Antônio Gonçalves da Silva, dito Patativa do Assaré, nasceu em Março de 1909 na Serra de Santana, pequena propriedade rural, no município de Assaré, no Sul do Ceará. É o segundo filho de Pedro Gonçalves da Silva e Maria Pereira da Silva. Foi casado com dona Belinha, de cujo consórcio nasceram nove filhos. Publicou cerca de dez livros de poesias. Tem um sem número de folhetos de cordel e poemas publicados em revistas e jornais.
O poeta era unanimidade no papel de poeta mais popular do Brasil. Para chegar aonde chegou, tinha uma receita prosaica: dizia que para ser poeta não era preciso ser professor. “Basta, no mês de maio, recolher um poema em cada flor brotada nas árvores do seu sertão”, declamava com maestria.
Cresceu ouvindo histórias, os ponteios da viola e folhetos de cordel. Em pouco tempo, a fama de menino violeiro se espalhou. Com oito anos trocou uma ovelha do pai por uma viola. Dez anos depois, viajou para o Pará e enfrentou muita peleja com cantadores. Quando voltou, estava consagrado: era o Patativa do Assaré. Nessa época os poetas populares vicejavam e muitos eram chamados de “patativas” porque viviam cantando versos. Ele era apenas um deles. Para ser melhor identificado, adotou o nome de sua cidade.
Filho de pequenos proprietários rurais, ele inspirou músicos da velha e da nova geração e rendeu livros, biografias, estudos em universidades estrangeiras e peças de teatro. Também pudera. Ninguém soube tão bem cantar em verso e prosa os contrastes do sertão nordestino e a beleza de sua natureza. Talvez por isso, ele ainda influencie a arte feita hoje.Como todo bom sertanejo, Patativa começou a trabalhar duro na enxada ainda menino, mesmo tendo perdido um olho aos quatro anos. No livro “Cante lá que eu canto cá”, o poeta dizia que no sertão enfrentava a fome, a dor e a miséria, e que para “ser poeta de vera é preciso ter sofrimento”.
Patativa só passou seis meses na escola. Isso não o impediu de ser Doutor Honoris Causa de pelo menos três universidades. Não teve estudo, mas discutia com maestria a arte de versejar. Desde os 91 anos de idade, com a saúde abalada por uma queda e a memória começando a faltar, Patativa dizia que não escrevia mais porque, ao longo de sua vida, “já disse tudo que tinha de dizer”. Patativa morreu em 8 de julho de 2002 na cidade que lhe emprestava o nome.
Texto de Antonio Vicelmo, do Crato, no sopé da Chapada do Araripe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário