sexta-feira, 31 de julho de 2009

50 anos da Ponte JK

A importância histórica desta cidade não é medida somente pela arquitetura antiga, dos padrões coloniais e de seus ilustres barões republicanos. Com 50 anos completos comemorados na última segunda-feira, a Ponte Juscelino Kubitschek, sobre o Rio Jaguaribe, tem singular importância na cidade que foi o maior centro comercial do Ceará, sede nordestina de insurreições políticas e caiu no esquecimento e, cinco décadas atrás, foi religada ao sertão cearense, literalmente, por meio da ponte. Fazendo parte da coleção Caderno de História, sobre os fatos de Aracati no século XX, tem lançamento hoje o livro "Ponte Presidente Juscelino Kubistschek".

O porto de Antanho, em Aracati, fazia um importante entreposto comercial para o Ceará, de onde se produzia e exportava carne de charque do Ceará - o produto tornou-se principal instrumento de ocupação do território cearense. Mas isso foi no século XVIII, pois, no final do século seguinte e até meados do século XX, a cidade do Aracati já não tinha a mesma pompa de importância estratégica econômica, política e militar para o Ceará. Sobraram isolados a cidade e o povo que nela ficou, remanescente dos filhos-barões que nela moraram - parlamentares Castro e Silva, Costa Barros, Pedro Pereira, escritor Adolfo Caminha e Major Facundo.

Inaugurada no dia 27 de julho de 1959, a Ponte Presidente Juscelino Kubitschek, com o nome do então presidente da República, tirou a cidade do isolamento, integrando-a ao Vale do Jaguaribe ao qual pertence. As comunidades do outro lado do Rio Jaguaribe - hoje o bairro Pedregal é um dos maiores - faziam a travessia sem mais precisar de barco, mesmo durante as cheias do rio. Para fugir dos alagamentos, a cidade criou um dique que a separa do próprio rio que lhe motivou ocupação.

Já 50 anos depois de inaugurada e a Ponte JK coleciona importância histórica, além de buracos, depredações e ferrugens expostas pela má conservação - atualmente a ponte está sendo totalmente reformada e duplicada, conforme já citado em matérias do Diário do Nordeste, que sempre registrou a indignação da população e, depois, do Ministério Público, pelo descaso com a ponte, que era ponto de acidentes, mas de importante travessia e também de travessura, dos filhos de pescadores que aproveitam a ocupação do pai para saltar da ponte para o leito do Jaguaribe.

O livro Ponte Presidente Juscelino Kubitschek é o resultado da formatação de artigo do historiador Antero Pereira Filho, que relata fatos e descreve personagens que foram importantes na realização do projeto de execução da ponte.Além do artigo, o livro conta com outras duas seções: Álbuns e Biografias. Na primeira, o leitor tem acesso a um rico material fotográfico organizado pelo autor. Em Biografias, Pereira apresenta dois importantes nomes da história aracatiense que foram imprescindíveis para a efetivação da construção da ponte: Beni Carvalho e Ernesto Valente. O livro é o primeiro da série Caderno de História, produzida em Aracati e que traz fatos marcantes na cidade nos anos 1900.

De acordo com Marciano Ponciano, editor do material, "o formato da coleção, bem como a linguagem nela utilizada, busca tão somente proporcionar o acesso do jovem e da população em geral à história da cidade de Aracati". A Associação Artística e Cultural Lua Cheia, da qual faz parte Ponciano, é idealizadora do Projeto Cadernos de História, que será constituído da publicação de dez artigos durante todo o ano.

Matéria de Melquíades Junior para o Caderno Regional do Diário do Nordeste.

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