segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Governo Itinerante no Crato

A Região do Cariri volta a receber o Governador Cid Gomes e secretários de Estado para mais um “Governo do Ceará na Minha Cidade – Governo Itinerante”. O evento acontece nesta segunda-feira (31) no município de Crato. Durante a solenidade, que transformará o município em sede do Governo, serão anunciadas diversas ações que beneficiarão toda a região do Cariri.

O Governador também presidirá um audiência pública onde discutirá com a população ações nas áreas de Cultura, Turismo e Indústria como uma forma de desenvolvimento sustentável. Participarão da audiência os secretários da Cultura, Auto Filho, e do Turismo, Bismark Maia, e o Diretor de desenvolvimento Setorial da Agencia de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), Eduardo Diogo. O Governo Itinerante acontece a partir das 9 horas, na Quadra Poliesportiva da Praça do Bicentenário (R. Dom Quintono, S/N – Centro).

Fonte: Portal do Governo do Estado

Cariri: o ciclo das Romarias em Juazeiro

O dia amanhece na terra do Padre Cícero e os fiéis a clamar pela ´Mãe das Dores´. É o início, com uma carreata com dezenas de veículos pelas principais ruas da cidade, da segunda maior romaria do ano no município. A perspectiva, segundo a igreja, é que até 15 de setembro, dia da Padroeira de Juazeiro, Nossa Senhora das Dores, circulem pela cidade cerca de 400 mil pessoas. À noite, o momento solene, com a procissão das bandeiras dos estados e da padroeira, e a missa de abertura, presidida pelo Padre Paulo Lemos, administrador da Basílica.

A tradicional procissão das bandeiras foi iniciada às 17h30, saindo das proximidades da pracinha da estrada antiga do Horto. Velas acesas e bandeiras com a imagem da santa, no início da noite chegam à Basílica para o momento solene do hasteamento das nove bandeiras dos estados nordestinos, da Basílica e, por último, a de Nossa Senhora, que permanecerá até o dia 15.

domingo, 30 de agosto de 2009

Recursos para projetos

A Fundação O Boticário de Proteção à Natureza convoca os interessados a se inscreverem, até o dia 31 de agosto, no seu edital de apoio a projetos do segundo semestre. Algumas das áreas cujos trabalhos podem pleitear o financiamento são: conservação de espécies e comunidades silvestres em ecossistemas naturais; criação ou manejo de unidades de conservação e prevenção ou controle de espécies invasoras. As propostas de estudos devem estar sob responsabilidade de organizações não-governamentais ou de fundações ligadas a universidades. Veja o formulário de inscrição aqui.

Matriz energética cada vez mais suja


As emissões de monóxido de carbono (CO2) das indústrias brasileiras cresceram 77% em apenas 13 anos. Já no setor energético, este número cresceu 49%. Estes são os resultados de uma estimativa de emissões feita pelo Ministério do Meio Ambiente e divulgada no início da tarde de hoje (27).

O levantamento do governo indica que entre 1994 e 2007 houve aumento significativo no número de termoelétricas instaladas no país, uma das fontes de energia mais poluentes que existem. No início da década de 1990, as termoelétricas emitiam 10,8 milhões de toneladas de CO2. Em 2007 esse número passou para 24,1 milhões. Na indústria, o principal vilão é o cimento, responsável por 7,8 milhões de toneladas de gás carbônico. Outro setor que aumentou bastante suas emissões foi o rodoviário, com 59% de acréscimo no período analisado.

Os números apresentados hoje farão parte do segundo inventário brasileiro de emissões, previsto para ser divulgado até dezembro deste ano. As emissões provocadas pelo desmatamento, uma das principais fontes, ainda não foram divulgadas. Os resultados apresentados hoje contradizem o discurso do próprio governo, que ostenta a imagem de um país com matriz energética limpa e insiste em não assumir uma posição mais clara no que diz respeito à adoção de metas de redução de emissões.

Fonte O ECO http://www.oeco.com.br/saladaverde

Bonequeiro retoma o gosto pela arte do mamulengo

A arte original do teatro de mamulengo ainda resiste nas mãos do agricultor aposentado e ator de teatro de bonecos, José Izaquiel Rodrigues, o "seu Zai", de 66 anos, morador do Sítio Cantinho da Barra I, na zona rural deste município. Sem saber ler, improvisa as narrativas cômicas e satíricas entre os diversos personagens que integram o seu acervo particular.

Ele mesmo cria os bonecos, esculpidos em madeira, pintados e manipulados, dando vida à criatividade das histórias que fazem parte do imaginário popular e cultural do sertão nordestino. Nos últimos três anos, seu Zai suspendeu as apresentações. "Resolvi parar", disse. O motivo é evidente: a falta de apoio e estímulo.

A apresentação para a pesquisa do Iphan aconteceu na Capela do Sítio Barra. Foram convidados alunos de 3 a 6 anos, da Escola de Ensino Fundamental José Honório Cavalcante, da mesma comunidade onde mora o artista. O altar serviu de palco, encoberto por uma tenda improvisada. As crianças ocuparam os bancos da igrejinha e revelaram alegria, surpresa e medo das estripulias dos bonecos.

A coordenadora da escola, Francisca de Souza Neta, mostrou-se surpresa e admirada. "Não sabia que tínhamos um artista aqui na comunidade. É uma arte que precisa ser valorizada". Aos poucos, seu Zai foi tirando os bonecos da mala e erguendo-os sobre a tenda. Contava histórias e fazia o diálogo dos personagens, sempre com a participação das crianças.

O principal boneco é Cassimiro Coco, tradicional, que está em todas as histórias, protagonizando situações diversas, com outros personagens: Maria Ciforosa, a namorada, Joana Preta de Caruaru, Soldado Setenta, padre, mãe, noiva, boi, cobra e até uma alma branca. Os bonecos parecem ganhar vida nas mãos do artista popular.Seu Zai veio morar em Iguatu em 1961. Trabalhou muitos anos na colheita de algodão, mas somente na década de 1970 resolveu puxar da memória as apresentações que via no Cariri. Esculpiu bonecos, criou personagens e fez várias apresentações na zona rural. "Muitas coisas mudaram, mas as crianças ainda gostam dessas historinhas, desse tipo de arte. É só começar a fazer que as crianças participam e se divertem", comenta o bonequeiro.

Da mesma matéria do Caderno R egional do Jornal Diário do Nordeste.

Bonequeiros: IPHAN finaliza levantamento


A arte de fabricação de bonecos e de apresentação do mamulengo ou Cassimiro Coco, no Nordeste está sendo pesquisada e registrada em depoimentos, fotos, vídeos e textos. O Projeto de Registro do Mamulengo como Patrimônio Cultural do Brasil é financiado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a partir de uma sugestão da Associação Brasileira de Teatro de Bonecos (ABTB). A idéia é resgatar a atividade artística dos bonequeiros, contribuir para a sua preservação e formar um registro histórico sobre os artistas em atividade.


A pesquisa começou em 2007 e está na fase final. Além do Ceará, há registros no Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. O trabalho está previsto para ser concluído no próximo mês de outubro. "O projeto reafirma a relevância dessa forma de brincar e contribui para que essa expressão cultural fique viva", disse a escritora e bonequeira Ângela Escudeiro, coordenadora do estudo no Ceará.


De acordo com levantamento realizado na primeira fase da pesquisa, constatou-se que no Ceará havia 71 brincantes, mas alguns faleceram ou deixaram de brincar. Os pesquisadores encontraram 13 artistas populares, que estão sendo entrevistados, fotografados e filmadas suas apresentações.Os artistas que tomaram parte da pesquisa são Antônio Wagner da Silva, da cidade de Ocara; Gilberto Bonequeiro, de Icapuí; Antônio Raimundo de Brito (Tony Bonequeiro), do Crato; Raimundo Ferreira Pereira (Bil) e Raimundo Nonato dos Santos, de Pindoretama; Francisco Furtado (Chico Bento), de Trairi; José Izaquiel Rodrigues (Seu Zai), de Iguatu; José Barbosa de Lima (Zedimar) de Aracati; João Cassimiro Barbosa, de Varjota; Potengi Guedes Filho (Babi Guedes), de Fortaleza; Antônio Vanderlei, de Banabuiú; Otacílio Primo de Oliveira, de Choró; e Manoel Senhor, de Pentecoste.


A coordenadora da pesquisa no Ceará observa que há jovens brincantes que fazem uma releitura do mamulengo, mas sem consultar os mestres populares. Há também um movimento em que o boneco é utilizado como instrumento educativo. Em parceria com as prefeituras, os artistas fizeram apresentações comunitárias que foram filmadas e fotografadas.
Reportagem e Fotografias de Honório Barbosa para o Caderno Regional do Diário do Nordeste.

sábado, 29 de agosto de 2009

Em Juazeiro, a Romaria da Mãe das Dores


A festa de amanhã abre o calendário do semestre das grandes romarias no município de Juazeiro do Norte com uma carreata saindo da Matriz pelas principais ruas deste município,. Serão mais de 15 dias de festa, atraindo uma multidão romeira de várias partes do Nordeste. A expectativa da Igreja é reunir cerca de 400 mil fiéis durante os 15 dias de festas em Juazeiro. O município e a Igreja se preparam para receber os peregrinos da fé. A festa da padroeira de Juazeiro, Nossa Senhora das Dores, abre o calendário do semestre das grandes romarias no município.

A carreata terá início às 8 horas do domingo. No fim da tarde, outro ritual de abertura segue, com a saída da Procissão da Bandeira e da imagem da residência de Geraldo Propício Rodrigues, Francisca Maria de Lima Rodrigues (Dona Moça) e Cícera Lúcia, às 17h30, do Horto, pela estrada velha, chegando no início da noite na Basílica de Nossa Senhora das Dores. As bandeiras de todos os estados nordestinos serão hasteadas às 18h30. Em seguida, será dado início aos noitários. Às 19 horas, uma missa presidida pelo administrador da Matriz, padre Paulo Lemos, abre a festa.

A tradicional concelebração do dia 20 último, em sufrágio da alma do Padre Cícero, atraiu cerca de 20 mil fiéis, que foram rezar e visitar o túmulo do sacerdote na Capela do Socorro. O presidente da liturgia, padre Paulo, lançou a programação oficial da Romaria de Setembro, chamando a atenção para a carreata em homenagem à Nossa Senhora das Dores. Até o dia 15 de setembro, haverá devocionário mariano, missas, pregações, noitários, procissões e diversas homenagens e shows religiosos. O tema para este ano será: "Mãe das Dores, Caminho de Paz e Justiça para Cristo" e a romaria faz alusões ao centenário de emancipação política da terra de Padre Cícero, Juazeiro do Norte.


O padre Paulo lembra o chamamento do Padre Cícero para que "continuem a visitar o Juazeiro, em Romaria à Santíssima Virgem, como sempre fizeram". Também ressalta a importância do louvor à Maria e do lema da Campanha da Fraternidade "A Mãe das Dores é caminho de Paz e Justiça para Cristo".


A procissão de encerramento se realiza no dia 15, às 16 horas, com festas, orações, benditos e show pirotécnico. Ao meio-dia, acontece a despedida do romeiro na Basílica. O templo responsável pela origem de Juazeiro, a Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores, está sendo preparada para receber os romeiros que virão participar da festa da Mãe das Dores. São muitas as novidades que aguardam os peregrinos a partir de uma nova capela que se destinará às adorações ao Santíssimo Sacramento. A Capela do Encontro ganha nova roupagem. A imagem de Pietá foi restaurada e transferida da base do marco da passagem do milênio, colocada no início da passarela construída na Praça dos Romeiros, para o centro da cúpula.


Fonte: reportagem da jornalista Elizangela Santos para o Caderno Regional do Diário do Nordeste. Fotografia de Tiago Gaspar.


sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Ilha do Amor é posta à venda por R$ 8,23 mi

Um dos principais cartões postais do município de Camocim e do Ceará está à venda na Internet. Uma empresa dos Estados Unidos, aproveitando a euforia provocada pelas viagens espaciais chinesas, começou a vender terrenos da Lua na China, em meados de 2005. A empresa Lunar Embassy, fundada em 1980 pelo empresário Dennis Hope, apresentou publicamente sua oferta, que era bastante econômica: um acre na Lua por US$ 37 (o equivalente cerca de R$ 70). No Ceará, mais precisamente em Camocim, um anúncio publicado na Internet despertou a curiosidade da população e das autoridades locais.

"Vendo Ilha da Testa Branca, também conhecida como ´Ilha do Amor´, fica em frente à cidade de Camocim e possui manguezais, dunas e belas praias. É muito visitada por banhistas que cruzam o Rio Coreaú de barco para praticar esqui nas dunas, caminhada e banho de mar. Da ilha tem-se uma bela visão da cidade. Preço R$ 8,23 milhões, área de 823 hectares, equivalente a 8,9 mil metros quadrados. Ideal para a implantação de um parque eólico com aprovação da Semace".

A ilha, considerada um cartão-postal da cidade e ponto turístico de quem visita a Costa Oeste do litoral cearense, tem dono, sim. Pertence à família Coelho. Tradicional família de Camocim, com participação nas questões políticas da cidade.

Entre os herdeiros está o advogado e atual procurador do município, Alfredo Othon Coelho. Em conversa com a reportagem do Diário do Nordeste, Alfredo tem opiniões diferentes sobre a possível venda das terras que pertencem aos seus ancestrais. "Sobre a venda das terras, a pessoa indicada para falar seria um inventariante, a pessoa interessada em vender as terras. No momento eu não tenho nenhum laudo informando se tem permissão jurídica para venda. Como procurador do município que sou, temos que analisar se o povo aprova ou não a venda da ilha. Sendo herdeiros ou não, claro, havendo um grande prejuízo para a população, a venda não será concretizada", garante Alfredo Coelho.

Outro que também faz parte da família é o advogado Marcos Coelho, que atua como procurador da Câmara de Vereadores. Ele disse que a ilha pertence a seu avô, Alfredo Coelho, falecido há mais de 15 anos, e que era considerado um grande empreendedor. Além dele, existiriam mais dez herdeiros da propriedade, entre esses o seu pai, Edilson Coelho, que já foi prefeito de Camocim."Eu sou apenas um dos netos e não tenho conhecimento sobre esse assunto. Mas, sei que boa parte do patrimônio deixado pelo meu avô, atualmente à disposição dos herdeiros, está à venda. Em virtude da partilha dos bens, ainda não existe uma solução pacífica entre os dez".

Com relação à venda da ilha, se isso poderá trazer prejuízo para o turismo de Camocim, Marcos Coelho disse acreditar que "as pessoas que estão com a intenção de vender, bem como aquelas que estão com intenção de comprá-las, devem ter uma responsabilidade maior do que de seus interesses individuais".

Para o ex-prefeito da cidade e atual deputado estadual Sérgio Aguiar, a Ilha da Testa Branca ou a Ilha do Amor, como é conhecida pelos turistas, é Área de Proteção Ambiental (APA) com projeto de lei aprovado na Câmara de Vereadores. "Como a grande maioria da área é considerada área da Marinha do Brasil, por se tratar de uma ilha, e por ter uma legislação especial, nós deixamos que a Legislação Federal tivesse a contemplação dos terrenos que lá estão colocados. Por conta disso, tranquilizo a população dizendo que o Governo do Estado está fazendo um levantamento de todo o zoneamento ecológico costeiro do Ceará", disse Aguiar.

Fonte Diário do Nordeste. Comentário do Blog. Pelos comentários evasivos de todos, entende-se que ailha está realmente à venda e ponto final.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Vale do Jaguaribe: Limoeiro do Norte 112 anos

Shows, palestras e debates são as principais ações da Semana do Município, que segue até o próximo domingo em Limoeiro do Norte. Não falta o que fazer, entre escolher o entretenimento, o debate consciente ou a inauguração de obras na Semana do Município. Até o próximo domingo, a programação começa nas manhãs e vai até o fim de noite, dividida entre shows, exposições culturais e destaque para a Feira de Negócios do Baixo Jaguaribe (Fenerj), o ensejo da Semana da Inclusão das Pessoas com Deficiência, e as bandas musicais de escolas públicas.

As comemorações de emancipação do município deixaram de ser apenas o dia do aniversário e, esticadas para uma semana, permitem a visibilidade das ações públicas, mas, principalmente, de cidadania pela sociedade. Hoje, a Associação das Pessoas com Deficiência de Limoeiro estará nas emissoras de rádio para dar um "recado" que está na Constituição Federal: as grandes empresas têm que contratar pessoas com deficiência. Arnete Borges, presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência, lembra que a lei existe porque "os deficientes são tão eficientes quanto qualquer outro ser humano para o trabalho".

Limoeiro do Norte está situada a 204 quilômetros de Fortaleza. Ficou conhecida como a "Princesa do Vale" durante a história, como uma alcunha cultural - concentra faculdades e escolas que atendem à região jaguaribana, também poetas, artista plásticos, emissoras de rádio, jornal e até TV.

Sedia um conjunto de singularidades, que são reverberadas: a família de louceiras do fino barro que exportam para Estados Unidos e Europa, os desenhistas que produzem as revistas em quadrinhos mais lidas do mundo, o músico Eugênio Leandro, o artista plástico Márcio Mendonça, mestre brasileiro na pintura cuzquenha, intelectuais como Lauro de Oliveira Lima (introdutor das doutrinas de Piaget no Brasil) e o Rio Jaguaribe.O município ainda tem a Chapada do Apodi, principal pólo fruticultor do Estado, mas muitos outros investimentos econômicos são pautados na XX Feira de Negócios da Região do Baixo Jaguaribe (Fenerj), realizada pelo Sebrae em Parceria com a Prefeitura, paralela à programação da Semana do Município. A feira tem exposições de equipamentos agropecuários, eletrônicos, oficinas artesanais, desfile de moda, fechamento de negócios com as instituições bancárias e shows musicais.

Nesta quinta, acontece a inauguração do Centro de Reabilitação, abertura de seminário sobre agricultura irrigada e debate sobre acessibilidade para pessoas com deficiência. Alunos das escolas públicas municipais vão mostrar o que aprenderam nos projetos de arte-educação, desenvolvidos na Secretaria de Educação. Amanhã o prefeito João Dilmar inaugura posto de saúde na comunidade de Boa Fé. No próximo sábado a cantora Taty Girl "fecha" a noite, e no domingo uma alvorada comemora os 112 anos.

Fonte Diário do Nordeste.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Gero Hillmer visita o Geopark Araripe e o Museu de Paleontologia da URCA


O Professor Gero Hillmer, do Instituto e Museu de Paleontologia da Univesität Hamburg, na Alemanha, um dos mas renomados paleontológos europeus do presente e consultor especial da UNESCO, mais uma vez esteve entre nós, no Sul do Estado em visita tanto os geotopes do Geopark Araripe comoa o Museu de Paleontologia da URCA, em Santana do Cariri. E ficou preocupadissimo com o estado de conservação dos geotopes assim como de suas situações específicas e totens de identidade e sinalização dos mesmos e, com as obras de reforma e equipamentação do Museu, que segundo ele é um diamante a ser lapidado, por conter um dos mais ricos e valiosos acervos de fósseis do Período Cretáceo, em todo o mundo.

Segundo consta, por avaliações de especialistas e seguradoras que ali estiveram, o valor do acervo do Museu de Paleontologia da URCA, em Santana do Cariri, pode ultrapassar 30 milhões de dólares. O que ali está depositado sob a guarda da instituição e sob responsabilidade de sua direção pertence ao povo do Estado do Ceará. O acervo do Museu é em muito superior e mais rico do que de museus de referencia internacional, como o American Museum of Natural History de Nova York ou qualquer dos grandes museus europeus, onde se concentram os conjuntos de acervos mais importantes do mundo como o Museu Nacional de História Natural de Lisboa ou o Insituto e Museu de Paleontologia da Universität Hamburg.
Nenhuma instituição em todo o mundo tem um acervo tão rico e tão completo de fósseis do Período Cretáceo e isto deveria requerer um olhar especial das atuais condições de guarda e exposição deste acervo por parte da URCA/ Universidade Regional do Cariri, da SCT/ Secretaria da Ciencia e Tecnologia do Estado do Ceará e do próprio Governo do Estado.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Crato realiza audiência pública dia 10 para debater projeto da Encosta do Seminário

Será realizada no próximo dia 10, em Crato, audiência pública para debater o projeto da Encosta do Seminário, uma das obras importantes contidas no Plano de Requalificação Urbana, avaliada em cerca de R$ 8 milhões. Com isso, estarão presentes segmentos representativos da sociedade, ambientalistas, técnicos, Secretaria das Cidades e Prefeitura Municipal do Crato, além dos moradores da área que serão beneficiados com a desapropriação. A obra está prevista para ser iniciada ainda este semestre.

A audiência será realizada no Teatro Municipal Salviano Arraes Saraiva. Segundo o prefeito do Crato, Samuel Araripe, que desde a sua primeira administração vem lutando para concretização desse projeto para o município, esta será uma grande obra. Ele lembra que os recursos são oriundos do Banco Mundial, via Governo do Estado, em parceria com a Prefeitura. Equipes do Banco Mundial, da Prefeitura, do Governo do Estado, por meio da Secretaria das Cidades, já visitaram os locais onde serão desenvolvidos projetos de construção como a Encosta do Seminário, além das praças centrais e centro de convenções já em execução.

Para Samuel Araripe, essa vai ser uma obra muito importante porque, em primeiro lugar, recupera a vegetação da encosta e, em segundo lugar, se constrói cem casas para tirar famílias que habitam hoje área de risco. Ressalta, ainda que serão corrigidas quatro erosões que existem no morro, uma delas denominada vulcão, a outra de frente ao Seminário São José, a cinco metros do asfalto, o que o prefeito classifica como um problema gravíssimo. E duas outras que nasceram nas proximidades do campo do Esporte. Serão construídos, dentro dessa obra, quatro mirantes para fortalecer o turismo naquela área.

Fonte - Notícias do Crato

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Um artigo de José Truda Palazzo: A gritaria do indecentes

Nas duas oportunidades anteriores de falar aos amigos d´O ECO recentemente, abordei aqui algumas razões que me fazem crer que o atual des-governo imperial de Lulla Roussef – esse organismo eleitoreiro geneticamente modificado - vem trabalhando ativamente para a desconstrução ambiental do Brasil, amparado, sobretudo, no cúmplice e criminoso silêncio do dito “movimento” ambientalista, cooptado ideológica ou financeiramente para fingir que não ouve os gritos de êxtase dos destruidores da Natureza brasileira e seus bedéis brasilienses, ao conquistar cada vez mais espaço para suas depredações irreversíveis enquanto a população flutua ao sabor da bolsa-esmola e dos escândalos-pizza sazonais.

Esses gritos, entretanto, merecem registro, para que as ovelhas vendidas não se façam de coitadinhas e finjam que não sabiam, como faz o Grande Pai Iletrado em seu palácio com relação a mais escrachada corrupção que grassa em sua gestão desde o primeiro dia.

Pouca gente neste país, menos ainda os que lidam na área ambiental fora dos acarpetados corredores palacianos, conhece a sigla Abdib. Mas deveria. Ela é a poderosíssima Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústrias de Base, que congrega o que há de mais poderoso em empreiteiras, empresas de energia e transporte, que são clientes do dinheiro público para suas obras faraônicas, e expressam não necessariamente o que há de melhor em mentalidade ambiental. Isso fica muito claro pelas expressões de trogloditismo de seus membros, constantes de uma premiada matéria jornalística de Amália Safatle na Revista Carta Capital, em dezembro de 2003 que todo brasileiro medianamente interessado no tema ambiental deveria ler. São extremamente competentes em atuar junto ao “pudê” cangaceiro que se instalou em Brasília, neste e em outros governos.

Não é de hoje que o incesto da Abdib com o governo do PT é evidente. Em 07 de abril de 2003 o grupo se gabava publicamente, no jornal O Estado de São Paulo, de “retomar o programa de aproximação de seus associados com o governo federal. Dias 8 e 9 está levando uma delegação para Brasília, para contatos com os ministros José Dirceu, Roberto Amaral, Luiz Furlan e Tarso Genro e o presidente da Câmara, João Paulo Cunha”. Já em junho de 2005 a Abdib “aplaudia” publicamente a indicação da Primeira-Ministra Dilma Roussef para mandar em Lulla e abrir as portas do Planalto para os interesses das grandes empreiteiras.

Claro, como Ministra das Minas e Energia, seu contato com os grandes empreiteiros já era corriqueiro, a ponto dela anunciar investimentos públicos em energia em seminários da própria Abdib como se esta fosse “da casa” para o governo, e sua assunção a Primeira-Ministra foi motivo de estourar champanhe para o setor. Uma breve mirada à atuação da Casa Civil no tema ambiental mostra claramente que a aposta nela valeu, e como.

Legitima a posição dos empresários em tentar se apossar da política pública que mais lhe convém – assim foi na História do Brasil inteira. O que não é legítimo, nem tolerável, é que os empregados que pusemos em Brasília a nos representar passem a atuar como lobistas dessa minoria endinheirada, cujo compromisso com o país e seu futuro tende a zero.

Mas assim vem sendo feito, não apenas no desmonte visível da gestão ambiental pública, mas também no desate de uma campanha de verborréia presidencial contra a conservação da Natureza. Enquanto o braço Rousseff do híbrido palaciano se movimenta discretamente governo adentro para assegurar os interesses dos empreiteiros, pressionando por obras destruidoras como as hidrelétricas da Amazônia, exigindo “celeridade” do licenciamento ambiental, e atolando na casa Civil a criação de novas áreas naturais protegidas, o ramo Lulla da campanha transformou seus palanques interioranos (a regra, pelo medo que ele tem de aparecer em grandes cidades de eleitorado mais esclarecido) em palco de bobagens nunca antes ditas contra a gestão ambiental. Essas formas de atuação se completam, de um lado moldando o Estado à vontade dos grandes empreiteiros e concessionários, de outro predispondo o eleitorado ignaro e clientelado à bolsa-esmola contra tudo o que se refira a meio ambiente, assim abrindo caminho para que a Primeira-Ministra idolatrada pela Abdib perpetue, em 2010, o reinado da destruição ambiental.

Senão vejamos. A impaciência de Lulla com a questão ambiental vinha já de longe, como ilustra bem o ataque histérico que teve na primeira Conferência Nacional de Meio Ambiente, em novembro de 2003, ao ver protestos de participantes não-amansados, contra os rumos da política de biossegurança. Não se sabe se alicerçado somente no amasiamento político de sua Primeira-Ministra e candidata presidencial com a Abdib, ou também na sua evidente incapacidade intelectual de compreender os temas de gestão ambiental, o Einstein de Garanhuns calhou de mais recentemente fazer-se de porta-voz desse atraso mental de boa parte do empresariado tupiniquim.

Em abril deste ano, começou ele a bobajada atacando um grupo da fauna silvestre mais conhecido pela sua importância ecológica e como indicador de qualidade ambiental. Disse no Acre: “A gente está fazendo um grande viaduto no Rio Grande do Sul, ligando a BR-101, que vai trazer muita gente da Argentina para o Brasil e muita gente do Brasil para a Argentina. Esse túnel tem mil e poucos metros, e encontraram do lado do túnel uma perereca. Todo mundo aqui sabe o que é uma perereca. Pois bem, aí resolveram fazer um estudo para saber se aquela perereca estava em extinção. Aí teve que contratar gente para procurar perereca, e procure perereca, e procure perereca… Sabem quantos meses demorou para descobrir que a perereca não estava em extinção? Sete meses, a obra parada. Eu espero que aqui no Acre não apareça nenhuma perereca na ponte do Rio Juruá. Não é possível.”

Seria muito querer que o Iletrado Mandatário Imperial entendesse que, como notou a jornalista d´O Globo Juliana Rangel em matéria de 1º de maio, pelo menos quatro espécies ameaçadas de anfíbios foram localizadas em locais atingidos pelas obras da rodovia. Uma delas, o sapo narigudo de barriga vermelha (Melanophryniscus macrogranulosus), não era vista há mais de 30 anos.

Ao vangloriar-se da atuação da Primeira-Ministra na “agilização” dos processos de hidrelétricas faraônicas defendidos pela tribo das indústrias de base, Lulla discorreu em 23 de junho passado, requentando um discurso semelhante de 2007: “E eu lembro como se fosse hoje, a Dilma participou quando nós fomos aprovar o projeto da hidrelétrica do Rio Madeira, Santo Antônio e Juruá... Jirau. A briga, vocês não queiram imaginar, não queiram imaginar o que nós perdemos de meses discutindo os grãos de areia que estavam no fundo do rio. Não queiram imaginar. Precisamos contratar o melhor professor do mundo nessa matéria, que era um indiano que veio dos Estados Unidos, me entregou um pote de areia de fundo do mar para mostrar como é que a areia corria, que não ia fazer isso, que não ia fazer aquilo. Quando nós resolvemos o problema da areia, me chega outro e diz dos peixes, que tinha muito bagre e que os bagrinhos não iam conseguir nadar, para represar lá nos Andes, aquele negócio todo. Eu me comprometi, quando deixar a Presidência, comprar uma canoa, pegar os bagrinhos, colocar na canoa, levar do outro lado e trazê-los de volta. Não, não.”

Não parou por aí a sapiência presidencial. “Nós, aqui no Brasil, apenas proibimos. E vocês já viram aquelas plaquinhas nas gramas: é proibido pisar? É uma provocação para a gente pisar. É uma provocação.” Ou seja, dane-se a lei; se um semi-analfabeto achar que ela deve ser descumprida, e ele tiver poder para isso, dane-se a lei ambiental. É essa prepotência presidencial, criminosa em sua essência, que permite aos escroques de outros níveis dos governos petistas, como os que protegem as prestadoras de serviço público na Bahia, atropelar a conservação da biodiversidade mesmo onde ela é protegida por lei, como no caso da grilagem da Reserva Particular de Patrimônio Natural do Sr. Norberto Hess para passagem, ilegal, de linha de transmissão . Ponto para os trogloditas da “infra-estrutura e indústrias de base”, num caso que tende a se repetir nos próximos meses, à medida que Lulla Roussef tenta acelerar a pau e corda o “pogreço” artificial e eleitoreiro que em sua visão garantirá os votos para 2010.

Poderíamos seguir elencando o besteirol brasiliense com outros atores da tropa de choque anti-ambiental de Lulla Roussef: Edson Lobão, Reinold Stephanes e outros serviçais do lobby dos milionários interesses do “agronegócio”, da “infra-estrutura” e das “indústrias de base” de Pindorama. Mas o importante não é isso, e sim nos darmos conta de que há, comandado pela senha pública da verborréia presidencial, um esquemão no governo para agilizar o atraque dos poderosos sobre os recursos naturais do Brasil, transformar licenciamento em carimbada-relâmpago e fazer obras para inglês ver até a eleição presidencial de 2010.

Provavelmente o esquemão continuará, tamanha a cumplicidade da dita “sociedade civil organizada” com o lullismo. Mas que não se diga que o silêncio dos indecentes não-governamentais, que alimenta a gritaria palaciana anti-Natureza dos indecentes governamentais, foi unânime. Nós, loucos e poucos, seguiremos gritando, para nosso azar pessoal, mas registro da História e, esperamos, reversão desse quadro pornográfico de cumplicidade. Algum dia.

Artigo de José Truda Palazzo Jr. é jardineiro e indignado. Publicado no O ECO http://www.oeco.com.br/

domingo, 23 de agosto de 2009

Estação Crato/ Centro Cultural do Araripe


O Complexo da Estação Crato da Rede Ferroviária Federal/RFFSA, que envolve o antigo Pátio de Manobras, Estação Ferroviária, Armazéns, Alojamentos e Casa do Agente, foi um dos únicos patrimônios da RFFSA restaurado no Interior do Estado. E isso serve de modelo para que os antigos prédios que serviam de estação ferroviária sejam revitalizados e passem a contar com uma melhores propostas de infraestrutura urbana.


A Prefeitura Municipal do Crato comprou o acervo e conseguiu recursos junto aos Governos Federal e Estadual para a consolidação do Centro Cultural do Araripe. Naquele espaço funcionam, atualmente, a Secretaria de Cultura, Esporte e Juventude, a Biblioteca Municipal e um Telecentro, além de um Auditório/ Sala de Música e Espaços de Exposições, iInstalações que são capazes de proporcionar um movimento intenso de pessoas e, com isso, ocasionar a revitalização do local em um tempo mais hábil.

Uma das salas está sendo adaptada para a instalação de Arte Vicente Leite, que foi fechado temporariamente para restauração dos quadros. A Secretária de Cultura, Danielle Esmeraldo, informou que será instalado o "Expresso do Mundo", um espaço cultural que funcionará em parceria com o Instituto Lusofônico, uma entidade de Portugal que reúne os países de Língua Portuguesa, entre os quais, Guiné Bissau, Angola, Timor Leste, São Tomé e Príncipe, Portugal, Moçambique e Brasil.

O antigo Pátio de Manobras foi urbanizado e transformado numa grande área de lazer, onde são realizadas apresentações folclóricas, shows, festivais e festas carnavalescas. "Hoje, a antiga estação da RFFSA é um referencial dos acontecimentos culturais do Cariri", diz a Secretária, destacando que no mesmo espaço foram construídos outros equipamentos como o Restaurante Popular que fornece 1.000 refeições por dia e a nova estação do trem urbano que ligará Crato à Juazeiro do Norte.

Estação Crato/ Centro Cultural do Araripe, recomendado como um dos principais projetos estruturantes do PRU/ Plano de Requalificação Urbana do Crato para a área central da sede urbana municipal assim como outros projetos ora em implantação. Tanto o plano urbanístico como todos os projetos de arquitetura são concepção do Arquiteto José Sales, com participação da equipe de Ibi Tupi Projetos - Arquiteta Larissa Menescal, Claryanne Aguiar, Bruno Sidrim, Cláudio Saraiva, Emanuel Cavalcanti/ Arquiteta Designer Maira Roman/ Consultoria Arquiteto Romeu Duarte/ Fotografia Daniel Roman.

Dados da reportagem dos Jornalistas Antonio Vicelmo e Elizangela Santos para o Caderno Regional do Diário do Nordeste.


Dia Nacional do Folclore, no Crato

Fotografia de Dihleson Mendonça.

Sobral foi a primeira concessão


Foi por aqui onde surgiu a primeira concessão para a construção de estradas de ferro no Ceará. Deu-se com um decreto de 1857, em um empreendimento que deveria construir e explorar uma via férrea a qual, partindo de Camocim e imediações de Granja, seguiria para o Ipu, passando por Sobral. Mais tarde, em 1878 o governo imperial encampou a ferrovia e estabeleceu algumas mudanças no projeto original. Em 1882, nascia o projeto da primeira estrada de ferro construída no Ceará, a Via Férrea de Baturité. E, em 13 de março de 1873, chegavam a Fortaleza as primeiras locomotivas, desembarcadas no trapiche do Poço das Draga.


De lá para cá muita coisa mudou, as velhas estações entre as cidades da região que antes eram ponto de nostalgia, hoje viraram em algumas dessas cidades, velhos casarões em ruínas. Entre esses sobrados que estão praticamente abandonados e que não tem serventia nenhuma está uma das estações que era a mais movimentada da região norte. Os trens sempre lotados partiam de Fortaleza com destino a Crateús e Teresina no Piauí passando por Sobral, onde a parada era a mais demorada.


Entre esses passageiros estava o estudante universitário e hoje advogado Francisco Anastácio Prado, ou Chico Prado. Ele conta que o tempo de viagem entre Sobral e Fortaleza era algo em torno de oito a dez horas. O prazer da viagem afastava o cansaço. "Era tudo muito romântico. A gente almoçava dentro do trem que oferecia um serviço de bordo de causar inveja", descreve Prado.Por Sobral, o trem passava em três horários diferentes. Mas era o das 10h que provocava o maior alvoroço. "Muita gente chegava a Sobral e aproveitava o intervalo de duas horas para fazer compras, visitar a cidade e rever amigos", diz a comerciante Isabel Vasconcelos. Ela relembra que quando chegou à Estação Ferroviária de Sobral viu um progresso promissor. E foi em frente à velha estação que montou seu estabelecimento comercial que ainda mantém até hoje. "Isso aqui era uma verdadeira festa. Mas hoje está muito perigoso", relembra Isabel.


Fonte Diário do Nordeste.

Centro Sul: Iguatu quer implantar um complexo cultural

Na jurisdição do Ceará, que inclui áreas dos Estados do Piauí e Paraíba, há imóveis operacionais e não operacionais da extinta Rede Ferroviária Federal. Os que estão em funcionamento foram transferidos para o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) e estão sob a guarda da empresa Transnordestina Logística. A maior parte, cerca de 1500, passa por um processo demorado, desde maio de 2003, de levantamento a fim de ser encaminhada à Secretaria de Patrimônio da União (SPU). Os prédios sofreram destinação diversa após a privatização do sistema ferroviário federal.Até 2003 a determinação era alienação do patrimônio, isto é, venda dos imóveis não operacionais. Antigas estações de trem e galpões foram adquiridos pelos municípios. Alguns permanecem fechados, pertencentes ao patrimônio da União, outros já são utilizados pelas Prefeituras, mas há aqueles que aguardam transferência para o município.Iguatu comprou, em 2000, uma área de 1.485m quadrados, que inclui um galpão da antiga estação de trem. Em 2006, a administração quitou débitos remanescentes, mas aguarda até hoje a transferência da propriedade. "A demora nesse processo de inventariança traz prejuízo e atrasa a implantação de projetos culturais", observa a procuradora jurídica do município, Juliana Dantas. "O município comprou o imóvel, mas não pode exercer o seu direito constitucional de propriedade", diz.

A idéia inicial era implantar uma escola de música popular, mas o atraso obrigou a Prefeitura a construir um novo imóvel. Atualmente, o galpão está funcionando como arquivo provisório do INSS, enquanto a sede do órgão passa por reforma. Antes, já foi ocupado por famílias vítimas de enchente. "O nosso objetivo é implantar o museu histórico do município", revela a secretária de Cultura, Diana Mendonça. "Estamos aguardando a liberação do imóvel".

O prédio principal da antiga estação de trem é ocupado parcialmente com dois escritórios que dão apoio aos maquinistas, abastecimento das locomotivas de transporte de carga e serviço de manutenção da rede ferroviária. No dia-a-dia são apenas dois funcionários em atividade burocrática. O restante das salas estão ociosas ou servindo de depósito. Na área externa também se observa a redução do ritmo de trabalho, bem diferente da época áurea do serviço férreo. "A plataforma ficava repleta de funcionários, passageiros, vendedores", lembra o aposentado, Francisco Oliveira Paes. "Hoje está um vazio que dói no coração".

Fonte: Diário do Nordeste

Abandono e precariedade marcam a Estação de Caio Prado

A história de uma cidade não se faz apenas com os relatos dos moradores mais antigos. Os prédios históricos, construídos geralmente há mais de um século, também têm sua parcela de contribuição para o resgate da memória de um povo. No entanto, cada vez que as paredes começam a ruir, a desmoronar, a história encontra-se ameaçada. E não é diferente com o que acontece com os prédios que serviram de estação de passageiros para a extinta estatal Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA), no Interior do Estado do Ceará.

Em várias cidades, os prédios encontram-se em condições precárias e a ação do tempo compromete o passado, a identidade de um povo. No distrito de Caio Prado, em Itapiúna, distante 110km da Capital, a Associação dos Amigos de Caio Prado espera que o antigo prédio não seja totalmente esquecido pelo poder público. De acordo com o presidente da Associação, Marcelo Oliveira, o prédio precisa de uma reforma urgente para que os gastos não sejam ainda mais elevados, caso não haja uma intervenção a curto prazo.

A antiga estação está localizada perto da única lagoa do distrito, a Lagoa da Alzira.O caso da estação de Caio Prado é peculiar. Em 2007, a Associação dos Amigos de Caio Prado requereu, depois de acertar os documentos junto à Prefeitura Municipal, à Secretaria do Patrimônio da União (SPU) a posse do imóvel da estação e seu entorno com o objetivo de realizar a restauração e gerar atendimento público por meio de uma biblioteca e ilha digital.

De lá para cá, a SPU alega que não pode passar o imóvel para a associação porque o setor inventariante da RFSSA repassou-o à SPU sem o desmembramento oficial dos registros dos imóveis no cartório de cada cidade, o que acarreta a impossibilidade de doar a antiga estação.

Conforme o relato do presidente da Associação, os alpendres caíram, juntamente com todos os galpões. "Ficaram somente os do lado da frente, que eram de madeira e amianto", diz. E completa, argumentando que a degradação do prédio é constante. "Esta totalmente abandonado, mas serve para que pessoas utilizem o prédio para outros fins. Já paguei para fazer uma limpeza, mas isso não pode continuar porque não tenho que gastar meu dinheiro com a responsabilidade do poder público".

Além disso, boa parte da estrutura da antiga estação foi furtada por alguns moradores, que aproveitaram o abandono para retirar as portas. Marcelo Oliveira ainda destaca que boa parte do telhado foi quebrado e a estrutura atual do prédio serve apenas para encontros de moradores no período da noite. Apesar da intenção de reformar o prédio, Marcelo diz que a Associação dos Amigos de Caio Prado ainda não possui recursos suficientes para arcar com as despesas do prédio.

"Fizemos um ofício para a União na tentativa de fazer a recuperação do prédio, mas nos informaram que o prédio estava sendo destinado para outra secretaria. Acredito que preciso mais de R$ 100 mil", diz Marcelo. A intenção, com o reparo da antiga estação, seria a criação da sede da Associação dos Amigos de Caio Prado e a utilização do espaço para a promoção de cursos profissionalizantes, como informática e culinária, aos moradores do distrito.

Mas, para fazer a reforma, Marcelo Oliveira disse que seria preciso angariar recursos com diversas ações a serem empreendidas no município de Itapiúna. No entanto, o presidente da Associação conta que seria importante não deixar o patrimônio municipal no descaso.Enquanto isso, as paredes da antiga estação continuam a cair pela ação do tempo e a história do povo poderá ficar registrada apenas na lembrança ou nos relatos orais dos moradores que relembram da época.

Reportagem do Jornalista Maurício Oliveira para o Caderno Regional do Diário do Nordeste.

Complexo Estação Crato: Centro Cultural do Araripe

O Complexo do Crato da Rede Ferroviária Federal que envolve parque de manobras, estação ferroviária, armazéns e a casa residencial do agente, foi um dos poucos patrimônios da RFFSA restaurado no Interior do Estado. E isso serve de modelo para que os antigos prédios que serviam de estação ferroviária sejam revitalizados e passem a contar com uma melhor infra-estrutura.

A Prefeitura Municipal comprou o acervo e conseguiu recursos junto aos governos Federal e Estadual para a construção do Centro Cultural do Araripe. Naquele espaço funcionam, atualmente, a Secretaria de Cultura, Esporte e Juventude, a biblioteca municipal e um telecentro. Instalações que são capazes de proporcionar um movimento intenso de pessoas e, com isso, ocasionar a revitalização do local em um tempo mais hábil.

Uma das salas está sendo adaptada para a instalação de Arte Vicente Leite, que foi fechado temporariamente para restauração dos quadros. A secretária de Cultura, Danielle Esmeraldo, informou que será instalado o "Expresso do Mundo", um espaço cultural que funcionará em parceria com o Instituto Lusofônico, uma entidade de Portugal que reúne os países de Língua Portuguesa, entre os quais, Guiné Bissau, Angola, Timor Leste, São Tomé e Príncipe, Portugal, Moçambique e Brasil.

O parque de manobras foi urbanizado e transformado numa grande área de lazer, onde são realizadas apresentações folclóricas, shows, festivais e festas carnavalescas. "Hoje, a antiga estação da RFFSA é um referencial dos acontecimentos culturais do Cariri", diz a secretária, destacando que no mesmo espaço foram construídos outros equipamentos como o restaurante popular que fornece 1.000 refeições por dia e a nova estação do trem urbano que ligará Crato à Juazeiro do Norte.

A nova Estação Crato/ Centro Cultural do Araripe é um projeto de Arquitetura/ Urbanismo do Arquiteto José Sales e equipe, com participação consultiva do Arquiteto Romeu Duarte Júnior.

Parem as máquinas de novo

A Justiça Federal acatou o pedido de liminar do Ministério Público Federal de Mato Grosso exigindo a suspensão imediata do licenciamento estadual da usina hidrelétrica Juruena, que será construída junto com outros nove empreendimentos autorizados pelo governo Blairo Maggi. Todas as usinas ocuparão uma área de 287 quilômetros ao longo do rio Juruena e, segundo ictiólogos, transformarão 110 quilômetros deste formador do Tapajós numa seqüência de lagos nas proximidades de nove terras indígenas no noroeste do estado. O complexo hidrelétrico tem previsão de gerar cerca de 300 MW de energia e está sendo parcialmente financiado com recursos do BNDES.

Desta vez, no banco dos réus estão o governo de Mato Grosso, sob o comando de Blairo Maggi, a empresa de seu grupo Maggi Energia S/A, e o Ibama. O órgão ambiental federal foi colocado na jogada por não assumir o licenciamento ambiental de usinas que oferecerão impactos ambientais de larga proporção, atingindo diretamente terras indígenas, ainda que as obras ocorram fora de seus territórios.

Há pelo menos três anos, o MPF tem feito dezenas de denúncias de irregularidades na concessão de licenças aos empreendimentos, que tiveram os impactos ambientais subestimados de forma proposital para se abster de maiores exigências. Depois de o licenciamento ambiental de cinco usinas da Juruena Participações e Investimentos ter sido suspenso em abril de 2008, o caso foi parar no Supremo Tribunal Federal e, pelas mãos do ministro mato-grossense Gilmar Mendes, a ação foi indeferida. Em outubro, índios da etnia Enawene Nawe organizaram um ataque às obras da Pequena Central Hidrelétrica Telegráfica (PCH), em construção a menos de 20 quilômetros do limite da terra indígena. Eles são o grupo mais diretamente afetado por terem dependência alimentícia e espiritual com os recursos pesqueiros. Não à toa foram os que por mais tempo resistiram às propostas milionárias de compensação financeira oferecidas pelos empreendedores. Mas, sem respaldo da Funai ao longo do processo nem assistência adequados, acabaram aceitando os empreendimentos em troca das ofertas de dinheiro.

Fonte O ECO http://www.oeco.com.br/curtas/

sábado, 22 de agosto de 2009

Dia Nacional do Folclore, no Cariri


O Cariri é o caldeirão do folclore nordestino. Os municípios do Crato, Juazeiro e Barbalha receberam as influências de milhares de nordestinos que aqui aportaram, tangidos pela seca, em busca das fontes perenes, que jorram do pé da serra, ou arrastados pela fé no Padre Cícero. Essa miscigenação, mistura de raças, de povos de diferentes etnias, deu origem à "Nação Cariri", um conjunto de manifestações que deu personalidade à região. O Crato, especificamente, herdou um legado de tradições, ainda hoje cultuadas pelos seus filhos. A cultura cratense é uma das mais características do Nordeste brasileiro. Conserva muitas das suas raízes ainda puras, herdadas da cultura do couro, introduzidas pelos colonizadores baianos, que não eliminou o nativo, assimilando seus costumes.

"Poucas regiões conservam genuinamente o folclore como o Crato", disse o folclorista J. de Figueiredo Filho. Essa expressão se manifesta em cada aspecto de vida, na língua, nas instituições, no cotidiano social, produtivo e nas suas personalidades, no jeito cratense de ser.Na cidade do Crato, encontram-se bem definidas as manifestações populares e eruditas, clubes e agremiações literárias do primitivo ao científico: o maneiro pau, a banda cabaçal dos Irmãos Aniceto, os reisados dos mestres Aldemir e Mazé de Luna, as renovações nos pés-de-serra complementam a identidade cultural da cidade.

Hoje, quando se comemora o Dia Nacional do Folclore, a cidade se transforma num arraial de manifestações populares. Cerca de 38 grupos folclóricos participarão de um desfile que termina na Praça da Sé, com a hasteamento do pau da bandeira, abrindo oficialmente a festa de Nossa Senhora da Penha, Padroeira do Crato e da Diocese.

Em meio às danças, emboladas, toadas e cantos folclóricos, bancas de comidas típicas se espalham na praça, oferecendo mungunzá, vatapá, baião-de-dois, paçoca, galinha caipira e outras iguarias típicas da culinária regional.

É o encerramento do 32º Festival do Folclore, promovido pela Fundação Cultural Mestre Eloi, um radialista que levantou a bandeira do folclore regional. Hoje, esta bandeira está sendo empunhada por seu filho, Catulo Teles, que traz, no sangue e no coração, o amor às tradições populares.

Catulo ressalta que o Cariri é uma região povoada de mitos. Um exemplo são as lendas sobre a pedra da batateira, a mãe d´água, lobisomens, caiporas e outras narrativas que procuram explicar os principais acontecimentos da vida, os fenômenos naturais, as origens do mundo e dos seres humanos, por meio de deuses, semideuses e heróis (todas criaturas sobrenaturais). É muito comum, na história da humanidade, as pessoas, em todas as culturas, buscarem explicações "mágicas" para os acontecimentos que não entendem. "Assim, os mitos estão presentes no nosso dia-a-dia, nas nossas crenças, mesmo que a gente não pense muito sobre isso", afirma o folclorista.

Em Juazeiro do Norte terminou, ontem, no Teatro Marquise Branca, a Semana do Folclore voltada para as crianças dos pólos de atendimento dos bairros João Cabral, Timbaúbas, Horto, Comunidade AABB e Admirável Trupe. Durante a semana, foram realizadas apresentações artísticas, folclóricas e exposições de trabalhos artesanais feitos pelas crianças dos pólos de atendimento. O evento, promovido pela Secretaria de Assistência Social e Cidadania (Seasc), teve o objetivo social. A entrada foi paga com um quilo de alimento não perecível.

Reportagem de Antonio Vicelmo para o Caderno Regional do jornal Diário do Nordeste.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Encontro de Ecoturismo em São Paulo

Aprendizado, inovação e venda. Com este tema será realizado o Abeta Summit 2009, o maior encontro de Ecoturismo e Turismo de Aventura da América Latina. O objetivo é apoiar a comercialização de produtos e destinos, incentivar parcerias e difundir conhecimento por meio de congressos técnicos.

O evento acontecerá de 10 a 13 de setembro, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo (SP), paralelamente à Adventure Sports Fair. Promovido pela Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta), em parceria com o Ministério do Turismo (MTur) e o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), o encontro traz para o Brasil as principais lideranças nacionais e internacionais do segmento.

Interessados podem se inscrever em duas modalidades: Participante e Encontros de Negócios. Os inscritos como Participante terão acesso a toda a programação do evento - palestras, painéis temáticos e encontros sociais. Durante o evento, serão realizados mais de 20 painéis com temas como Comercialização, Sustentabilidade, Marketing e Inovação & Tecnologia.

No ano passado, empresas como a Gondwana Brasil Ecoturismo realizaram novos contatos e estreitaram parcerias. "O evento foi importante, tanto para aprender e melhorar o que já oferecemos para o segmento, como para realizar novos contatos com empresas do exterior que procuram no Brasil novos parceiros para realizar atividades de ecoturismo", relata a representante da Gondwana Brasil Ecoturismo, Camila Barp.

Este ano, a Embratur promoverá 14 famtour (viagens de familiarização) antes do evento. Assim, os compradores internacionais terão a chance de conhecer os principais destinos de Ecoturismo e Turismo de Aventura do Brasil. O Abeta Summit 2009 conta com patrocínio dos Estados do Mato Grosso do Sul, Amazonas, Ceará, São Paulo e Minas Gerais. As inscrições podem ser feitas pelo site www.abeta.com.br/summit

Fonte Suplemento Turismo do jornal Diário do Nordeste.

Prof. Gero Hillmer no Ceará novamente

Chegou esta semana ao Ceará, o Professor Gero Hillmer, do Instituto e Museu de Paleontologia da Univerdade de Hamburg e consultor da UNESCO, o autor da concepção do Geopark Araripe em consolidação na Bacia Sedimentar do Araripe, no Sul do Estado, juntamente com os Professores André Herzog/ URCA, Alexandre Feitosa Sales/ URCA e José Sales/ URCA. Veio a convite da FUNCAP/ Fundação de Auxílio à Pesquisa do Estado do Ceará, para participar da concepção de algumas publicações e documentários sobre Geopark Araripe. Neste fim de semana, o Prof. Hillmer se deslocará aos Municípios do Crato, Juazeiro, Barbalha, Missão Velha, Santana do Cariri e Nova Olinda, todos na Bacia Sedimentar do Araripe, para visitar novamente alguns dos geotopes do Geopark Araripe e contatos institucionais com a URCA/ Universidade Regional do Cariri.

Na próxima semana dentre suas atividades estão contatos para formulação da Agenda da Primeira Conferencia Panamericana de Geoparks que deverá ocorrer na própria região, como apoio do Governo do Estado do Ceará, através de uma ação coordenada pela Secretarias Estaduais da Ciencia e Tecnologia, Cidades, Turismo e URCA/ Universidade Regional do Cariri.

Segundo, o próprio Prof. Hillmer, a comunidade internacional e a própria UNESCO, que apoiaram a criação do Geopark Araripe em 2006, na Segunda Conferencia Internacional dos Geoparks Nacionais, em Belfast, na Irlanda, aguardam com uma certa ansiedade a implantação efetiva deste sistema de parques naturais que são registros das várias formações geológicas da Bacia Sedimentar do Araripe e que são documentos da História da Terra e da origem da vida em nosso planeta.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O Brasil rumo ao neoliberalismo ambiental

Um artigo de Fábio Olmos é biólogo e doutor em zoologia. Tem um pendor pela ornitologia e gosto pela relação entre ecologia, economia e antropologia.

Durante boa parte do século XIX acreditava-se que doenças eram causadas por miasmas pestilentos transportados pelo ar. Esta crença foi eventualmente deixada para trás quando Robert Koch provou que a tuberculose, em 1882, e a cólera, em 1883, são causadas por bactérias. Apesar das provas oferecidas, a teoria de que doenças são causadas por germes tinha críticos que argumentavam que Koch, Pasteur e outros cientistas haviam provado que germes existiam, mas não que estes causavam doenças, ou pelo menos que eram a causa única da doença.

Um destes críticos era Max von Pettenkofer, um cientista que fez contribuições significativas na sua área, mas advogava apaixonadamente que o consenso científico estava errado. Para provar isso, von Pettenkofer preparou diversos tubos de ensaio com culturas de bactérias da cólera e os bebeu juntamente com seus alunos. Embora dois destes tenham desenvolvido casos leves de cólera, todos sobreviveram e von Pettenkofer clamou vitória.

Em 1892, bactérias da cólera contaminaram o suprimento de água de Hamburgo e da cidade vizinha de Altona. As autoridades de Altona seguiram o consenso científico e filtraram a água, e seus habitantes escaparam de uma epidemia. Hamburgo acreditou na opinião oposta e não filtrou suas água. O resultado foram 8.606 mortos. Von Pettenkofer se tornou uma figura ridicularizada e odiada. Suicidou-se.

Seria fácil traçar um paralelo entre esta história e a disputa que vemos hoje entre cientistas que alertam para as mudanças climáticas causadas por nós ao queimarmos combustíveis fósseis e florestas, e aqueles que negam a realidade ou importância disto. Os fatos mostrarão quem está correto.

Acho mais interessante pensar nas diferenças entre os governos de Altona e de Hamburgo. Imagino os governantes das duas cidades tendo que decidir entre agir ou deixar as coisas acontecerem. As pressões feitas por quem teria que bancar o custo de filtrar a água e por quem executaria o serviço. Certamente houve quem dissesse que o custo seria proibitivo, resultaria em perda de empregos, que o dinheiro seria mais bem aplicado em outros projetos, etc., etc. Hoje sabemos quem tomou a decisão correta.

Governantes são julgados pelos seus atos, e os atos deveriam ser julgados pelas conseqüências. Infelizmente a percepção de causa e efeito, e o custo-benefício de atos presidenciais tendem a ser filtrados pela opinião pública.

Por exemplo, Juscelino Kubitschek é endeusado pela construção de Brasília, obra que merece ser avaliada pelas conseqüências. Por exemplo, ela resultou na extinção de um simpático roedor improvavelmente batizado de Juscelinomys candango. E teve conseqüências na vida política do Brasil que são muito evidentes hoje em dia.

Além da extinção, que é para sempre, e da popularização da arquitetura estilo Niemeyer, o legado mais duradouro de Juscelino é seu governo ter sido um ponto de mudança na corrupção brasileira. A construção de Brasília foi atrelada a pacotes de “bondades” (passagens grátis, auxílio-moradia, etc.) oferecidas para que nossos congressistas aceitassem se mudar do Rio de Janeiro.

Vemos hoje no que isso deu. Mais tipicamente kubitschekianos, os acordos mutuamente interessantes com as empreiteiras para viabilizar a rápida construção da nova capital resultaram na intimidade inadequada entre políticos, empreiteiras e órgãos públicos responsáveis por grandes obras, o que gera hoje boa parte dos escândalos que ocupam a Polícia Federal e o Ministério Público e explica porque temos antes listas de grandes obras desejadas por empreiteiras do que políticas dignas do nome para áreas como transportes e energia.

O imaginário brasileiro prefere olhar Brasília como um grande feito, e realmente ela o é, em termos de engenharia. Mas o legado político e ambiental de sua construção deveria nos fazer pensar melhor.Meio ambiente tem tudo a ver com política e economia. São estes fatores que determinarão o legado ambiental deste governo, que parece tão dúbio quanto o político. Para começar, Lula, o presidente que odeia pererecas, deve no mínimo, se igualar a Juscelino no quesito extinção causada por obra pública.

Mas o principal legado ambiental que Lula ameaça deixar para o futuro é resultado da grande característica dos dois governos moluscos: sua política agressiva de compra de apoio. Que é evidente no bolsa-esmola, nos financiamentos de estatais e ministérios para ongs companheiras, na domesticação de ambientalistas que viraram governo, no silêncio da UNE e dos sindicatos que já foram caras-pintadas, e no aparelhamento do Estado com companheiros dizimistas. E ululante na compra de deputados de programa e senadores de vida fácil em troca de cargos, obras ou dinheiro vivo mesmo. Compra de apoio que serviria para “garantir a governabilidade”, mas certamente não foi usada para avançar com nenhuma reforma necessária, e que agora parece servir primordialmente para que Lula eleja sua sucessora, aquela simpática senhora que falsificou o currículo acadêmico e, como seu padrinho, tem a cabeça nos anos 70.

Os votos na eleição de 2006 migraram das regiões mais urbanizadas e com melhor nível educacional, onde o eleitorado foi mais sensível ao escândalo do mensalão, para regiões menos urbanizadas e menos educadas, onde a opinião pública não liga muito para isso. O mesmo eleitorado que leva ao Congresso marimbondos de fogo, caçadores de marajás, cangaceiros de terceira e roubam-mas-fazem.

É o mesmo eleitorado que nas eleições municipais mostrou suas prioridades, ao reeleger politicos intimamente associados à industria do desmatamento, enquanto aqueles que investiram seriamente em educação acabaram chutados de seus cargos. O que nos deixa longe de ex-miseráveis como a Coréia, onde não apenas a prioridade na educação resultou em progresso social, mas políticos corruptos que só redimem quando se suicidam. Ah, se fôssemos como os coreanos...

A crescente sertanização da política nacional e poder cada vez maior que os pactos lulistas têm dado a senhores feudais e agroratas resultam em impactos ambientais diretos. Lula já deu um presentão aos grileiros de terras na Amazônia com a aprovação da MP da Grilagem. Passo importante rumo ao neoliberalismo ambiental que ruralistas e PACeiros querem impor ao país.
Neoliberalismo que se traduz por um liberou geral para que “as forças criativas do mercado liberem o potencial pleno de crescimento da economia como resultado da eliminação da regulação excessiva imposta sobre o setor produtivo”. Como reza o mantra que cansamos de ouvir até pouco tempo atrás.

Do mesmo modo que a História mostrou que o socialismo é uma roubada, as crises econômicas mundiais mostraram no que dá este tipo de abordagem. Interesses individuais sem moderação externa produzem sistemas instáveis onde a coletividade paga pela ganância privada. Como Thomas Hobbes já notou séculos atrás, é para isso que precisamos de leis e de um Estado que as imponha.Mesmo assim Lula, versão grisalha e hirsuta de Zé do Caixão, parece disposto a passar para a história como coveiro da legislação ambiental brasileira. É recorrente que nosso presidente fale em público contra o que vê como entraves ambientais a suas grandes obras. Não é apenas preocupante ver um presidente atacando a lei que jurou obedecer. É sintomático vê-lo ignorar que o entrave não é a lei nem o IBAMA, mas sim a incapacidade governamental de planejar e produzir bons projetos técnicos e orçamentos realistas.

Com o fim do recesso parlamentar e se o congresso não ficar imobilizado por mais escândalos, devem voltar à baila o aleijamento do Código Florestal, MPs isentando rodovias amazônicas de estudos ambientais e outras barbaridades para as quais não têm faltado os Von Pettenkofer da vida, conscientes ou iludidos, para lhes dar sustentação "técnica", temperados com atentados à inteligência como os que “justificaram” a MP da grilagem e ornam a retórica dos agrocrtas, para os quais 33% do país é pouco.

O que veremos nos próximos meses será decisivo para nosso meio ambiente, que é questão estrutural, mas nunca recebeu tal status nas políticas públicas. Com a insuperável capacidade brasileira de matar o futuro em troco do voto imediato, o neoliberalismo ambiental pode bem ser o mais duradouro legado de Lula ao futuro.

Fonte: O ECO http://www.oeco.com.br/

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Acre adere aos benefícios do REDD

O Governo do Acre disponibilizou hoje (13) na internet para consulta pública seu Projeto de Incentivo aos Serviços Ambientais. Elaborado dentro dos mecanismos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD), o projeto é uma espécie de bolsa-floresta para quem não desmatar. A meta do estado é reduzir suas emissões em 60 milhões de toneladas de monóxido de carbono (CO), em 15 anos.

O governo acreano espera que o esforço signifique R$ 400 milhões no período, que viriam do mercado internacional de carbono ou doações voluntárias de países preocupados em preservar a Amazônia, para dar a quem seguir suas metas.

Os moradores da zona rural – cerca de 30% da população do Acre - serão os primeiros contemplados. São cerca de 200 mil pessoas, 100 mil deles assentados pelo Incra. A região ao longo da BR-364, rodovia que liga Rio Branco a Cruzeiro do Sul e é uma das principais do estado, será uma das áreas piloto para implantação das ações previstas pelo governo. Se aprovado o projeto, o estado será um dos pioneiros no país a adotar mecanismos de REDD.

Fonte Salada Verde de O ECO http://www.oeco.com.br/saladaverde

Caminho Darwin na Tiririca

Foi escolhido nesta semana na UFF/ Universidade Federal Fluminense o projeto vencedor que definirá o plano de uso público do Caminho Darwin, dentro do Parque Estadual da Serra da Tiririca (RJ). Conhecido por ter recebido Charles Darwin, autor da obra-prima “A origem das espécies”, em sua visita ao Rio de Janeiro no século XIX, a trilha será revitalizada para ligar Niterói ao município de Maricá por dentro da unidade de conservação.

A primeira fase do planejamento inclui estruturas de visitação e placas informativas da fauna e flora locais. Depois, lanchonetes e áreas de lazer para crianças devem ser construídas. Segundo a direção de unidades de conservação do Instituto do Meio Ambiente do Rio, os recursos já estão separados, e são parte do edital do Projeto de Proteção à Mata Atlântica (PPMA, com fundos do banco alemão KfW). O montante não foi informado.

Fonte Salada Verde de O ECO http://www.oeco.com.br/saladaverde

Dia Mundial da Fotografia

Comemora-se hoje, 19 de agosto, o Dia da Fotografia. Com a popularização da máquina digital, as imagens invadiram ocotidiano. A cada dia, o mundo passa por inúmeras mudanças. A natureza muda, os hábitos, a tecnologia, tudo o que ontem era novo hoje já é velho. A fotografia acompanhou o ritmo das mudanças. E com o surgimento das câmeras digitais, a imagem invadiu também o sertão. É comum ver as festas de casamento, batizados e aniversários sendo documentadas nos pequenos vilarejos. A mão que "derriba" o touro brabo dentro da mata fechada é a mesma que maneja uma máquina fotográfica.

No caminho inverso dessa evolução, o Fotógrafo Alan Bastos seguiu a estrada de volta ao princípio da fotografia. Com uma câmera feita de caixa de fósforos e dois rolos de filmes, Alan deu um mergulho de quase 300 anos no túnel do tempo, quando o americano George Eastman (1854-1932) inventou o filme de rolo, que deu origem à película cinematográfica. Desde então, o homem passou a registrar as imagens do mundo com mais facilidade.

A volta ao passado vai mais além. Com uma câmera feita de uma lata de leite em pó, Alan repete a experiência feita pelo físico francês Joseph Nicéphore Niepce, em 1826, com uma técnica que ele denominou de heliografia. Era a primeira imagem fotográfica obtida com sucesso de uma paisagem vista da janela do seu local de trabalho. Com equipamentos rudimentares, ele, que é Professor da URCA/ Universidade do Cariri, pretende mostrar aos alunos a origem da fotografia e estender a arte fotográfica às comunidades de menor poder aquisitivo, argumentando que, nem sempre uma boa imagem depende da máquina, mas da sensibilidade do fotógrafo.

A idéia é ministrar oficinas de fotografias nas escolas públicas da Região do Cariri mostrando os princípios da máquina fotográfica. Ele adverte que fotografar não é somente apertar o botão. A arte vai além do clique. O fotógrafo deve conhecer, antes de tudo, o segredo da luz. "A iluminação correta é o primeiro passo para se conseguir imagens em alta definição", ensina o fotógrafo, justificando a necessidade do amador começar do zero, conhecendo a origem da máquina fotográfica.

A comunidade do Gesso, onde funcionou o baixo meretrício do Crato, já foi o cenário e oficina de um curso de fotografia, que teve como monitor o fotógrafo, jornalista, curador e produtor cultural Ricardo Peixoto. O artista ministrou a oficina "Caixa Mágica" com abordagens dos princípios da fotografia e um exercício sensorial.A proposta do projeto, segundo Alexandre Lucas, diretor do Coletivo Camaradas, é levar a imagem com seu contexto histórico, técnicas e resultados para comunidades que nunca tiveram contato com a fotografia. "Mágico é fazer com que as pessoas vivenciem o real à sua volta, a imagem é real", afirma. A oficina foi realizada no Projeto Nova Vida, uma Organização Não Governamental (ONG) que tem o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável de pessoas em situação de risco que residem no Gesso.

Um dos fatores que motivou o artista foi o interesse em conhecer a realidade da antiga zona de prostituição do Crato. Ele tomou conhecimento do ambiente por meio da exposição "Cabaré" que foi realizada no Centro Cultural do BNB. Coincidentemente, Peixoto realizava, em João Pessoa, o Dia Internacional da Prostituta, juntamente com a Associação das Profissionais do Sexo da Paraíba.Para Ricardo Peixoto, que tem um trabalho ligado aos grupos excluídos e marginalizados, "o artista não pode ficar fazendo arte pela arte". Ele acredita que o artista pode e deve contribuir socialmente com o seu fazer artístico. Peixoto é um dos fundadores do Grupo Traficantes de Imagens na década de 90 na Paraíba.

Matéria do Jornalista Antonio Vicelmo no Caderno Regional do Diário do Nordeste, de hoje, Dia Mundial da Fotografia.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Bibliotecas do Cariri recebem doação

"Um País se faz com homens e livros". O pensamento do escritor Monteiro Lobato está sendo seguido por um jovem caririense que trabalha na Universidade de Brasília. Elmano Rodrigues Pinheiro está inundando as bibliotecas do Cariri e da região dos Inhamuns com milhares de livros, com o apoio do técnico do Ministério da Integração, Raphael Paiva, que, na semana passada, participou, no município do Crato, do Fórum de Desenvolvimento da Mesorregião do Araripe.

Esta semana, chegou ao Crato um caminhão com cinco toneladas de livros endereçados ao Instituto Cultural do Cariri (ICC), que serão repassados para bibliotecas da região. A quantidade de livros só não é maior porque falta transporte. Algumas vezes, Elmano teve que tirar dinheiro do próprio bolso para custear as despesas com o transporte. Com a colaboração da gerência de Fortaleza da empresa de ônibus Guanabara, que faz a linha para o Cariri, estão sendo mandados livros pelos passageiros.

No ano passado foi firmada uma parceria com a Prefeitura de Mauriti e a Fundação Enoch Rodrigues que resultou no envio de 1.300 títulos. Um convênio com o Ibama possibilitou o envio 1.500 títulos. Ao todo, já foram espalhados no Cariri 61 mil livros.Com o objetivo de incrementar esta campanha de semear livros, Elmano está disponibilizando 50 títulos para serem vendidos. Com o dinheiro da venda, será pago o transporte para o Cariri. Os títulos disponíveis para a venda serão: Elba Ramalho - ensaio fotográfico dos 20 anos de carreira; e Fundamentos da Ética, ao preço de R$ 50 cada. Os interessados na campanha podem entrar em contato pelo e-mail: elmanorodrigues01@yahoo.com.br.

Para o Presidente do Instituto Cultural do Cariri, Manoel Patrício de Aquino, a distribuição destes livros "é uma enchente de saber na mente de milhares de pessoas. Os livros ultrapassam fronteiras, eles agem de forma direta na consciência humana, no imaginário das crianças, na esperança dos ´desesperados´, ele projeta no âmago um mundo novo, o qual o leitor cria e recria novas formas, finais, a criatividade dispersa qualquer expectativa humana".

Elmano Rodrigues Pinheiro nasceu em Farias Brito e hoje em Brasília trabalha na Editora da UNB - é o maior benfeitor das bibliotecas públicas do Cariri, para as quais doou milhares de livros. Criador da Fundação Enoch Rodrigues.

Fonte Caderno Regional do Diário do Nordeste

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Degradação ambiental no Rio Jaguaribe ²


O chefe do escritório regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de Iguatu, Fábio Bandeira, observa que "infelizmente, as áreas de preservação são afetadas e a situação se agrava a cada ano". Bandeira mostra que "os caçambeiros insistem em extrair areia das barreiras do rio, das áreas de preservação permanente, e os donos de terra destroem a mata ciliar para ampliar a área de plantio".

Quem percorre as margens do Jaguaribe, no município de Iguatu, observa com facilidade o avanço da destruição das barreiras. A cada ano, ocorre alargamento do leito e a destruição de áreas agrícolas. Até a década de 1970, o Rio Jaguaribe ainda guardava vegetação nativa, as barreiras eram protegidas pelas matas ciliares e o índice de poluição era reduzido."Hoje, o leito do rio está muito largo, as barreiras caíram e a destruição é crescente", diz o agricultor, Francisco Oliveira, da localidade de Cardoso. "É preciso que se faça alguma coisa". A observação de Oliveira reflete a necessidade de ações concretas. Entretanto, faltam trabalho e projetos visando à revitalização do rio.Além da destruição de suas matas ciliares, o Rio Jaguaribe recebe diariamente despejos de esgotos de dezenas de cidades e centenas de vilas e distritos rurais. Os dejetos seguem para o Açude Orós, o segundo maior do Ceará. "É preciso construir sistemas de saneamento, tratamento de esgoto nos municípios", observa o agrônomo e ambientalista, Paulo Maciel.

Algumas escolas, instituições públicas e Organizações Não-Governamentais (ONGs) realizam campanhas educativas em datas relacionadas ao meio ambiente. A maioria das ações é voltada para os estudantes, mas os verdadeiros e atuais agressores não são conscientizados sobre o problema. Além disso, os projetos são limitados e ficam apenas no plano das discussões sobre a degradação ambiental, sem ação concreta.Iguatu, pólo regional do Centro-Sul, é uma das grandes poluidoras do Jaguaribe. Os esgotos das residências e do setor comercial são despejados diretamente no leito do rio. O chefe do Ibama também chama a atenção para o Açude Trussu, que é responsável pelo abastecimento da cidade. "As pessoas precisam se conscientizar sobre a gravidade da destruição dos recursos naturais", observa Fábio Bandeira. "É preciso ações concretas para preservar rios, açudes e lagoas".

O secretário de Agricultura de Iguatu, Valdeci Ferreira, lembra que já participou de várias reuniões promovidas pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) e por outras instituições públicas, nas quais o problema da poluição e destruição de matas ciliares e de barreiras naturais do Rio Jaguaribe foram debatidas. "Infelizmente as idéias não saíram do papel, as metas não foram cumpridas. Essa questão demanda grandes projetos e recursos públicos, além de decisão e vontade política em realizar".

Numa faixa de 20km no curso do Rio Jaguaribe, é visível a destruição de suas barreiras naturais, da mata ciliar, do avanço do leito do rio com seus bancos de areia sobre áreas antes agricultáveis. O agricultor José Alves de Macedo, conhecido por Zé da Barra, relembra da época em que o Jaguaribe era cheio de mata, o leito era profundo e mais estreito. "A cada enchente desde 1974 que o rio avança e destrói antigas roças que se transformam em bancos de areia", observa. "Do Barro Alto às Cajazeiras isso está acontecendo a cada ano". A destruição da mata ciliar favorece o alargamento do rio e a invasão de terras agricultáveis.

Reportagem do Diário do Nordeste. Esgoto da Beira Fresca, localizado no Bairro Prado, mo município de Iguatu. Parte dos dejetos da cidade escorrem diretamente para o leito do Rio Jaguaribe, causando poluição no manancial (Foto: Honório Barbosa)

Degradação ambiental no Rio Jaguaribe

A situação vem se agravando a cada ano e faltam ações concretas para reverter o quadro de devastação. A poluição é crescente e constante. Além de Iguatu, o Rio Jaguaribe recebe esgoto de dezenas de cidades, e a destruição de suas matas ciliares avançam em ritmo contínuo. Perenizado por águas de açudes na bacia do Alto Jaguaribe, há milhares de pessoas que vivem da produção agrícola e pecuária cuja fonte é o rio, daí a sua importância e a necessidade de preservação.

Em Iguatu, dois grandes canais de esgotos que despejam lama diretamente no leito do rio. É uma forte agressão. No fim da década de 1950, em defesa da construção do Açude Orós, o poeta e jornalista Demócrito Rocha comparou o Rio Jaguaribe a "uma artéria aberta, por onde escorre o sangue do Ceará". Certamente, não imaginava o escritor que quatro décadas depois esse curso de água estaria sofrendo forte degradação.

O cantor e compositor Luiz Gonzaga, na música "Xote ecológico", deixou um alerta para todos nós: "Não posso mais respirar, não posso mais nadar/ A terra está morrendo, não dá mais pra plantar". Pode-se acrescentar: "o rio está morrendo e o peixe a poluição comeu/ o verde das matas desapareceu e em vez de água, a lama escorreu".

Reportagem do caderno Regional do Diário do Nordeste de hoje. Vale a pena conferir este alerta.

domingo, 16 de agosto de 2009

Os limites da Expedição Científica do Império

A iniciativa, no entanto, ficou limitada ao Ceará. A passagem da Comissão Científica pela província foi marcada por tensões e conflitos. A imprensa da época apelidou o empreendimento de nomes como "Comissão das Borboletas" ou "Comissão Defloradora".

Incidentes envolvendo ajudantes da Comissão, problemas ligados às especificidades da região e até a tentativa frustrada de aclimatação de 14 camelos para realizar a travessia eram muito noticiados. As mudanças políticas nos gabinetes imperiais e a Guerra do Paraguai, na qual o Brasil se envolveu militarmente, implicaram na diminuição dos orçamentos e da atenção dispensada à Comissão Científica.

A viagem gerou uma vasta documentação, como relatórios, diário de viagem, apontamentos sobre a seca, estudos botânicos e vários outros temas, além de objetos coletados no local. O legado concentra-se em instituições do Rio de Janeiro, como o IHGB e o Museu Histórico Nacional (MHN). No Ceará, algumas das aquarelas de Reis Carvalho podem ser vistas no Museu do Crato. O Museu do Ceará lançou, recentemente, documentação inédita sobre a expedição, com escritos de alguns dos membros da Comissão Científica.

Fonte Caderno Regional do Diário do Nordeste

150 anos da Comissão Científica do Império ³

Patrocinada pelo imperador Dom Pedro II, a Comissão tinha uma meta ambiciosa: ao colher informações sobre fauna, flora, minerais, geografia, além dos usos e costumes, a ideia da Comissão era promover a integração regional do País e a promoção de uma identidade nacional, além de buscar potenciais recursos naturais que pudessem ser explorados, como metais preciosos.

A Comissão Científica era dividida em cinco seções, cada uma chefiada por um associado do IHGB: seção Botânica, comandada pelo botânico Francisco Freire Alemão (presidente da Comissão); seção Geológica e Mineralógica, com o físico Guilherme Schüch de Capanema; seção Zoológica, com o naturalista Manoel Ferreira Lagos; seção Astronômica e Geográfica, chefiada pelo matemático Giacomo Raja Gabaglia; e a seção Etnográfica e de Narrativa de Viagem, a cargo do romancista e historiador Antônio Gonçalves Dias. Acompanhava a viagem o tenente da Marinha, José dos Reis Carvalho. Discípulo do pintor francês Jean Baptiste Debret, era o desenhista oficial da expedição, tendo produzido desenhos e aquarelas (fotos) da natureza e da arquitetura da província.

Somente os preparativos para a expedição duraram três anos. Gonçalves Dias e Raja Gabaglia viajaram à Europa para adquirir equipamentos para a viagem, como material de acampamento, medicamentos, equipamentos de precisão, microscópios e até câmeras fotográficas. A Comissão foi a primeira no Brasil a fazer registros fotográficos, mas que se perderam no naufrágio do Iate Palpite. Foi adquirida uma biblioteca de cerca de mil volumes inéditos no País para servir de pesquisa aos "científicos", como eram chamados os membros da Comissão imperial.

Fonte Caderno Regional do Diário do Nordeste

150 anos da Comissão Científica do Império ²

A realização de expedições e o interesse em colher informações sobre recursos naturais e populações indígenas permeiam a ocupação do "novo mundo". No Brasil, a chegada da Família Real portuguesa abriu caminho para a realização de expedições estrangeiras, apoiadas pelo Estado."Com a vinda de D. João VI e da Corte Portuguesa para o Brasil, em 1808, houve a liberação do acesso de naturalistas ao amplo e desconhecido território brasileiro, após séculos de repressão e segredo das autoridades coloniais, desejosas de resguardar os seus recursos naturais da cobiça dos países mais desenvolvidos", aponta o pesquisador cearense Melquíades Pinto Paiva, autor do livro "Os Naturalistas e o Ceará".

A primazia da razão e a possibilidade do conhecimento do outro, defendidas pelo Iluminismo, animavam a formação de instituições de cultivo das ciências, da cultura e das artes nos principais centros europeus, tendência seguida pelo Brasil para se inserir na comunidade internacional.

Em 1856, foi a partir do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), então a principal instituição científica do Brasil, que surgiu a ideia de enviar às províncias do Norte a primeira expedição formada apenas por brasileiros. Defendia-se que muitas das impressões dos estrangeiros eram baseadas em visões pré-concebidas de uma "terra exótica". Procurava-se, assim, sair da posição de fornecedor de exemplares a serem pesquisados para a de produtor de conhecimento. "Com a criação da Comissão Científica, o governo imperial tentou alcançar os seguintes objetivos: provar a capacidade de organizar e manter em ação uma expedição científica constituída somente por naturalistas brasileiros; mostrar ao mundo, dito civilizado, o apreço institucional e oficial pelo desenvolvimento das ciências; direcionar esforços no sentido de melhor conhecer regiões do Brasil de pouco interesse dos naturalistas estrangeiros que nos visitavam e conduziam suas expedições; melhor conhecer a natureza e os recursos das províncias do Nordeste do Brasil, a começar pelo Ceará", comenta Melquíades Pinto Paiva.

Fonte Caderno Regional do Diário do Nordeste

150 anos da Comissão Científica do Império

Há 150 anos, cientistas da época do Império viajaram ao Ceará com o objetivo de conhecer os sertões do Brasil.

"Vieram os senhores a este nosso Brasil". No registro do diário do botânico Francisco Freire Alemão, assim fala um homem da então Vila de Aracati sobre um dos projetos mais ambiciosos do Brasil Imperial. Há 150 anos, os principais representantes da elite intelectual brasileira empreenderam viagem exploratória de dois anos e cinco meses à província do Ceará. Era a Comissão Científica de Exploração, designada oficialmente como Imperial Comissão Científica e Comissão Exploradora das Províncias do Norte.

Com metas grandiosas e produtora de ampla pesquisa em diversas áreas sobre o Estado do Ceará, uma série de constrangimentos de ordem política, cultural e de financiamento fez com que o projeto não tivesse a continuidade e a abrangência esperadas. Apesar disso, a viagem pelos rincões cearenses é relevante para entender a história do pensamento social vigente, além de aspectos naturais e humanos do Ceará naquele período.

De reportagem Comissão Científica do Império descobriu os Sertões no Caderno Regional do Diário do Nordeste, neste domingo 15/08/ 2009

sábado, 15 de agosto de 2009

Empresários denunciam ambientalista Vanda Claudino Sales

A Associação Cearense dos Empresários da Construção e Loteadores (Acecol) entrou com denúncia, junto ao Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Ceará (Crea), contra a ambientalista e professora da Universidade Federal do Ceará, Vanda Claudino Sales.Segundo a entidade, a professora teria exercido ilegalmente a profissão de geógrafo, em função do parecer técnico realizado para o projeto de preservação das dunas do Cocó, de autoria do vereador João Alfredo (PSOL), aprovado em junho na Câmara.

Recursos para financiamento de Parques Eólicos

A SUDENE liberou, neste mês de agosto, R$ 103,5 milhões do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) para dois projetos de energia eólica localizados no estado do Ceará. A Eólica Foz do Rio Choró, que fica no município de Beberibe e com capacidade de geração de 25,2 MW/h, recebeu R$29,5 milhões, enquanto a Eólica Icaraizinho, na cidade de Amontada e com capacidade de 54,0 MW/h, ficou com R$ 74 milhões.

As empresas titulares desses projetos são, respectivamente, a Siif Cinco Geração e Comercialização de Energia S/A e Eólica Icaraizinho Geração e Comercialização de Energia S/A, controladas pela Siif Energies do Brasil Ltda. Os dois empreendimentos estão localizados em áreas prioritárias, como determina a Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) e somam investimentos totais da ordem de R$ 355,4 milhões.O montante do FDNE ao qual a Eólica Foz do Rio Choró tinha direito, no valor de R$ 59,5 milhões, já foi liberado, tendo sido esta última a segunda parcela.

O total de investimentos da Eólica Icaraizinho é da ordem de R$ 225,8 milhões, dos quais a participação do FDNE é de R$ 151,8 milhões. Já foram liberados cerca de R$ 136 milhões.

Fonte Caderno Negócios do Jornal Diário do Nordeste.

Beberibe ganha novo parque eólico

No próximo dia 20, o Ceará receberá mais um empreendimento de produção de energia através do potencial de seus ventos. Será inaugurado o Parque Eólico de Praias de Parajuru, localizado no município de Beberibe - distante 103 quilômetros de Fortaleza. O empreendimento que conta com investimento de R$ 550 milhões, terá uma capacidade total instalada de 28,8 megawatts, distribuída em 19 aerogeradores.

O parque está instalado em uma área de 325 ha e o primeiro dos três que serão instalados através de parceria entre CEMIG/ Companhia Enérgica de Minas Gerais e IMPSA - empresa líder na América Latina em energias renováveis. Os outros dois parques eólicos a serem inaugurados pelas duas empresas no Ceará são o Praia do Morgado e Volta do Rio, ambos situados no município de Acaraú distante 250 quilômetros de Fortaleza. As datas previstas para a inauguração são, respectivamente, 30 de setembro e 30 de outubro. Ao todo, os três empreendimentos juntos respondem por uma capacidade total instalada de 99,6 MW de energia e irão gerar, durante sua implantação, cerca de 7.600 postos de trabalho diretos e indiretos.

De acordo com o CEO IMPSA no Brasil, Luis Pescarmona, o projeto é parte da estratégia da empresa de investir cada vez mais em energias renováveis no Brasil. "A IMPSA considera o Brasil um mercado chave. Temos uma estratégia de longo prazo que inclui não só a geração e fabricação de equipamentos, mas sim o desenvolvimento de tecnologia. Nossa visão é ser protagonistas no desenvolvimento de uma matriz energética mais equilibrada e limpa com projetos ao longo de todo o País. Temos certeza que os ventos de crescimento estão soprando a nosso favor e do Brasil", explica ele.

A IMPSA trabalha ainda na implantação de outros 10 parques no Estado de Santa Catarina, com potência instalada de 217 MW, cujo investimento previsto para 2009 é de R$ 1,3 bilhão. Os parques eólicos fazem parte do Programa de Incentivo a Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) onde a empresa é líder com 22% de participação.

O presidente da CEMIG Djalma Bastos de Morais, ressalta que a aquisição de participação nos parques eólicos está em conformidade com a estratégia da empresa de crescer de forma sustentável econômica, social e ambientalmente."A Cemig já tem uma posição de destaque no cenário nacional, graças à participação de mais de 90% de fontes limpas em sua matriz, o que estamos ampliando agora, atendendo também à determinação do nosso acionista majoritário, o governo de Minas Gerais para investirmos em alternativas energéticas", destaca.

Fonte Reportagem Lívia Barreira para o Caderno Negócios do Diário do Nordeste.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Museu de Paleontologia receberá acervo arqueológico

Dezenas de sítios arqueológicos já foram identificados ao longo do trajeto que segue as obras da Transnordestina, dentro do espaço de preservação do patrimônio arqueológico. Desse material, restam peças, em sua maioria, de pedra lascada, que estão passando por análise e pesquisa em laboratório, coordenadas pela empresa Zanettini Arqueologia. A novidade é que esse material será repassado para o Museu de Paleontologia de Universidade Regional do Cariri (Urca), para salvaguarda, com acompanhamento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).



Um grupo formado por pesquisador, arqueólogos e técnicos do Iphan está fazendo todo o acompanhamento, pesquisa e coleta de material, além de fiscalização ao longo da obra, de onde já foram coletadas várias amostras. Poucos materiais em cerâmica foram identificados. Semana passada, os estudiosos estiveram participando de reunião com o reitor da Universidade, professor Plácido Cidade Nuvens, para falar das pesquisas que estão sendo implementadas ao longo da Transnordestina e a viabilidade desse material continuar na região, no Museu de Paleontologia.



No momento, o museu passa por uma reforma e ampliação para abrigar parte das peças que se encontravam guardadas, sem um espaço para serem expostas. Estão sendo investidos nesse trabalho mais de R$ 640 mil, inclusive para fortalecer a segurança para salvaguarda de mais de 7 mil peças fósseis, entre as mais raras e bem conservadas do período cretáceo do mundo. O reitor da Urca afirma que esse espaço está sendo estudado, de acordo com a nova planta para que o local receba as peças.



Na região, a Fundação Casa Grande já guarda um acervo considerável de peças em cerâmicas e pedra lascada e é a instituição que tem empreendido pesquisas na área da arqueologia na região. Vários sítios já foram identificados e estão sendo estudados pela doutoranda em Arqueologia e diretora da Fundação, Rosiane Limaverde. A instituição, em Nova Olinda, atua também na área de educação patrimonial.



Fonte Caderno Regional do Diário do Nordeste.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Marcos Sá Correa: Marina Silva tem que ser candidata


Marina Silva tem que ser candidata

A candidatura da ex-ministra Marina Silva é o primeiro assunto sério desta eleição presidencial. Ela não resolve as dúvidas sobre o próximo governo. Mas desarruma imediatamente uma campanha que, arrumada como está, só serve para levar o país ao ridículo.


Sem Marina Silva, os governadores José Serra e Aécio Neves poderiam atuar indefinidamente como se disputassem uma vaga nos suplementos dominicais que cobrem com mais conhecimento de causa problemas íntimos de relacionamento ou crises vocacionais. Alguém sabe qual foi a última notícia sobre a plataforma de Aécio Neves, por exemplo? Foi sobre a prancha de surfe que ele acaba de adquirir.


Com a senadora no páreo, a Ministra Dilma Rousseff provavelmente mudará de estilo, o que levaria todo mundo nesta história a ser mais sério. Marina Silva, de cara limpa, torna a maquiagem de Dilma Rousseff mais artificial que seu currículo, onde seus graus de mestranda, doutoranda e candidata à presidência da República saíram todos da mesma usina palciana de factóides, que oficializou a técnica marqueteira do “se colar, colou”.


A senadora, ao contrário, tem um currículo que só fez encolher nos cinco anos e meio que ela passou no Ministério do Meio Ambiente, trabalhando com um presidente que considera toda conversa de Meio Ambiente uma grande besteira – e como de besteira ninguém entende mais do que ele, sua política ambiental começa e acaba na mais vulgar conversa fiada.


Sob inspiração do chefe e guia iluminado, o resto da equipe aprendeu a tratar o Ministério do Meio Ambiente com amigável indiferença ou, no caso da ministra Dilma Rousseff, com franca hostilidade. Marina Silva errou bastante, e não foi só por ficar no cargo mais tempo do que deveria. Ela apostou demais em reservas extrativistas e assentamentos sustentáveis, que fariam sentido na Agricultura ou ou em qualquer programa social do governo. Mas, não no ministério do Meio Ambiente, onde promoveram a troca do essencial pelo acessório e condenaram os parques nacionais à penúria.


Na equipe de Lula, ela acabou se prestando ao papel de disfarçar os consideráveis danos ambientais cometidos soberanamente aqui dentro para uma opinião pública internacional que, lá fora, continuou ouvindo até o fim que Marina Silva era “a mulher que pode salvar a Amazônia” – como publicou no ano passado, pouco antes de sua demissão, o jornal inglês The Guardian. Nesse papel, ele serviu à leviandade ambiental do governo como disfarce e escudo.


Marina Silva recuou muitas vezes, vezes demais, perdendo internamente embates decisivos, sobretudo com a Ministra das Minas e Energia e, depois, da Casa Civil. Ou seja, Dilma Rousseff, que finalmente está sendo desafiada a enfrentá-la a céu aberto, como adversária explícita.


Apesar de seus equívocos políticos e administrativos, a senadora entrou no governo Lula e saiu do outro sem deixar de ser o que sempre foi. Atravessou todas as encruzilhadas e armadilhas do caminho em linha reta. E esse é um trunfo cada vez mais raro na órbita do presidente, que geralmente desmoraliza indiferentemente vencedores e vencidos que cruzam sua trajetória de sucesso estritamente pessoal.


Contra o currículo falsificado de Dilma Rousseff, o que Marina Silva tem de inigualável é a biografia. E sua biografia tem tudo a ganhar agora com a candidatura presidencial, exceto – como tudo indica – a presidência da República. Concorrendo, ela repararia o prejuízo que causou a si mesma, domesticando as ongs ambientalistas através de contratos para prestar serviços ao ministério. Oficializando-as, silenciou-as. E caladas elas assistiram à sua queda, na hora em que a ministra se demitiu.


Quem está no governo sempre acha que a vida continua a mesma. Mas, com sua campanha nas ruas, Marina Silva daria às ongs aliadas uma oportunidade para sair dos gabinetes, aprendendo o caminho de volta aos protestos e à oposição. Ou melhor, abjurando o governismo que ultimamente as amordaça e imobiliza.


Mostraria de quebra que, de onde menos se espera – o Senado, reduzido na era Lula a uma inutilidade perdulária – ainda pode sair uma supresa limpa e inatacável. E isso, nas circunstâncias, por si só despolui um pouco a democracia brasileira. Provaria além do mais que, mesmo com 80% de aprovação, um governo pode ter outro lado sim, e que este outro lado pode estar lá dentro.


Sobretudo, ofereceria aos brasileiros uma chance que parecia perdida de antemão para ouvirem pela primeira vez em eleição nacional candidatos discutindo, mas discutindo mesmo, queiram ou não, uma política para o país de meio ambiente – porque sem política de meio ambiente não há mais governo no mundo que tire um povo do atraso, da corrupção e da miséria mais aboluta, a que vem da perda dos requisitos básicos de qualquer existência.


Em resumo: Marina Silva é o que faltava nesta eleição para o Brasil escolher outro presidente. Seja quem for esse outro presidente.

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