"Quando um viajante britânico passou pela região em 1911, contou que um dos moradores lhe disse: 'Governo? O que é isso? Não sabemos de governo nenhum aqui!'. O local era um paraíso para bandidos, fugitivos e caçadores de fortuna com armas na cinta, laçando onças para fugir do tédio e matando sem hesitação", escreveu sobre a Amazônia o repórter David Grann em seu livro Z - A cidade perdida, deste ano. De lá para cá muita coisa mudou, ou não, principalmente quando o assunto é presença do governo e planejamento para a região.
Especialistas, empresários, ongs e administradores públicos reunidos em Belém no último dia da terceira edição do Fórum Amazônia Sustentável apontaram que a ausência do Estado, a falta de orçamento e a inexistência de um plano global de desenvolvimento mantêm o atraso presente na Amazônia. José Eli da Veiga, da Universidade de São Paulo, comentou que falta um projeto nacional para desenvolver a região.
“O PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) é o único plano que o governo tem para pôr na mesa em relação à Amazônia’’, criticou. Segundo ele, a omissão do Estado brasileiro em relação a propostas de desenvolvimento na região deverá ser suprida em parte pelas empresas e ONGs que lá atuam. “Mesmo assim, o governo precisa estar presente e não apenas asfaltando estradas e construindo usinas”, disse o especialista.
Já Ignacy Sachs afirmou que é preciso uma revolução tecnológica a partir de investimentos maciços e estímulo à educação científica. Ele apontou para a necessidade de investimentos em pesquisa sobre biodiversidade, implementação efetiva do Zoneamento Econômico Ecológico e exigência de certificação para os produtos florestais. “Com 25 milhões de habitantes e a maior biodiversidade do planeta, a Amazônia tem condições de se tornar um laboratório para as sociedades do futuro", destacou o diretor do Centro de Estudos sobre o Brasil Contemporâneo da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris.
Para o representante do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Rubens Gomes, tão urgente quanto isso é combater a tentativa de desmonte da legislação ambientalista que está em curso no país. “O fórum deverá se posicionar sobre isso em um documento a ser enviado ao governo”, adiantou Gomes, conforme nota distribuída pela assessoria do evento.
Fonte: Jornal O ECO http://www.oeco.com.br/salada-verde
Foto de Araquém Camara exposta na Exposição Amazonia - Brasil, em Abril/ 2008 no Pier 17/ South Street Seaport/ New York, com curadoria do Designer Gringo Cardia.
Foto de Araquém Camara exposta na Exposição Amazonia - Brasil, em Abril/ 2008 no Pier 17/ South Street Seaport/ New York, com curadoria do Designer Gringo Cardia.
Um comentário:
Falta de plano governamental de um estado centralizador herdeiro do sistema político monárquico eurupeu?
Que nada, falta mesmo é que esses povos tenham autonomia para realizarem sua própria gestão, de acordo com seus valores culturais.
Vamos parar com essa idéia atrasada de que precisamos levar nossos padrões de desenvolvimento para outros povos.
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