até o fim do ano. O projeto terá centro de referência, viveiro de mudas, passarelas suspensas ao longo dos caminhos já utilizados pelos trabalhadores (o que evita interferência e garante acesso a cadeirantes) e observatório da vida marinha. Tudo será feito às margens do mangue, o que deve gerar turismo científico e cultural. Matéria do Jornal Diário do Nordeste de 23 de agosto de 2008. Fotografia de Kiko Silva.