A memória das pessoas assassinadas no chamado "Massacre do Caldeirão" é revivida, amanhã, no Crato.
O caminho que ao Caldeirão é uma forma de reavivar na memória uma das experiências exitosas em comunidade rural, que terminou em tragédia e no sumiço de centenas de pessoas, entre crianças, adultos e idosos. Trabalhadores rurais, homens simples e que tinham como líder o beato José Lourenço, um discípulo do Padre Cícero, transformaram - se em uma ameça ao sistema. Um foco comunista num rincão distante do sertão nordestino.
As tropas do Exercito Brasileiro e da Polícia Militar agiram. Oficialmente, cerca de 400 pessoas foram mortas por resistir. Extraoficialmente, mais de mil pessoas foram assassinadas, a partir de ataques aéreos. Há quem diga que este fato não ocorreu. A vala comum onde foram enterrados os corpos não foi encontrada até hoje. Neste domingo, acontece a 12a Romaria das Comunidades de Base do Sítio Caldeirão de Santa Cruz do Deserto.
O mês de setembro tem um significado importante. Foi o período de expulsão dos moradores, no ano de 1936. Foi uma experiência de 10 anos, no local, sob a liderança do beato. A reza e o trabalho davam autonomia de sobrevivência no que se transformava num oásis em meio ao deserto. É sempre no domingo, após a procissão de Nossa Senhora das Dores, que acontece a Romaria do Caldeirão, já que a intenção dos organizadores é também possibilitar que os romeiros do Padre Cícero, que vão ao Juazeiro, também possam conhecer e a vida de um dos discípulos do "Padim" e a história do local. São cerca de 32 quilômetros saindo do Crato para se chegar até o local.
A estrada, segundo a secretária de Cultura, Esporte e Juventude do Crato, Daniele Esmeraldo, recebeu melhorias e será dado apoio de transporte e melhoria de infraestrutura, além de distribuição de água para as pessoas que participarem.
Padre Vileci lembra de um dos momentos da história, na época da formação do Caldeirão. A terra foi ofertada pelo Padre Cícero ao beato, que tinha sido expulso do Sítio Baixa Dantas. A comunidade mostra o exemplo, conforme o padre, de que é possível conviver com o semiárido, por meio do desenvolvimento sustentável. "O Caldeirão é um exemplo de vida saudável com a natureza", afirma oo sacerdote.
O padre destaca a importância de um projeto que esteja relacionado com a realidade local, a arquitetura, para que a memória seja preservada. A secretária de Cultura diz que até o fim do ano de 2012 será construído um memorial no local, preservando a suas origens, inclusive ouvindo estudiosos e pesquisadores. Houve um investimento inicial, para a construção de uma casa de apoio para os visitantes e pesquisadores e pela primeira vez foi instalada eletricidade no local, o que irá proporcionar melhorias também para a celebração. Ele lembra a importância de uma boa acolhida para o turista que se desloca até o sítio.
A secretária destaca o recente trabalho de sinalização que foi feito na estrada. Ela ressalta que a proposta é construir no local um memorial dedicado à história do Caldeirão. Atualmente, o sítio conta com a capela, que tem como padroeiro Santo Inácio de Loyola, casas de taipa construídas pelo beato, e as ruínas da sua própria residência. A meta é que seja desenvolvido todo um receptivo para o turista, pesquisadores, estudantes e romeiros.
Fonte: Caderno Regional/ Diário do Nordeste
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