O Haiti é um país vulnerável a sismos, e cientistas haviam alertado em 2008 para risco elevado de grande terremoto. O terremoto que atingiu o Haiti na terça-feira liberou uma energia equivalente à de 30 bombas nucleares como a de Hiroshima. A energia foi liberada de apenas um ponto, a oito quilômetros de profundidade e 15 quilômetros de distância do centro de Porto Príncipe, ainda dentro da área urbana da capital.
Os terremotos são causados pelo movimento de placas tectônicas. A capital haitiana é especialmente vulnerável a esse fenômeno, por estar localizada no limite de duas placas, a caribenha e a norte-americana. Ambas chocam-se frontalmente e raspam uma na outra. Um raspão teria provocado a catástrofe de terça-feira.
O sistema de falhas de Enriquillo-Plaintain, que corta o sul do Haiti, foi a origem do terremoto. A iminência de um desastre na região preocupava especialistas desde 2008. Naquele ano, a 18 Conferência Geológica do Caribe divulgou um documento assegurando que, se toda a tensão na falha fosse liberada, provocaria um terremoto com a magnitude de 7,2 graus na escala Richter. Ainda de acordo com a pesquisa, duas capitais seriam mais suscetíveis aos estragos — Kingston, na Jamaica, e Porto Príncipe. Até 3,6 milhões de pessoas poderiam ser atingidas.
O Haiti tem uma trágica história de catástrofes naturais, mas o terremoto de terça-feira foi o maior dos últimos dois séculos. Como a energia foi toda liberada de apenas um ponto, a República Dominicana, vizinha do Haiti, não registrou danos materiais sérios. O país teria sentido os tremores em menor escala, mas sua capital, Santo Domingo, foi protegida pelos 250 quilômetros que a separam de Porto Príncipe.
Cerca de 90% dos terremotos que acontecem no planeta são em regiões de contato de placas — explica Jorge Luís Souza, pesquisador de geofísica do Observatório Nacional. — Em uma região geologicamente problemática como Porto Príncipe, um terremoto de grande magnitude é trágico, mas esperado. E o impacto torna-se ainda maior se considerarmos que o país é extremamente pobre e não conta com qualquer infraestrutura para atender às vítimas.
Fonte: Renato Grandelle/ O GLOBO
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