Esses não são os pterossauros mais comuns para os pesquisadores. As pesquisas normalmente são feitas com espécimes da família Anhangueridae. Além desse achado, vários fragmentos desses répteis passaram a ser encontrados nas escavações, que confirmam as suspeitas iniciais de que na área oeste da Chapada, pouco explorada ao logo dos anos, poderia ter achados de dinossauros e pterossauros.
Um fóssil semelhante foi encontrado há três anos, na China, mas não com a mesma propriedade de conservação do encontrado no Araripe. Foram apenas restos decompostos de fibras e parte da membrana. Outro aspecto da descoberta poderá mostrar como o réptil andava em terra e recolhia as asas, segundo o coordenador da pesquisa, professor Álamo Feitosa. O trabalho vem sendo feito por meio de parceria com estudiosos do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e a da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Um dos integrantes da equipe, que vem contribuindo com o trabalho é o cientista Alex Kellner, do Museu Nacional, um dos maiores estudiosos de pterossauros do Brasil e que já realizou várias descobertas na Chapada do Araripe.
O trabalho das escavações foi iniciado no Riacho Grande, localidade do Município de Araripe, com cerca de 12 integrantes de várias universidades do Brasil. A escavação terá continuidade e irá durar três anos, por meio de projeto financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Nacional (CNPq), com apoio do Geopark Araripe. O foco das pesquisas são áreas pouco exploradas da região.
Um dos aspectos que mais chama a atenção dos pesquisadores para os fósseis da Chapada do Araripe é porque, mesmo depois de milhões de anos, apresentarem tecido mole, demonstrando um bom estado de conservação. Isso facilita os estudos das peças e poderá possibilitar mais respostas às pesquisas. Para Alex Kellner, esse aspecto traduz de forma relevante a propriedade desses fósseis encontrados na região.
Em geral, segundo Álamo, esses pterossauros de cristas coloridas eram pescadores. A projeção é que cada asa do animal tenha em torno de 4 metros de comprimento. Para início de trabalho, em 12 dias de escavações com a equipe, o coordenador comemora o bom resultado das pesquisas. Foram mais de 3 mil peças encontradas na área, inclusive de um desconhecido camarão minúsculo e também de tartarugas. Na parte oeste da bacia, se calcula cerca de 150 fósseis diversos encontrados, para cada achado de pterossauro. Já na área leste, são um para cada 600.
A escavação controlada atua na busca dos fósseis de acordo com os níveis das rochas, em que se consegue documentar em qual deles foi encontrado a peça. Para Kellner, esse trabalho possibilita correlacionar os diferentes níveis fossilíferos. O material encontrado deverá ser estudado por mais um ano, para dar respostas detalhadas do comportamento do pterossauro. As peças fósseis encontradas para estudos ao longo das pesquisas permanecerão na região, e até servirão como fonte didática para estudantes de escolas públicas, nos Municípios onde ocorre o trabalho.
Fonte: Diario do Nordeste Online
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