quinta-feira, 10 de abril de 2008

Encontrado registro arqueológico de 640 anos em Mauriti, na Bacia Sedimentar do Araripe, no Cariri

O primeiro registro datado da arqueologia no Ceará tem 640 anos. O material foi achado no município de Mauriti, na Bacia Sedimentar do Araripe, no Cariri, no Sul do Estado do Ceará. Um achado arqueológico que muda a história dos antepassados do homem no Estado.

O registro datado da arqueologia tem 640 anos e acaba de ser feito. O material foi encontrado na zona rural do município de Mauriti, no distrito de Anauá, no fim de 2006 e, somente em 2007, foi analisado pelo laboratório Americano Beta Analytic. Uma audiência pública realizada, na manhã de ontem, na Câmara Municipal, com a presença da comunidade, estudantes, autoridades do município e representantes de várias instituições abriu discussão sobre o que fazer com o patrimônio da região.

Uma das propostas é montar um museu, para abrigar o material e um campus avançado para estudos na área da arqueologia.Uma fogueira, fragmentos de cerâmica, um tabetá (espécie de adorno labial), e fusos foram encontrados por uma equipe de arqueólogos, historiadores e auxiliares. O material foi encontrado após trabalho feito pela Companhia Hidroelétrica do Vale do São Francisco (Chesf), durante instalação de uma linha de transmissão de energia entre Milagres e Coremas (PB). No meio do caminho, os achados.

A arqueóloga da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Verônica Viana, detectou os achados no momento em que os técnicos da Chesf realizavam as escavações. O material foi levado para ser examinado pelos pesquisadores da universidade. A comunidade de Mauriti se manifestou para que houvesse um estudo que determinasse melhor a origem do material. Um pedaço de carvão foi examinado nos Estados Unidos, com o carbono 14.

Um dos pontos ressaltados pelos estudiosos, como a coordenadora do Departamento de História da Uece, Sílvia Siqueira, é a ausência de um estudo maior no âmbito da arqueologia. Ela afirma que em todo o Estado as pesquisas são insipientes, no que diz respeito a outras partes do Nordeste, a exemplo de São Raimundo Nonato (PI). Há mais de duas décadas são desenvolvidas pesquisas naquele estado. Ela também cita os exemplos dos estados da Bahia, Rio Grande do Norte e Pernambuco. A professora Valdécia Pereira de Sousa conta que no momento em que o material foi encontrado se iniciou uma luta pelo aprofundamento nos estudos.

Os principais achados no local são peças cerâmicas. Mas no caso do tabetá, o auxiliar de pesquisas arqueológicas, Igor Pedroza, destaca a presença de matérias-primas de origem exógena, onde está presente a troca de materiais entre grupos. Não dava para se produzir aquela peça com materiais da região. O tabetá normalmente é usado nos ritos de passagem indígena. Ele ressalta ser este material a prova da presença do grupo Tupi.No caso da cerâmica, o uso estava voltado principalmente para o acondicionamento de alimentos, e o fuso, conforme o auxiliar de estudos, indicam o conhecimento de tecelagem.

Matéria realizada pela jornalista Elizangela Santos, publicada no Caderno REGIONAL do jornal DIARIO DO NORDESTE, com data de hoje, 10 de abril de 2008. Reproduzido para efeito de divulgação. Esta situação foi também registrada no Application Dossier for Nomination ARARIPE GEOPARK, State of Ceará, Brazil entregue à UNESCO, que levou ao credenciamento do mesmo no GEOPARKS PROGRAM UNESCO.

Um comentário:

Anônimo disse...

O municipio de Mauriti vem se apresentando como uma área de densa ocupação pré-histórica. Até o momento foram mapeados 8 sítios cerâmicos com características similares, sendo em 4 desses sítios iniciado estudos sistemáticos nas pesquisas arqueológicas realizadas no anos anos de 2005, 2006 e 2008, pela arqueologa Veronica Viana.

Pesquisas acadêmicas vem sendo realizadas na região com a finalidade de dar continuidade aos estudos arqueológicos. NA Universidade Estadual do Ceará (UECE) uma monografia de graduação, do Departamento de História, com a temática dos estudos arqueológiocos em Mauriti, foi defendida no ano de 2007, com orientação da arqueologa Verônica Viana, e há outra pesquisa em andamento, também no Departamento de História, que trabalhará na mesma linha.

Na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) há uma pesquisa em andamento, no Programa de Pós-Graduação em Arqueologia, orientado pelo Dr. Ricardo Pinto Medeiros, que trata dos estudos técnicos cerâmicos dos sítios arqueológicos de Mauriti.

Embora existam pesquisas, nessas duas instituições (UECE e UFPE), as pesquisas arqueologicas em Mauriti são timidas, embora sobressaia ao resto do esatado do Ceará, corecendo de apoio dos orgãos públicos municipais, estaduais e federais.

O município de Mauriti vem se apresentando como uma área de densa ocupação na pré-histórica. Até o momento foram mapeados 8 sítios cerâmicos com características similares, sendo em 4 desses sítios iniciado estudos sistemáticos nas pesquisas arqueológicas realizadas no anos de 2005, 2006 e 2008, pela arqueóloga Verônica Viana, além de tantos outros sítios que se tem notícia, mas que ainda não foi visitado por pesquisadores.

Pesquisas acadêmicas vêm sendo realizadas na região com a finalidade de dar continuidade aos estudos arqueológicos. Na Universidade Estadual do Ceará (UECE) uma monografia de graduação, no Departamento de História, com a temática dos estudos arqueológicos em Mauriti, foi defendida no ano de 2007, com orientação da arqueóloga Verônica Viana, e há outra pesquisa em andamento, também no Departamento de História, que trabalhará na mesma linha.

Na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) há uma pesquisa em andamento, no Programa de Pós-Graduação em Arqueologia, orientado pelo Dr. Ricardo Pinto Medeiros, que trata dos estudos técnicos cerâmicos dos sítios arqueológicos de Mauriti.

Embora existam pesquisas, nessas duas instituições (UECE e UFPE), as pesquisas arqueológicas em Mauriti são tímidas, embora sobressaia ao resto do estado do Ceará, e carecem de apoio dos órgãos públicos municipais, estaduais e federais.

Uma carência notória é a falta de um museu especializado em arqueologia, que a comunidade vem reivindicando junto a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF), em comprimento a legislação que obriga a instituição a financiar um museu na região em que sítios arqueológicos foram e serão impactados pelas obras da linha de transmissão de energia.

Acredito que com esforço da comunidade de Mauriti e de pesquisadores envolvidos nos projetos de estudos arqueológicos no município, poderemos modificar o atual cenário de pesquisas arqueológicas no Ceará, que é precário, e colocar o município no centro das discussões históricas, patrimoniais e culturais do Ceará.


Daniel Luna
Graduado em História - UECE
Mestrando em Arqueologia - UFPE