Com a proximidade da chegada das grandes romarias em Juazeiro do Norte, os artesãos mostram que o trabalho de fabricar peças com imagens de santos continua viva e merece destaque.
As imagens que marcam época ajudam a manter a memória da cidade. A imagem símbolo, que mantém uma tradição. A arte de esculpir e o pleno exercício de uma atividade que é fonte de renda para centenas de famílias em Juazeiro do Norte. Se aproxima o calendário das grandes romarias. A grande e intensa festa das romarias da terra do "Padim" se aproxima, com os louvores à Nossa Senhora das Dores, padroeira da cidade. A segunda maior romaria do ano já impulsiona um mercado econômico basicamente informal, que se encontra nos quintais das casas, em sua maioria na Rua do Horto e no Bairro Socorro. São as fábricas de imagens. Os santeiros põem a mão no gesso, na massa, na madeira, e os grandes fabricantes internacionais nas novas ideias, para trazerem novidades que estimulem a venda das estátuas.
A líder de mercado traz o ícone maior, que não é santo oficial da Igreja Católica. O Padre Cícero Romão Batista trouxe e incentivou a prática de produção das imagens. Ainda nas primeiras décadas do século passado, Juazeiro já tinha uma safra de artistas que se deslocava de vários lugares do Nordeste. No Juazeiro, recebiam a acolhida e o incentivo do sacerdote. A primeira imagem do Padre Cícero foi produzida em madeira pelo Mestre Noza, que decidiu consultar o próprio sacerdote para obter a aprovação. E conseguiu. Para o padrinho, ficou perfeita. Não deu outra. Daqueles primeiros anos do século 20 até os dias de hoje, a estátua do Padre Cícero de acrílico, borracha, plástico ou na forma mais tradicional e acessível ao romeiro, que é o gesso, continua sendo um dos artigos mais vendidos da cidade. É o símbolo, que tem uma complexa rede de significados, que na linguagem romeira quer dizer voto de fé. Ter um padrinho no altar de casa é evocar o sagrado.
Fonte: Caderno Regional/ Diário do Nordeste
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