sábado, 22 de agosto de 2009

Dia Nacional do Folclore, no Cariri


O Cariri é o caldeirão do folclore nordestino. Os municípios do Crato, Juazeiro e Barbalha receberam as influências de milhares de nordestinos que aqui aportaram, tangidos pela seca, em busca das fontes perenes, que jorram do pé da serra, ou arrastados pela fé no Padre Cícero. Essa miscigenação, mistura de raças, de povos de diferentes etnias, deu origem à "Nação Cariri", um conjunto de manifestações que deu personalidade à região. O Crato, especificamente, herdou um legado de tradições, ainda hoje cultuadas pelos seus filhos. A cultura cratense é uma das mais características do Nordeste brasileiro. Conserva muitas das suas raízes ainda puras, herdadas da cultura do couro, introduzidas pelos colonizadores baianos, que não eliminou o nativo, assimilando seus costumes.

"Poucas regiões conservam genuinamente o folclore como o Crato", disse o folclorista J. de Figueiredo Filho. Essa expressão se manifesta em cada aspecto de vida, na língua, nas instituições, no cotidiano social, produtivo e nas suas personalidades, no jeito cratense de ser.Na cidade do Crato, encontram-se bem definidas as manifestações populares e eruditas, clubes e agremiações literárias do primitivo ao científico: o maneiro pau, a banda cabaçal dos Irmãos Aniceto, os reisados dos mestres Aldemir e Mazé de Luna, as renovações nos pés-de-serra complementam a identidade cultural da cidade.

Hoje, quando se comemora o Dia Nacional do Folclore, a cidade se transforma num arraial de manifestações populares. Cerca de 38 grupos folclóricos participarão de um desfile que termina na Praça da Sé, com a hasteamento do pau da bandeira, abrindo oficialmente a festa de Nossa Senhora da Penha, Padroeira do Crato e da Diocese.

Em meio às danças, emboladas, toadas e cantos folclóricos, bancas de comidas típicas se espalham na praça, oferecendo mungunzá, vatapá, baião-de-dois, paçoca, galinha caipira e outras iguarias típicas da culinária regional.

É o encerramento do 32º Festival do Folclore, promovido pela Fundação Cultural Mestre Eloi, um radialista que levantou a bandeira do folclore regional. Hoje, esta bandeira está sendo empunhada por seu filho, Catulo Teles, que traz, no sangue e no coração, o amor às tradições populares.

Catulo ressalta que o Cariri é uma região povoada de mitos. Um exemplo são as lendas sobre a pedra da batateira, a mãe d´água, lobisomens, caiporas e outras narrativas que procuram explicar os principais acontecimentos da vida, os fenômenos naturais, as origens do mundo e dos seres humanos, por meio de deuses, semideuses e heróis (todas criaturas sobrenaturais). É muito comum, na história da humanidade, as pessoas, em todas as culturas, buscarem explicações "mágicas" para os acontecimentos que não entendem. "Assim, os mitos estão presentes no nosso dia-a-dia, nas nossas crenças, mesmo que a gente não pense muito sobre isso", afirma o folclorista.

Em Juazeiro do Norte terminou, ontem, no Teatro Marquise Branca, a Semana do Folclore voltada para as crianças dos pólos de atendimento dos bairros João Cabral, Timbaúbas, Horto, Comunidade AABB e Admirável Trupe. Durante a semana, foram realizadas apresentações artísticas, folclóricas e exposições de trabalhos artesanais feitos pelas crianças dos pólos de atendimento. O evento, promovido pela Secretaria de Assistência Social e Cidadania (Seasc), teve o objetivo social. A entrada foi paga com um quilo de alimento não perecível.

Reportagem de Antonio Vicelmo para o Caderno Regional do jornal Diário do Nordeste.

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