quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Pesquisador britanico identifica mais um reptil voador no Araripe


O grupo mais belo e esquisito de répteis pré-históricos do Brasil tem um novo integrante. Trata-se do Tupuxuara deliradamus, um pterossauro cujas asas podem ter medido 4,5 m de ponta a ponta e que sobrevoava a região de Santana do Cariri, no sul do Ceará, há mais de 100 milhões de anos.O bicho foi descrito pelo paleontólogo Mark Witton, da Universidade de Portsmouth (Reino Unido), em artigo na revista científica “Cretaceous Research”, e mostra que a diversidade de répteis voadores no Ceará da Era dos Dinossauros provavelmente era grande. Afinal, essa já é a terceira espécie do gênero Tupuxuara a ser descoberta pelos cientistas.

O T. deliradamus se diferencia das demais, entre outras coisas, por causa do formato peculiar de uma abertura em seu crânio, a chamada fenestra nasoantorbital. O buraco tem forma que lembra um diamante -daí o nome de espécie deliradamus, uma tentativa de dizer “diamante louco” em latim.

O que, aliás, explica tudo: como fã da banda de rock progressivo Pink Floyd, Witton resolveu dar ao bicho um nome que ecoasse a canção “Shine on you crazy diamond” (”Brilhe, seu diamante louco”), a qual, por sua vez, homenageia o primeiro líder da banda, Syd Barrett (1946-2006). No auge do sucesso, Barrett surtou e abandonou o grupo. “Conversei com um amigo enquanto estudava o fóssil, e nós dois concordamos que a homenagem era a coisa certa a fazer”, diz Witton.

Além das asas avantajadas e do “bico” sem dentes, os pterossauros do gênero Tupuxuara, assim como seus primos próximos, do gênero Thalassodromeus, são caracterizados por imensas cristas ósseas no alto da cabeça. A função desse tipo de cocar nos bichos extintos ainda não está clara. Alguns pesquisadores, como o brasileiro Alexander Kellner, paleontólogo do Museu Nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), postularam que a crista era uma espécie de radiador. Cortada por uma densa rede de vasos sanguíneos, ela seria responsável por dispersar o calor do corpo dos bichos durante o voo.

Witton, porém, não aposta nessa interpretação. “Uma coisa que notamos é que essa rede de vasos está apenas na superfície da crista, não chega ao fundo dela. Isso indica que ela não era boa para transportar o calor dos órgãos internos para fora e vice-versa”, diz. “Por outro lado, vemos que a crista só fica realmente grande em indivíduos maduros. Isso sugere que ela podia ser um sinal de maturidade sexual”, avalia.

O fóssil que permitiu a descrição da nova espécie -um crânio parcial e uma mandíbula também parcial- estava depositado na Universidade de Portsmouth e agora passará uma temporada na Alemanha. Isso levanta uma questão espinhosa: o que o material está fazendo fora do Brasil? Trata-se, na verdade, de um problema crônico. Museus do Primeiro Mundo adquirem sem problemas os fósseis de atravessadores, uma vez que não reconhecem a legislação que impede a saída desse material do Brasil sem autorização. “Acho que precisamos de mais colaboração internacional. Seria possível trabalharmos junto com os cientistas do país de origem dos fósseis”, diz Witton".

Fonte Folha Online

Nota da postagem - Os pesquisadores do Museu de Paleontologia da URCA só agora, através desta postagem é que vão tomar conhecimento desta nova situação.

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