terça-feira, 19 de julho de 2011

Por um debate salutar sobre o Parque de Exposições do Crato

Nas ultimas duas semanas voltou a tona do dia a dia dos Cratenses as discussões sobre a construção de um novo Parque de Exposições ou da requalificação do atual. No sentido de contribuir para uma tomada de decisão responsável, desvinculada de qualquer sentimento de bairrismo, interesses particulares, de ideologias..., se faz necessário a realização de estudos e analise de um universo de impactos com ganhos e perdas qualquer que seja a decisão. Acredito ser consenso, a necessidade de providências no sentido tornar o evento cada vez mais eficiente nos aspectos econômicos, sociais, culturais e de lazer. Daí a inquietação de alguns segmentos da sociedade quanto a localização do Parque, suas deficiências físicas (pavilhões, laboratórios, auditórios e etc.), mal distribuição e aproveitamento dos espaços, falta de estacionamento, sistema viário e de circulação concentrado e do próprio modelo de organização do evento. Portanto, muita coisa precisa ser avaliada, maturada e alterada. Todavia, a decisão pela requalificação do atual espaço ou construção de um novo Parque em outro local, deve considerar a aquela que oferecer maiores ganhos para o conjunto da sociedade Cratense. Partindo desta lógica, e com intuito de subsidiar estudos, analise e reflexões, é que chamo a atenção para algumas constatações.

O Parque de Exposição do Crato está encravado em uma área pública superior a 33 ha, ou seja, 330 mil/m², quase duas vezes a área do Parque de Exposição de Uberaba-MG, cercado por bairros de classes sociais diferentes com restrição de tráfego veicular o que compromete a integração e o desenvolvimento de zonas periféricas (áreas congeladas) da cidade, bem como, a fluidez e o conforto na circulação a diversos bairros da cidade (Alta da Penha, Pantanal, Ossian Araripe, Granjeiro, Sossego, Lameiro e etc.). Diante do exposto, qualquer que seja a destinação (uso) da área do Parque, há que se levar em consideração intervenções que fortaleçam o conjunto urbanístico da Cidade, evite a segregação espacial e promova a inclusão social. Em fim, que tenhamos uma visão sistêmica e integrada do processo de desenvolvimento urbano, considerando as dimensões social, econômica, ambiental, cultural e espacial.

Por outro lado, a construção do Parque em o outro local, vai exigir também toda uma infraestrutura básica e acessos viários que possibilitem um fluxo seguro de todos os modos de transporte e de pedestres.

Montando cenários

Cenário 1 - Requalificação do atual Parque

Tornar o Parque de Exposições multiuso, útil a sociedade durante os 365 dias do ano, dotado de uma estrutura moderna de pavilhões, centro de manejo, auditório, tatersal, laboratórios, restaurantes, pista de cooper, equipamentos de ginástica, estacionamento, área verde, entre outros elementos, capazes de atender a realização de exposições e feiras agropecuárias e demandas de outros segmentos da economia regional. Contemplar o Parque com uma arena em formato de vila olímpica capaz de atender demandas de shows artísticos, festivais (musica, quadrilha, dança e etc.), manifestações literário-musicais, plásticas, cênicas, lúdicas, religiosas, jogos estudantis e outras práticas da vida social e ao mesmo tempo acomodar projetos sociais com praticas esportivas (com crianças dos bairros periféricos) sobre a gestão da coordenação do curso de educação física da URCA que gradua mais de duas dezenas de profissionais anualmente.
Um Parque Multiuso integrado aos bairros do seu entorno através de um sistema viário e de circulação (Alta da Penha, Pantanal, Ossian Araripe, Granjeiro, Sossego, Lameiro, Belmonte e etc.), e ao mesmo tempo com ligação direta para Juazeiro e Barbalha através de uma nova avenida, Mirandão/Vila lobo até o anel viário de Juazeiro, passando nas proximidades da estatua de Nossa Senhora de Fátima no Barro Branco. Avenida já esta projetada pelo o executivo municipal e prestes a ser aberta. O Cenário é sem duvidas estratégico para o futuro da cidade do Crato por possibilitar a integração de espaços para expansão urbana e para o desenvolvimento econômico e social, trazendo ganhos extraordinários para coletividade Caririense, mais principalmente, por reduzir consumo energético, tempo e distancias entre os municípios eixos da Região Metropolitana do Cariri, alem de atender outras necessidades do desenvolvimento regional.

Cenário 2 – Parque de Exposição em qualquer outro local

A construção de um Parque multiuso com todo aparato estrutural citada no cenário 1, pode atrair um processo de urbanização, sendo necessário, para tanto, investimentos em infra-estrutura de acessos (rodovias), saneamento básico, energia e etc. O município passa a contar com uma nova estrutura pública para recepcionar seu tradicional e maior evento econômico e social, porem distante do povo. Só com a definição do novo local é que poderíamos destacar, com mais precisão, outros aspectos a serem levados em consideração relacionados aos ganhos ou perdas para região e especialmente para o município do Crato.

Conclusão

Entendo que qualquer decisão tem que levar em conta, também, aspectos históricos, subjetivos e de risco relacionado a participação popular, redução, na cidade, de um fluxo de pessoas de outros municípios e estados, potenciais consumidores de alimentos, combustíveis, medicamentos, vestuário, entre outros, alem dos serviços de modo geral. Os grandes eventos não são mais do que estratégias de atração de pessoas com finalidade de alavancar negócios e/ou fortalecer interesses nas mais diversas áreas do relacionamento humano. Dentro desta lógica é interessante para cidade do Crato perder ou reduzir a presença de pessoas na cidade por ocasião da festa da Exposição? Vejamos o exemplo das romarias do vizinho Juazeiro.

Que outra oportunidade terá o município de requalificar, ou incorporar de forma urbanisticamente planejada as áreas subnormais do entorno do Parque?

Nivaldo Soares de Almeida

Fonte: Blog do Crato

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