domingo, 18 de outubro de 2009

Projeto social ensina música clássica há 40 anos


Cerca de 150 alunos frequentam a escola de música do Padre Ágio, buscando novas perspectivas pela música. O trabalho foi iniciado há mais de quatro décadas para filhos de agricultores pobres. Pessoas simples da comunidade do Sítio Belmonte, localizado neste município. Hoje, o sítio passou por diversas mudanças tanto no ambiente quanto no perfil das pessoas que ali vivem. Até o local está mais urbanizado. Não são apenas os filhos dos agricultores, mas pedreiros, donas-de-casa, meninos e meninas que se encantam com os acordes clássicos do violino.


A escola do Padre Ágio Augusto Moreira, hoje com 91 anos, traz oportunidade para cerca de 150 jovens, crianças e adultos que buscam na música uma reeducação para a vida, e até mesmo seguir carreiras, como as dezenas de exemplos existentes no local. Pessoas que ganharam o mundo com as asas proporcionadas pelas sinfonias e adágios da música clássica.


Um dos coordenadores, Antônio Felipe da Silva, maestro da orquestra, chegou ainda criança para aprender os primeiros acordes. Foi incentivado pelo irmão a participar do projeto do padre Ágio. Mesmo o mano não ficando na casa, Felipe fez da música um ofício de vida. O filho de agricultor que aprendeu primeiro a tocar acordeom, depois instrumentos de sopro, ensina para as pessoas que chegaram sem nenhuma noção de música, muito menos clássica.


Com o tempo, segundo ele, os participantes vão ficando seletivos. Não é fácil nos tempos do forró eletrônico ensinar aos ouvidos os tons complexos e as inúmeras linhas musicais de compositores como Mozart, Beethoven, Chopin e Bach. Até o mesmo o cancioneiro tradicional do sertão nordestino para um desafio. "A música é uma questão de educação", diz. No momento, a turma aprende a tocar músicas natalinas. As apresentações no fim do ano se restringem à comunidade e ao auditório da própria escola. Todos os grupos estarão reunidos para as apresentações.


Novas geraçõesA orquestra do Padre Ágio é composta atualmente por 25 integrantes. Os próprios filhos de Felipe já chegaram a fazer apresentações com o grupo musical. Sua mulher é professora. Da roça para a integração familiar pela música. Foi esse ideal que Felipe decidiu abraçar e se sente feliz com a escolha. É funcionário público do Estado, mas dedica a sua vida à escola, que segundo ele vem necessitando de recursos para construção de uma quadra e uma biblioteca para abrigar o acervo bibliográfico, que no momento não se encontra em local adequado e corre o risco de se perder pela ação do tempo e das traças. A banda de música também está sendo reativada. Os convites para apresentação do grupo do padre Ágio são constantes.


Reportagem e fotografia de Elizangela Santos para o Caderno Regional do Diário do Nordeste.

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