Será cortado hoje o pau que servirá de mastro para a bandeira de Santo Antônio, padroeiro de Barbalha. Pela primeira vez, será utilizada uma copaíba, ou pau d’óleo, conhecido no sertão como “pau dóia”, uma árvore nativa que fornece um óleo com poder medicinal. Tradicionalmente, era utilizada uma aroeira.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a copaíba não está na relação das espécies em extinção ou proibidas de corte.Ao contrário dos anos anteriores, não houve polêmica em torno do corte do pau da bandeira. As negociações para a escolha da árvore começaram no mês de fevereiro entre a Prefeitura de Barbalha, o Ministério Público Federal e o Instituto Chico Mendes, que assinaram um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), regulamentando a utilização da árvore.Entre as exigências colocadas pelos órgãos ambientais está a reserva de uma área para reflorestamento.
O pau da bandeira de 32 capelas de Barbalha será itinerante, isto é, um único pau será utilizado como mastro da bandeira das festas religiosas do município. Outra exigência é o acompanhamento do Instituto Chico Mendes na escolha e no corte do pau.Este ano, a única dificuldade é o acesso ao sítio São Joaquim, de onde será retirada a copaíba. O “Capitão do Pau”, Rildo Teles, que comanda o corte e o carregamento do mastro, adverte que, em consequência das chuvas, a estrada não oferece condições de tráfego para carros pequenos.
O ritual começa hoje, às 7 horas, com os cortadores do pau, rezando um “Pai Nosso” em frente à Igreja Matriz de Santo Antônio. Em seguida, eles serão transportados de caminhão para o sítio São Joaquim, no sopé da serra do Araripe, a sete quilômetros da cidade. Ali, à beira de um dos riachos, começa a festa popular. Cortadores e curiosos se confraternizam na sombra das árvores, em torno de churrascos e bebidas.
O corte do mastro é antecedido de uma oração. Depois de cortada, a árvore é transportada para fora da mata e colocada na “cama”, local onde o tronco permanece secando até o dia da abertura da festa, dia 31 de maio.A árvore é levada nos ombros dos devotos de Santo Antônio, do sítio São Joaquim até a Igreja Matriz, onde é erguida sob os aplausos da multidão.Aberta oficialmente, a festa prossegue até o dia 13, data oficial de comemoração do padroeiro, com novenas, quermesses e shows com artistas regionais e nacionais. Durante as festividades em Barbalha, ocorrerá, simultaneamente, o II Congresso Cearense de Folclore e I Seminário sobre Cultura, Religiosidade e Festas Populares, abordando o tema “Festa Popular no Âmbito Privilegiado da Tradição”.
Reportagem e fotografia de Antonio Vicelmo para o Caderno Regional do Diário do Nordeste.
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