O projeto de construção do Parque Rachel de Queiroz, no Alagadiço Novo, acalentado há anos por defensores do meio ambiente, está ameaçado pelo Programa de Drenagem Urbana de Fortaleza, planejado pela Prefeitura. A decisão gera polêmicas, pois, apesar de a iniciativa ter um objetivo nobre (evitar inundações), não deveria inviabilizar a reivindicação pela construção do parque ecológico.
Os banhos no riacho Alagadiço Novo fazem parte da memória de gerações que ali desfrutavam de um prazer tão simples. Não é à toa que muitos daqueles meninos de então tenham se mobilizado para defender a preservação ambiental da área. Temem que o espaço possa ser abocanhado pela especulação imobiliária, e as belezas naturais da área sejam riscadas do mapa de Fortaleza. Quem pode garantir que não?
É imperativo o diálogo entre os defensores do parque e as autoridades municipais. Seria imperdoável que não fossem levadas em conta as sugestões da população para o encontro de alternativas capazes de conciliar ambos os projetos.
Essa aspiração não é esdrúxula, em se tratando de uma administração municipal que se reivindica comprometida com o interesse social e a qualidade de vida das pessoas, acima de qualquer outra consideração. O pressuposto, portanto, é que o tratamento dado a essa reivindicação seria, em tese, diferente do registrado por gestões desprovidas dessa sensibilidade e que sacrificaram o patrimônio natural da cidade a uma visão economicista.
Não priorizar a preservação das áreas verdes seria renegar os compromissos originais que ensejaram a escolha de uma opção política não-conservadora para reger os destinos de Fortaleza. Algo inaceitável no momento em que o relator do projeto do novo Código Florestal, no Senado, fragiliza por completo a jurisdição federal sobre o patrimônio natural, pretendendo que as decisões efetivas sobre esse assunto fiquem com o Município e o Estado.
Esse critério expõe o patrimônio natural ao apetite insaciável de grupos econômicos que, comumente, têm maior poder de pressão nas instâncias municipal e estadual. É preciso que a Prefeitura de Fortaleza reme contra essa maré devastadora.
Fonte: Editorial O POVO. Setembro 03/ 2011
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