terça-feira, 28 de julho de 2009

Missa homenageia o vaqueiro em Serrita, Pernambuco

“Jesus, meu Jesus sertanejo, presença maior, minha crença, nas terras sem ninguém. Silêncio na serra, nos campos, ai! desencanto que a gente tem”. A voz forte de Santanna Cantador quebra o silêncio da caatinga e ecoa na Chapada do Araripe, anunciando o início da missa do vaqueiro. Em frente ao altar, mais de mil vaqueiros escutam, em silêncio, o cantochão nordestino, lembrando o herói do sertão, o vaqueiro Raimundo Jacó. O quadro sertanejo é emoldurado com a caatinga seca.

O evento sócio-religioso foi criado em 1971 por Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, o repentista cearense Pedro Bandeira e padre João Câncio, em homenagem ao vaqueiro Raimundo Jacó, primo de Gonzagão, que foi morto na madrugada de 8 de julho de 1954, com uma pancada na cabeça nas caatingas do Sítio de Lages, distrito de Serrita. Luiz Gonzaga chegou a dizer que o “covarde crime tinha motivos políticos”.

Inicialmente, a missa tinha o objetivo de denunciar a impunidade nos sertões de Pernambuco. O assassinato virou mito na voz do cantor Luiz Gonzaga: “Numa tarde bem tristonha/Gado muge sem parar/Lamentando seu vaqueiro/Que não vem mais aboiar./ Sacudido numa cova/Desprezado do Senhor/Só lembrado do cachorro/Que inda chora sua dor/É demais tanta dor...”.

Matéria do Caderno Regional do Diário do Nordeste, de hoje.

Mais informações:
Parque Estadual do Vaqueiro
Município de Serrita
Pernambuco

(
87) 3882.1156

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