domingo, 12 de julho de 2009

A criação da EXPOCRATO


Era junho de 1944 quando o jovem advogado Dr. Wilson Gonçalves, então prefeito do Crato, teve a feliz idéia de criar e realizar uma Exposição Agropecuária nesta cidade, com o alto objetivo de propiciar meios racionais para a melhoria do rebanho bovino da região.


A raça zebuína, a mais aconselhada para o nosso meio, começou a ser introduzida no Cariri, quando um genro do então presidente do Estado, Justiniano de Serpa, apareceu aqui, por volta de 1922, com um lote de umas 100 rezes procedentes do Estado de Minas Gerais, via Fortaleza, e efetuou vendas aos criadores tradicionais.


O local escolhido para a Exposição foi o Sítio Caridade, onde se erguem hoje os edifícios da Fundação Padre Ibiapina e Faculdade de Filosofia. A Prefeitura preparou o lugar com todo o esmero possível: belo pavilhão, baias, grama, água canalizada e outros melhoramentos. Às 10 horas do dia 4 de dezembro realizou-se, com grande brilhantismo, a solenidade da abertura e inauguração da Exposição, presidida pelo então Interventor Federal neste Estado, professor Francisco de Menezes Pimentel, o qual se achava acompanhado de ilustre comitiva.


O período da Exposição foi de 4 a 7 de dezembro e foram expostos 295 animais — cerca de 220 bovinos e o restante, eqüinos, muares, asininos, ovinos, caprinos e suínos, além de animais de menor porte, como coelho, galináceos etc. Os visitantes foram na ordem de cinco mil. O êxito foi completo, desde o aspecto econômico (boa venda de gado) ao social. Isto se deveu ao clima de entusiasmo e boa vontade por parte de todos e, sobretudo, ao seu plano geral de preparação.


Idas e vindas


A Exposição, realizada em plena época da Segunda Guerra Mundial, sem deixar de constituir grande marco para futuros certames dessa natureza, a sua seqüência não se seguiu no ritmo natural que se esperava. Findou a guerra, veio um período de dificuldades econômicas, natural do após-guerra, depois a reorganização do País em sua vida democrática, após a Ditadura Vargas.


Posteriormente, os sucessivos e passageiros prefeitos deparavam-se com dificuldades e foram adiando a realização da segunda Exposição, mesmo porque tinham de cuidar primeiro da reorganização da vida do município, com a criação dos organismos essenciais ao desafio dos tempos modernos.


Segunda exposição


Veio o ano de 1953, quando a cidade do Crato iria comemorar 100 anos de elevação à categoria de cidade, na administração dr. Décio Teles Cartaxo.O renome de que o Crato já gozava assegurava o êxito e o esplendor de festividades e certames que fossem programados e, assim, os setores de desenvolvimento econômico do município incutiram no espírito esclarecido do prefeito Décio Cartaxo a necessidade da realização da Segunda Exposição.


Assim, ao lado de uma importante Feira de Amostras, que teve lugar na Praça da Sé, com a participação de vários municípios do Ceará, inclusive Sobral, alcançando retumbante sucesso, a qual foi coordenada pelo dr. Jósio de Alencar Araripe, foi levada a efeito, no atual Parque Municipal, à Praça Alexandre Arrais, a Segunda Exposição Regional Agro-pecuária, durante o período de 14 a 17 de outubro daquele ano de 1953. Repetiu-se o êxito total de 1944, demonstrando-se mais uma vez o vigor do Crato em suas iniciativas e promoções. Personalidades que visitaram a Exposição: os então vice-presidente da República, João Café Filho; comandante da 10ª Região Militar, general Humberto de Alencar Castelo Branco; ministro da Viação, José Américo de Almeida; ministro do Trabalho, João Marques Belchior Goulart; governador Raul Barbosa; vários secretários de Estado, dezenas de prefeitos, senadores, deputados federais e estaduais.


Estavam, pois, evidenciadas as possibilidades e as condições que o município do Crato oferecia, no sentido de que o Certame fosse realizado, ininterruptamente, nos anos subseqüentes. Deste modo, em 1954, foi promovida e realizada com sucesso, a terceira Exposição, pela primeira vez no atual Parque de Exposição, na administração do então prefeito dr. Ossian de Alencar Araripe.


Em 1959, a Exposição, por força de um convênio celebrado entre oito secretários de Agricultura do Nordeste, que para isto se reuniram, foi estabelecido um calendário comum de distribuição das Exposições em cada área de atuação. A do Crato, pela sua própria expressão e amplas possibilidades, passou a ter âmbito bem maior, denominando-se “Exposição Centro Nordestina de Animais e Produtos Derivados”, logo a partir do referido ano de 1959. Conjuntamente a ela, a Exposição primitiva “Exposição Regional Agropecuária do Crato”, continua a realizar-se, tanto que no ano de 1976, diz-se: XVII Exposição Centro Nordestina de Animais e Produtos Derivados — XXIII Exposição Regional Agropecuária do Crato.


Estava assim definitivamente implantada, com raízes bem profundas e seguras, a nossa Exposição. Dentre tantos fatores do evento que todos os anos se realiza em nossa cidade, um há de ser destacado, o mais importante entre eles, o positivo de ordem econômica, como gerador de bens e impulsionador de riquezas.


Potencial localDe fato, o evento é uma prova inconteste da viabilidade econômica local e regional. O evento estimula a criação, está se transformando no maior acontecimento no gênero do Nordeste, e faz com que se aprimorem o gosto e o estímulo pelo desenvolvimento da pecuária na região.


Hoje, já se pode dizer, são centenas de fazendas e produtores a criar gado de raça, a melhorar a qualidade dos rebanhos, a introduzir o uso de tecnologias modernas, como inseminação artificial, engorda confinada, estábulos para gado leiteiro, uso de rações balanceadas, plantio de capins selecionados, ensilagem, vacinação e medicamentos curativos e preventivos e seleção de reprodutores e matrizes.


Artigo do Jornalista Humberto Esmeraldo Cabral/ Memorialista do Crato e Região do Cariri. Publicado no Caderno Regional do jornal Diário do Nordeste, de hoje. Imagem da primeira exposição realizada no Sítio Caridade, onde hoje está o Campus do Pimenta da URCA.


Um comentário:

Site disse...

Muito interessante a história, com certeza ninguém daquela época imaginaria que a expocrato se tornaria o evento grandioso que é hoje, atraindo milhares de pessoas de todo o Brasil.