sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Brasil: ainda no esgoto

Todos os dias, 5,4 bilhões de litros de esgoto sem tratamento são jogados diretamente na natureza no país, contaminando solo, rios, praias e mananciais, e trazendo impactos diretos à saúde da população. O número, levantado pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, divulgado em fins de Dezembro/ 2009, em São Paulo, é mais um indicador que o saneamento ambiental no país vai muito mal. Esta foi a primeira vez que serviços de coleta de esgoto chegaram à metade da população brasileira. E a cifra ainda foi atingida de raspão: somente 50,9% dos brasileiros têm acesso à rede.

A pesquisa divulgada pelo Trata Brasil, a 5º de uma série iniciada em 2008, foi feita em 79 cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes. Nelas vivem cerca de 70 milhões de pessoas, responsáveis por gerar 8,4 bilhões de litros de esgoto diariamente. Em média, apenas 36% do esgoto gerado por esta população recebe algum tipo de tratamento. Isso porque são grandes cidades. Na periferia, em geral, a situação é ainda pior.

Pesquisa divulgada em outubro pela Organização Mundial de Saúde já indicava que, no ranking dos 14 países com piores sistemas de tratamento de esgoto, o Brasil fica com o 7º lugar. São cerca de 18 milhões de brasileiros que não têm sequer banheiro em casa.Para tentar minimizar o problema – e resolvê-lo no longo prazo –, a Organização das Nações Unidas estipulou uma meta para países em desenvolvimento - faz parte das Metas do Milênio http://www.un.org/millenniumgoals/.

Anualmente, estes países, segundo a organização, deveriam diminuir em 2,77% seu déficit em saneamento para que, em 2015, ele fosse a metade do número inicial. Isso significa que, se o déficit de um país era de 80% em 1992, até 2015 ele deveria ser de 40%.O déficit brasileiro atual é de 49,08%, mas ele já foi bem pior. Em 1992, chegava a 63,98% (veja gráfico). Do ano em que a cidade do Rio de Janeiro foi sede da Conferência da ONU para o Meio Ambiente (Eco 92) até 2008, a queda nesta taxa foi de 1,6%, o que, segundo o Instituto Trata Brasil, significa que seriam necessários 56 anos para que o país alcançasse a meta da ONU. Para se ter uma idéia do quanto esse avanço é lento, a diminuição da pobreza no país ocorre quatro vezes mais rápido do que a implementação de serviços básicos para a os brasileiros.

Fonte: O ECO http://www.oeco.com.br/

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