Tradicional centro de oração e meditação, o Mosteiro dos Jesuítas oferece espaços para novos eventos. No alto da serra, a 415 metros de altura, um lugar que convida à meditação, ao contato com a natureza e à desaceleração do ritmo de vida urbano. Ao longo dos anos, o Mosteiro dos Jesuítas, construído na Serra de Baturité, já teve diversas utilizações. Chegou a ficar sob risco de fechamento ou de ser vendido para particulares por conta dos períodos em que não há tanta frequência.
Porém, a mobilização da Igreja e dos moradores da cidade busca encontrar soluções alternativas e novas utilizações para o mosteiro. Em meio a adaptações e a abertura de novos espaços, a perspectiva é atrair um número maior de visitantes e hóspedes para o local.
As paredes de pedra com janelas azuis incrustadas, a arquitetura peculiar e as gigantescas palmeiras que adornam a construção chamam a atenção do visitante ainda na sede em Baturité, de onde pode ser vista, majestosa e imponente. Do lado de dentro, um jardim bem cuidado, uma fonte com peixes e um abrigo de animais apreendidos pelo Ibama dão vida e colorido para aqueles que procuram paz e relaxamento. Construído e administrado por padres jesuítas, a denominação de mosteiro, na verdade, tem uma origem popular.
"O mosteiro é um lugar que abriga monges e frades, o que não somos. Mas por conta do tamanho e da arquitetura, as pessoas tomaram o costume de chamar de mosteiro, acabou pegando", conta o padre Antônio Baronio, atual reitor da instituição, que conta com outro padre e três irmãos.
A edificação foi iniciada como parte das comemorações do centenário da Independência do Brasil, tendo sido construída entre 1922 e 1936. A pedra fundamental do mosteiro veio das ruínas de uma escola de jesuítas que funcionava em Aquiraz, primeira capital da então província do Ceará. Durante cerca de 40 anos, o espaço foi destinado para o funcionamento da Escola Apostólica de Baturité, a fim de promover a formação de padres e irmãos jesuítas. O mosteiro chegou a ter 100 alunos em regime de internato oriundos das regiões Norte e Nordeste. Em 1964, optou-se por fazer dali um local de acolhimento para retiros espirituais.
"O mosteiro passou a funcionar como um centro de oração e meditação, onde se praticam os exercícios de espiritualidade preconizados por Santo Inácio de Loiola, fundador da Companhia de Jesus ", explica o reitor.Para complementar a renda e não deixar a estrutura do mosteiro ociosa, decidiu-se, há alguns anos, abrir o local para a hospitalidade. Mas por conta das características do local, padre Antônio alerta que o acolhimento não tem um caráter comercial. Outra alternativa criada foi a abertura do local para a realização de festas, eventos de empresas e instituições.
Ainda assim, nem sempre as fontes alternativas de receita são suficientes para a manutenção do local, sobre o qual por muito tempo especulou-se que seria vendido para ser transformado num hotel ou numa instituição de ensino. "Mas houve uma reação muito bonita do povo e da Igreja, que queriam que o mosteiro permanecesse funcionando dentro da configuração atual. Atualmente temos cerca de 10 mil visitantes por ano, o que mostra que as pessoas gostam desse espaço, que é único", ressalta o padre.
Como forma de reação para atrair mais visitantes, foi criado recentemente o Museu Padre Artur Emílio Redondo, que busca recontar a história do mosteiro e do município de Baturité por meio de fotografias, mobiliário, estátuas, objetos de uso dos padres e até uma curiosidade peculiar: a primeira cadeira de dentista do Maciço de Baturité.
Outra ação importante é a parceria com a Prefeitura, que quer associar o município ao turismo religioso, com a promoção de romarias e programações especiais em datas como a Semana Santa e o Natal, que este ano terá a apresentação de um coral infantil nas janelas do mosteiro e a representação de um auto natalino. Neste sábado, o padre Antônio Maria estará no município para a apresentação na Praça da Matriz de Baturité, a fim de celebrar a romaria de Nossa Senhora de Fátima.
Reportagem de Karoline Viana e Fotografia de Patrícia Veloso para o Diário do Nordeste
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