Gratuito e aberto a qualquer interessado, o projeto Percursos Urbanos oferece novas edições em janeiro
Janeiro é mês de férias para muita gente, que pode aproveitar tanto as opções pagas de lazer quanto as programações gratuitas que seguem em Fortaleza. Entre elas está a próxima edição do Percursos Urbanos, projeto voltado a explorar o território da capital a partir de diferentes perspectivas.
Trata-se de uma das melhores oportunidades de aprender mais sobre nosso próprio espaço, suas configurações, histórias e dinâmicas. O projeto foi idealizado e é executado pela ONG Mediação de Saberes, e mantido com recursos do Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBB-Fortaleza).
Neste sábado, das 15h às 18h30, o Percursos Urbanos dá vez a um assunto difícil, porém imensamente importante, com a realização do percurso "Mapas da Ditadura em Fortaleza". O que temos a ver com fatos ocorridos há 25 anos, durante o Regime Militar? Que relatos de parentes ou conhecidos são recordados? O que resta da ditadura ainda hoje? Essas são algumas das perguntas que irão nortear o passeio.
A ideia é percorrer locais da cidade que ainda carregam simbólica e fisicamente resquícios da ditadura militar brasileira, que deixou mais de 300 mortos e desaparecidos políticos, no sentido de mexer com essa memória e conversar sobre o que se quer fazer dela.
A mediação fica por conta do Coletivo Aparecidos Políticos, cujo trabalho fundamenta-se na relação entre a arte e política, especialmente por meio de intervenções urbanas. "O tema surgiu quando soubemos da existência do coletivo. Sempre percebemos essa sensação ´nebulosa´ na cidade no que diz respeito à memória do Regime Militar. Sabemos mais sobre o que aconteceu em outros Estados do Brasil, não temos muita clareza sobre como Fortaleza viveu essa época", explica Thaís Monteiro, integrante da Mediação de Saberes.
Monteiro chama atenção para o caso de alguns prédios cuja relação com a Ditadura ainda é desconhecida por muitas pessoas. "O Palácio da Abolição, por exemplo, é um prédio suntuoso, bonito, impactante, mas vários habitantes não sabem que ele abriga o mausoléu do ex-presidente Castelo Branco; por isso, torna-se esvaziado de sentido. Já o prédio onde funciona a Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), por exemplo, era a sede do Dops (Departamento de Ordem Política e Social)", ressalta a integrante da ONG, sem esquecer praças e ruas cujos nomes fazem referência a fatos, datas e personalidades do período.
"Nosso objetivo é tirar esse vazio do sentido dos nomes, lugares e significados e tentar levar a questão para ser discutida publicamente, em vez de relegá-la ao esquecimento por se tratar de uma lembrança incômoda. É um início", resume Monteiro.
Fonte: Diário do Nordeste Online
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
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