terça-feira, 11 de agosto de 2009

O fiasco do petróleo verde

Pequenos agricultores que apostaram na mamona estão na miséria. A empresa símbolo do biodiesel, a Brasil Ecodiesel está praticamente falida. E o Presidente Lula deixou de insistir tanto no assunto. No Estado do Piauí a situação sócio economica resultante é gravissima: a produção nunca avançou, a produtividade da mamona nunca evoluiu nestes cinco anos após o início do Programa Nacional de Biodiesel, o desmatamento e a produção ilegal de carvão aumentaram na região, o trabalho infantil aumentou, os plantadores estão vivendo do Bolsa Família.

As cinco usinas de produção da Brasil Ecodiesel, se transformaram em meros atravessadores. Compram mamona para garantir presença nos leilões da ANP, mas não aproveitam para produzir o biodiesel, pois é mais rentávem o produzir com soja e revender a mamona para a indústria química. 71% do biocombustível é produzido a partir da soja e o restante do algodão e do sebo animal. E mesmo com todo o apoio governamental e da Petrobrás Biocombustível, em todas as unidades a produção limitada e algumas estão com as atividades suspensas. A usina de Cratéus, no Ceará está com suas atividades suspenas e sem previsão de voltar a funcionar a curto e médio prazo.

Por causa do fracasso da programa de plantio mamona através da agricultura familiar para produção de biocombustível, o governo federal resolveu dar uma nova orientação ao programa de biodiesel e aumentou a participação da Petrobrás no setor que em menos de um ano inaugurou usinas na Bahia, no Ceará e em Minas Gerais. E mais recentemente o gestor da Petrobrás Biocombustível Miguel Rosseto foi orientado pelo próprio Presidente Lula a criar uma empresa de biodiesel em cada Estado do Nordeste.

Nos discursos, o entusiasmo com o assunto está arrefecendo. Em 2005, o Presidente Lula citou a palavra "mamona"92 vezes. No ano passado, a mamona só apareceu nos discursos do Presidente 16 vezes e neste ano a citação só alcançou 13 vezes. O "petróleo verde" secou. Restaram o desmatamento, a produção ilegal de carvão vegetal, a predação ambiental, a contaminação dos recursos hídricos, como no caso da bacia hidrográfica do Rio Poty, nos Estados do Ceará e Piauí e, a miséria do sertanejo que acreditou nas proposições sem sustentabilidade.

Extensa reportagem da revista ÉPOCA. Vale a pena conferir.

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