Na Amazônia tudo é muito grande, mega. Desde suas dimensões, exuberância, diversidade cultural, riquezas, até processos de devastação e possíveis mega-catástrofes. Ocupa 61% do território brasileiro, tem mais de 200 espécies diferentes de árvores por hectare, 1.400 tipos de peixes, 1.300 pássaros. Mais de 2 milhões de espécies e cerca de 30% da biodiversidade da Terra. Possui um terço de toda a área de florestas tropicais do mundo e é essencial para o clima e a diversidade biológica do planeta.Portanto, destruir a Amazônia significa levar seca prolongada para diversas regiões brasileiras e reduzir a produtividade agrícola do País, causando profundos impactos econômicos e sociais.
Mas é exatamente isso que tem sido feito. Quase 20% dos seus 5 milhões de km2 já foram devastados – o desmatamento e as queimadas respondem por cerca de 75% das emissões brasileiras de gases do efeito estufa, que contribuem para acelerar o aquecimento global.Pra não ir muito longe onde esse processo pode levar, basta ler o que está nos veículos de comunicação somente esta semana.
Um estudo do Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais estima que se o desmatamento alcançar 40%, pode provocar aumentos de temperatura de até 4ºC e uma redução de até 24% nas chuvas durante a estação seca na porção leste do território amazônico. Imaginemos as conseqüências disso para a vida e a economia da região.
O conceituado cientista inglês, membro do IPCC, James Lovelock, diz que um cenário sinistro está sendo montado para a Amazônia nas próximas décadas. A maior e mais complexa floresta tropical do planeta pode estar com a morte decretada num futuro mais próximo do que se imaginava. Entre 50 e 100 anos tudo poderá se transformar numa fina areia desértica, inóspita, engolindo não só quase 50% do território brasileiro. Mesmo sendo considerada uma perspectiva exagerada por alguns de seus colegas, todos concordam que são necessárias ações urgentes na conservação e recuperação da Amazônia. "
A idéia é reduzir a todo custo o desmatamento e a emissão dos gases do efeito estufa", diz José Marengo, integrante do IPCC e cientista do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, órgão do Inpe. De outro lado, inúmeras iniciativas e esforços têm sido feitos por centenas de instituições, setores dos governos, empresariais e da sociedade e alguns resultados tem sido alcançados; como a redução significativa do desmatamento em 2005 e 2006 – mesmo com a contribuição decisiva da redução do câmbio e dos preços das comodities.
Ainda essa semana varias ONG’s lançaram em Brasília a proposta de um Pacto pelo fim do desmatamento, que está sendo bem aceita pelos governos, parlamentares e setores empresariais. Resta saber se emplacará.Mas, haverá tempo de evitar o pior? Pergunta o jornalista Washington Novaes, citando noticias de desastres climáticos cada dia mais graves, inclusive no Brasil: seca sem precedentes no Centro-Oeste, perda de mais de 20% na safra de café, aumentos das queimadas e previsão do Inpe de que a desertificação no semi-árido atingirá 400 mil km2.
Mesmo sem saber se será possível, uma parte da resposta é certa, vai depender de nós, sociedade e governos abandonar mitos de “desenvolvimento” e buscar soluções urgentes e criativas para reverter as nada animadoras perspectivas que até então se colocam.(Sérgio Guimarães, engenheiro civil com especialização em Políticas Ambientais. É representante das ONGs do Centro-Oeste no CONAMA (Conselho Nacional de Maio Ambiente) e foi Secretário de Meio Ambiente do Estado de Mato Grosso. É fundador e coordenador executivo do Instituto Centro de Vida)
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