Há poucas semanas, o WWF, a Global Footprint Network e a Sociedade Zoológica de Londres publicaram um relatório abrangente sobre a saúde do planeta. A edição de 2010 do Relatório Planeta Vivo mostra que a demanda humana por os recursos continua crescendo em um ritmo alarmante, superando níveis de sustentabilidade. O relatório mostra que o Brasil lidera o mundo em riqueza ecológica. Porém, pode o país proteger seu maior patrimônio?
De acordo com os últimos dados da Global Footprint Network, o Brasil é o país com a maior biocapacidade total, uma medida da quantidade de recursos produzidos por seus ecossistemas. Quase 14% da biocapacidade mundial pode ser encontrada dentro das fronteiras brasileiras e a biocapacidade disponível por pessoa (9 hectares globais) é mais de quatro vezes maior do que a média mundial (1.8 ha). O Brasil é também um dos países com a relação mais positiva entre sua biocapacidade e sua Pegada Ecológica, balanço que mede a demanda de recursos pela população para produzir o que é consumido e para absorver o gás carbônico emitido.
O valor do capital natural do Brasil torna-se claro no contexto global atual.
De acordo com o Relatório Planeta Vivo, em 2007, ano mais recente com dados disponíveis, a pegada ecológica total da humanidade excedia em 50% a capacidade de suporte da natureza. Em outras palavras, são necessários 18 meses para que a natureza regenere os recursos consumidos e absorva as emissões de CO2 geradas anualmente pelas atividades humanas.
Para entender como a exploração dos recursos ecológicos é possível, é útil utilizar uma analogia financeira. Quando a pegada ecológica da humanidade é menor do que a biocapacidade, é como se vívessemos apenas com os juros gerados pela natureza. Quando ultrapassamos esse equilíbrio, começamos a acabar com nosso estoque de recursos naturais e a acumular lixo – basicamente gastando o fundo principal. Assim como em uma aplicação financeira, essa situação pode até durar um certo período de tempo. Mas, com os problemas emergenciais que enfrentamos hoje, que vão das mudanças climáticas à redução da biodiversidade (detalhada pelo Relatório Planeta Vivo), recebemos sinais de que já ultrapassamos os limites de nossa exploração.
Em um mundo que enfrenta uma crise crescente por recursos, a biocapacidade brasileira oferece uma vantagem significativa - tanto na sua capacidade de ser um fornecedor para outros países, como para seus próprios cidadãos. Mas há um porém. O Brasil só poderá atingir esse patamar de benefícios se não esgotar a fonte de sua riqueza - se conseguir, na essência, sobreviver com os juros de sua riqueza..
As tendências mostram que o país está indo na direção oposta. De 2,9 hectares globais, a pegada ecológica do brasileiro médio já é maior do que a média global e consideravelmente maior do que o disponível de 1,8 por pessoa no planeta.
Em um mundo que enfrenta uma crise crescente por recursos, a biocapacidade brasileira oferece uma vantagem significativa - tanto na sua capacidade de ser um fornecedor para outros países, como para seus próprios cidadãos. Mas há um porém. O Brasil só poderá atingir esse patamar de benefícios se não esgotar a fonte de sua riqueza - se conseguir, na essência, sobreviver com os juros de sua riqueza..
As tendências mostram que o país está indo na direção oposta. De 2,9 hectares globais, a pegada ecológica do brasileiro médio já é maior do que a média global e consideravelmente maior do que o disponível de 1,8 por pessoa no planeta.
"A redução da desigualdade, com aumento do poder aquisitivo da população brasileira é um resultado positivo", disse a secretária-geral da WWF-Brasil, Denise Hamú, em resposta ao relatório. "Entretanto, nós também temos que enfrentar um grande desafio:. Crescer sem esgotar os recursos naturais"
O crescimento populacional do Brasil representa outro desafio. A população do país mais do que dobrou desde 1961, de 75 milhões para 190 milhões, enquanto sua biocapacidade total não mudou significativamente. O resultado é que a quantidade de biocapacidade disponível por pessoa, mesmo grande, é menor do que a metade do que era quatro décadas atrás.
A boa notícia é que com a melhoria da qualidade de vida no Brasil, a Pegada Ecológica per capita não aumentou exponencialmente, como ocorreu em outros países – especialmente na Europa, América do Norte e Oriente Médio. O país possui uma pegada relativamente baixa para seus níveis de desenvolvimento humano, medidos pelo Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, que classifica os países com base em sua obtenção de alguns parâmetros, como longevidade, educação e renda. Isso sugere que o país está se desenvolvendo com um nível mais baixo de demanda por recursos do que outros países.
O desafio brasileiro é criar novas oportunidades de crescimento para o país enquanto são protegidos os serviços ecossistêmicos que são a base para seu desenvolvimento econômico. Se o país conseguir manter o equilíbrio entre o que é consumido e o que a natureza pode prover, ele será a estrela do século 21. Caso contrário, é bom relembrar que, a não ser que o país consiga cuidar de seu patrimônio, até o mais rico pode acabar falido.
O crescimento populacional do Brasil representa outro desafio. A população do país mais do que dobrou desde 1961, de 75 milhões para 190 milhões, enquanto sua biocapacidade total não mudou significativamente. O resultado é que a quantidade de biocapacidade disponível por pessoa, mesmo grande, é menor do que a metade do que era quatro décadas atrás.
A boa notícia é que com a melhoria da qualidade de vida no Brasil, a Pegada Ecológica per capita não aumentou exponencialmente, como ocorreu em outros países – especialmente na Europa, América do Norte e Oriente Médio. O país possui uma pegada relativamente baixa para seus níveis de desenvolvimento humano, medidos pelo Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, que classifica os países com base em sua obtenção de alguns parâmetros, como longevidade, educação e renda. Isso sugere que o país está se desenvolvendo com um nível mais baixo de demanda por recursos do que outros países.
O desafio brasileiro é criar novas oportunidades de crescimento para o país enquanto são protegidos os serviços ecossistêmicos que são a base para seu desenvolvimento econômico. Se o país conseguir manter o equilíbrio entre o que é consumido e o que a natureza pode prover, ele será a estrela do século 21. Caso contrário, é bom relembrar que, a não ser que o país consiga cuidar de seu patrimônio, até o mais rico pode acabar falido.
Fonte: Portal O ECO. Um artigo de Helena Artmann, montanhista e balonista há mais de 16 anos, tendo feito mais de 15 expedições para alta montanha. É formada em Comunicação Social. Atualmente mora em Banff, Alberta (Canada), no coração das Rochosas Canadenses. Tradução de Laura Alves. Rio Tefé na Amazônia brasileira: biodiversidade coloca o país no topo do ranking de capital natural. Fotografia Margi Moss.
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