As negociações do clima têm 17 anos e as "partes" já se reuniram em muitas cidades, mas três reuniões marcaram História: Rio em 92, Kioto em 97 e esta. Ontem, o jornal "Liberation", da França, numa reportagem sobre toda história das negociações climáticas, escreveu: "Tudo começou no Rio."
Depois, o outro grande evento foi em Kioto, onde foi fechado o acordo. É cedo para falar que o encontro em Copenhague será histórico? Há uma sucessão de fatos que a tornam única. Yvo de Boer, o secretário-executivo da Convenção do Clima, disse que esta reunião é um turning point. A virada acontece porque nunca tantos e tão diferentes países foram para uma reunião com tantos compromissos. Nada é simples nesta grandiosa tarefa de refazer a relação da humanidade com seu planeta.
Os países desembarcam aqui decididos a defender primeiro seus próprios interesses, já que humanidade é um conceito vago demais. Há a divisão dos países entre ricos, médios, pobres e náufragos. Há grupos de interesse defendendo remédios lucrativos. E há uma multidão de ONGs. Algumas poderosas, bem informadas, com as conexões certas. Os céticos dizem que a temperatura sempre oscilou, portanto não é ação humana, mas sim fenômeno natural. Todo esse esforço da ONU e dos países não seria apenas inútil, seria um erro.
Imaginemos o cenário mais favorável aos céticos: que se comprove manipulação de dados nos estudos do instituto inglês, que aliás não é o único que fornece dados para a ONU. Se fosse aceita, a tese dos céticos levaria o mundo a não fazer nada: não parar o desmatamento, não tratar o lixo, não aumentar a eficiência energética, não reduzir o uso do carvão como energia, não conter o uso insaciável de recursos finitos, não poupar água; a lista seria longa. Se as decisões do parágrafo acima fossem aceitáveis, ainda restaria o argumento do seguro. Mesmo se fossem pequenas as evidências científicas de que o clima na terra está mudando, precisaríamos fazer um seguro contra esse evento. Ninguém espera ter certeza do sinistro para fazer o seguro, basta haver um risco.
Nas próximas duas semanas, quase 200 delegações, governantes de mais de 100 países vão negociar em duas frentes paralelas aqui em Copenhague: a da renovação dos compromissos dos países ricos que ratificaram Kioto, o chamado Anexo 1; e outra da Convenção do Clima em si. Copenhague já tem uma lista impressionante de inéditos em reuniões do clima. Nunca houve uma reunião tão grande, com tanta imprensa, com tanta expectativa, com tanta pressão. Dos que estavam na fila congelando lá fora quando cheguei ao Bella Center, nem todos conseguiram permissão para entrar. Quem veio lotou os hotéis, alugou apartamentos de dinamarqueses, se hospedou na Suécia e Noruega, ou então ficou atracado em navio. Fonte: Jornalista Miriam Leitão O GLOBO.
Imagem da Cachoeira do Lameiro, parte do ecossitema do Rio Batateira - Fonte da Batateira/ Vale/ Cachoeira do Lameiro/ Sítio Fundão - composto como Geopark Batateira, à espera de uma regulamentação mais efetiva em seu estatuto de proteção e preservação. Fotografia de Daniel Roman. Direitos autorais reservados.
Imagem da Cachoeira do Lameiro, parte do ecossitema do Rio Batateira - Fonte da Batateira/ Vale/ Cachoeira do Lameiro/ Sítio Fundão - composto como Geopark Batateira, à espera de uma regulamentação mais efetiva em seu estatuto de proteção e preservação. Fotografia de Daniel Roman. Direitos autorais reservados.
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