A experiência tem demonstrado muita movimentação em torno desse plano logo no início, havendo, contudo, um recuo, a partir da metade do cronograma do plantio, em face dos custos de manutenção dos canteiros, principalmente com a rega diária, a poda constante e o replantio das mudas. Todo esse esforço exige custos operacionais não honrados pelas empresas vinculadas por esse tipo de contrato.
Outra alternativa já posta em prática, a de convocar a empresas e membros da comunidade para se encarregarem do plantio das mudas e de sua manutenção, também apresenta baixo índice de aproveitamento, embora seja maciça a adesão quando as árvores estão sendo distribuídas. Esses fatos apontam para a necessidade de um movimento mais amplo para a rearborização de Fortaleza, diante das mudanças no seu clima, em consequência do corte desregrado das árvores.
A Organização das Nações Unidas recomenda para as áreas urbanas a oferta de, no mínimo, 12m² de arborização para cada habitante. Mas Fortaleza oferece apenas 3,4m² de área verde com o agravamento da verticalização das moradias pelo fortalecimento do mercado imobiliário. Os ventos alísios, responsáveis pela excepcional qualidade da temperatura da Capital, perderam essa característica. Originados na costa africana, essas correntes de ar brindam a costa atlântica do Ceará, como um presente da natureza.
A ocupação desordenada do solo urbano, a expansão sem planejamento adequado, desrespeitando suas condições geofísicas, e a destruição pura e simples das árvores nativas descaracterizaram o que a cidade tinha de melhor: o seu clima. Recuperá-lo não será possível, especialmente quando a tendência é de se elevar, cada vez mais, o gabarito das edificações coletivas para reduzir o preço dos imóveis.
Entretanto, uma iniciativa em gestação poderá atenuar esses efeitos nocivos. Três empresas construtoras de grande porte e a Prefeitura Municipal prometem estabelecer uma parceria para a elaboração de um Plano Diretor de Arborização Urbana de Fortaleza e um Plano de Educação Ambiental para a construção civil, objetivando disciplinar a forma de preservação do elemento verde na cidade, evitando os estragos ecológicos comprovados nos últimos tempos.
Por conta desse planejamento, ações de revitalização do verde trarão consequências como a criação de um parque com 1.500 árvores frutíferas no Jangurussu; a reurbanização do Parque Rio Branco com 200 mudas; o plantio de 300 mudas nas margens da Lagoa do Opaia. Recuperar o antigo cinturão verde do entorno de Fortaleza é impossível. Mas evitar o agravamento no seu clima ainda é tarefa factível.
Fonte: Editorial do Diário do Nordeste
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